Artes

Em festival onde marionetes ganham liberdade, criança nem pisca o olho

Paula Maciulevicius | 25/08/2013 07:02
Espetáculo peruano “Pequenos Contos” de Hugo e Ines: técnica é simples, apenas os atores e muita coordenação motora. (Fotos: Marcos Ermínio)
Espetáculo peruano “Pequenos Contos” de Hugo e Ines: técnica é simples, apenas os atores e muita coordenação motora. (Fotos: Marcos Ermínio)

Parque lotado, diversas atrações e um público de crianças a adultos que nem piscavam. No palco, os bonecos ganharam liberdade em Campo Grande e arrancaram aplausos de pé. Começou neste sábado e continua hoje o Festival Sesi Bonecos do Mundo edição 2013 e já que cultura não tem preço, toda programação é de graça.

A estrutura é de encher os olhos. São três palcos e mais estandes espalhados pelo parque com mostras e espetáculos menores. Por todo canto, gente grande que voltou a ser criança diante das apresentações. É que são tantos detalhes que às vezes se acredita não ser possível que todos os movimentos e expressões sejam apenas bonecos guiados pelas mãos de verdadeiros artistas.

O festival trouxe apresentações de sete países. Uma delas, foi o espetáculo peruano “Pequenos Contos” de Hugo e Ines. A técnica é simples, apenas os atores e muita coordenação motora.

Em 1hora de show, o casal interpreta vários personagens com as mãos, joelhos e até a própria barriga entra em cena. Nos momentos de vida no palco, eles capturam os pequenos momentos poéticos escondidos no cotidiano. Sonhos, frustrações, sucessos e fracassos. Por trás da diversão, quem consegue, interpreta a densidade do espetáculo na narrativa do eterno drama ‘tragicômico’ que é a vida humana.

 

Eduarda, de 3 anos, só tinha olhos para a alegria dos bonecos no palco.

Com os olhos literalmente vidrados no palco, Eduarda de 3 anos só balançava a cabeça pra dizer que estava gostando e claro, arregalou os olhos quando a gente perguntou o que ela acharia da boneca que tem em casa ganhar vida. Para a pequena, tudo não passa de brincadeira.

A mãe, engenheira agrônoma Elise Galvão, de 33 anos, aplaudiu mais do que o show, a iniciativa. “É uma forma de incentivar a cultura e despertar a imaginação que faz parte da infância”, comentou.

O espetáculo que roubou a cena foram as sombras de mão da companhia Kakashi-Za, do Japão. É nessa hora que quem ainda não voltou aos tempos de criança, se lembra de qualquer brincadeira em meio à sombra. Há quem nunca conseguiu fazer nem se quer um pássaro. E é 1h de show que a brincadeira dos pequenos volta à cabeça numa performance inacreditável.

Pato, elefante, girafa, coruja, galo e tudo o que a imaginação conseguir identificar. São silhuetas e figuras de animais que ganham vida pelas mãos dos artistas.

Na caixa fotográfica, a bailarina que pode fugir da repetição de rodar e rodar dentro da caixinha de música.

O festival como um todo merece visita. Mas tem um espacinho ao lado do palco 1 que é de encher os olhos. A caixa fotográfica é uma réplica de uma caixinha de música. Por dentro toda vermelha, luzinhas pela cabine e um palco onde está ela, a bailarina que dança no ritmo da caixinha.

Presa à engrenagem cristalizada, a boneca que roda, roda, roda, sem jamais sair do lugar, tem no Bonecos do Mundo, a chance de fugir desse ciclo de repetição. Pelas mãos de quem participa ela pode trocar o movimento da engrenagem pelas cordas de um marionetista libertário. O espírito do Festival está ali. Liberdade para os bonecos e também para si.

A programação continua neste domingo. O Lado B só dá uma dica, as exposições e mostras como a caixa fotográfica tem senhas distribuídas para cada sessão. A fila pode até desanimar, mas vale, e muito, à pena.

A partir das 16h30, com a performance entre o público de Torres Andantes (MG). Exposição Títeres dos Quatro Cantos do Mundo (RJ). Apresentações dos mestres Zé de Vina, Chico Simões, Saúba e Tonho dos Pombos. Espetáculos Caixa de Música e Circo Minimal (RS) na Tenda Teatro.
17h – Circo dos Fios (Rússia)
17h – Mão Viva (Itália)
17h – Bonecrônicas (RS)
18h – Animação Suspensa (EUA)
19h – O Milagre do Santinho Desconfiado (RJ)
20h – A História de Dallae (Coreia)

Em meio às apresentações, há também a casa dos bonecos, pra se ver de pertinho o que encanta no palco.
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