Artes

Família estaciona motorhome na Afonso Pena com café e troca de arte por comida

Adriano Fernandes | 05/04/2016 06:56
O motorhome de família, que nunca pegou a estrada se tornou ponto de cultura gratuito, aos finais de semana. (Foto: Fernando Antunes)
O motorhome de família, que nunca pegou a estrada se tornou ponto de cultura gratuito, aos finais de semana. (Foto: Fernando Antunes)

Do motorhome que pouco saia da garagem, para uma grande aventura artística na Afonso Pena. Com artes plásticas, doação de livros e boa música, para quem quiser ouvir e até tocar, os altos da avenida virou o destino certo do ônibus “Caravelle de Reves”, sempre nas manhãs de domingo.

A ideia do projeto é recente, surgiu há pouco mais de um mês, por iniciativa do músico Kayo César de Oliveira, de 26 anos e da mãe, a artista plástica Érica Rando de Oliveira, de 52. Há aproximadamente seis anos, eles compraram um ônibus, que foi transformado no motorhome da família.

Kayo é músico e a mãe é artista plástica. Foi ideia dos dois criar o projeto. (Foto: Fernando Antunes)

“Mas a reforma só foi concluída no final do ano passado e, como sempre viajamos muito pouco, ele continuou ficando´encostado' na garagem”, brinca Kayo. Desde então, ele e a mãe, pensam em como encontrar uma nova utilidade para o ônibus. A inspiração estava, justamente, na veia artística dos dois.

“Nós sempre sentíamos a falta de um ponto de encontro onde músicos e artistas, pudessem se reunir e qualquer pessoa também pudesse ir apreciar esse tipo de trabalho. Então decidimos unir um pouco do que a gente sabe fazer e partimos para rua, para ver o que acontece”, comenta.

O “Caravelle de Reves” também tem o apoio do pai, Rovilson César de Oliveira, de 56 anos, e da irmã, Monise Gabriela de Oliveira, de 25. “Ela cuida mais da parte logística, quanto a estrutura ou qualquer item que venha faltar. Meu pai fica responsável pela parte de manutenção e do próprio transporte no motorhome”, explica.

Em português, o nome do projeto também é o apelido do motorhome, significa Caravela dos Sonhos, uma homenagem à descendência francesa do pai. “Mas também uma forma de conduzir o público sobre os caminhos que a arte pode proporcionar”, completa.

O estacionamento do Parque das Nações Indígenas é o ponto certo do motorhome nas manhãs de domingo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Do MPB a cover dos Beatles os cantores, as apresentações são abertas ao público. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os encontros acontecem sempre aos domingos, a partir da 7 horas da manhã, com opções de práticas artísticas e musicais. À disposição de quem chega, ficam os instrumentos, desde o violão e o violino, até saxofone. Quem preferir, pode levar um próprio instrumento de casa.

Para quem não quiser se arriscar nas notas musicais, Kayo adianta que ele e alguns músicos parceiros e amigos aproveitam para tocar e têm um repertório grande, com clássicos do Tom Jobim até cover dos Beatles.

Entre as árvores, o varal do Fio do Conhecimento tem dezenas de livros pendurados para troca.

Nas artes plásticas, o público encontra telas, para que qualquer um possa chegar e pintar. Mas são mesmo as crianças que mais usam a criatividade.

As obras feitas por Erica também ficam em exposição e são trocadas por cestas básicas. “A pessoa pode escolher o quadro e trazer a cesta básica no domingo seguinte. Funciona na base da confiança, justamente, para conscientizar as pessoas sobre o conceito de filantropia”, conta Kayo.

As cestas arrecadadas são doadas para instituições como Centro Espirita Obreiros do Bem, o asilo Casa de Abrão e a AACC (Associação Amigos do Câncer).

Quem quiser expor suas obras, tocar um instrumento ou apenas tomar um cafézinho, o motorhome fica estacionado nos altos da Avenida Afonso Pena, próximo a rotatória do Batalhão de Choque, no estacionamento do Parque das Nações Indígenas, sempre aos domingos, das 07h até o 12h30.

Outras informações pelo 9172-6886 ou 9912-7284.

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Qualquer um pode chegar e tocar um instrumento, do violão ao violino. (Foto: Fernando Antunes)
Por dentro, o ônibus adaptado é igual aos convencionais motorhomes mas nunca pegou a estrada. (Foto: Fernando Antunes)
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