Artes

Em roda de percussão, gerações se encontram para fazer som brasileiro

Naiane Mesquita | 30/05/2015 07:23
Primeira roda de percussão tem clima de improviso (Foto: Fernando Antunes)
Primeira roda de percussão tem clima de improviso (Foto: Fernando Antunes)

A roda começa devagarinho. O primeiro a chegar é o professor Caio Ignácio, um dos idealizadores do movimento. Ele arruma alguns instrumentos, testa os batuques de cada canto do palco, pequeno e centralizado no meio do salão. Não demora muito para os companheiros chegarem, alguns tímidos, outros entrosados, mas todos com um só objetivo: fazer um som de raiz.

O projeto Roda de Percussão - O Som dos Tambores começou na noite de quinta-feira, na sede da Associação Miguel Couto, em Campo Grande. O evento integra um movimento nacional pela valorização da percussão no País, um som tipicamente brasileiro, mas genuinamente africano.

Lorena aceitou o desafio e se juntou a roda, apesar de ter apenas 4 anos

"Nós começamos a conversar em vários Estados sobre a valorização da percussão e a movimentar a cena em várias vertentes. Em São Paulo e outras cidades, estão acontecendo workshops e cursos", pontua Caio.

Em Campo Grande, por enquanto, a ideia é realizar os encontros com instrumentistas da cena local, uma vez por mês, e no futuro promover workshops. "A percussão é renegada a um segundo plano nas bandas do País e isso não deveria ser assim. O som dos tambores, da percussão foi o primeiro som do Brasil. Queremos fazer essas reuniões, esses workshops e traçar um perfil desse trabalho no país", explica.

Ao lado de Caio, quem comanda a roda também é o professor de música Edson Nesk, que acabou de montar a Escola de Curimba, com aulas de percussão para adultos. "Ele traz esse projeto, O Som dos Tambores, de São Paulo e eu falei com ele sobre a escola e juntamos as iniciativas. Aproveitei os alunos da escola e veiculando só nas redes sociais", comenta sobre a divulgação do encontro.

De origem carioca, mas, segundo ele, "cidadão honorário" de Campo Grande, Nesk diz que agora o próximo passo é criar o Curimba Kids.

"Sou músico profissional há 22 anos, cansado da noite, de estresse, de show, estava buscando ideias e a percussão, ela é apaixonante, tive a ideia de dar aulas e comecei com aulas particulares e fui para a psicopedagogia musicalizada".

Edson Nesk montou uma escola de percussão para fugir do estresse da noite campo-grandense

Para ele, os batuques teriam o poder de transformar as crianças e o estresse do dia a dia. "Os alunos foram aumentando em número, fomos tendo a ideia e o prazer de aliviar o estresse do dia a dia na percussão e entre uma conversa e outra, eles pediram para ter aulas para as crianças, até para trazer os filhos", relembra.

Se depender da opinião da pequena Lorena Ohara Pironato, 4 anos, uma das primeiras a chegar na festa, a diversão com os tambores é garantida.

Correndo de um lado para o outro, a curiosidade a fez tocar quase todos os tambores e investir em uma música no microfone. "Ela adora, sempre que dá e a mãe dela deixa eu trago ela para esses eventos. Hoje está tudo maravilhoso, adorei a ideia, quanto mais música, melhor", brinca o pai de Lorena, o flautista Bruno Pironato.

A Roda de Percussão acontece uma vez por mês na rua Joaquim Murtinho, 2204. 

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