Artes

Diretor aposta em comédia romântica para falar de homofobia e intolerância

Elverson Cardozo | 25/03/2015 06:28
Equipe de "Não me Lembro". (Foto: Divulgação)
Equipe de "Não me Lembro". (Foto: Divulgação)

Um comédia romântica que fala sobre homofobia e intolerância. “Não me Lembro”, novo curta-metragem do diretor Fábio Fecha, de Campo Grande, discute isso a partir de Téo, um arquiteto gay, bem sucedido profissionalmente e casado, que sofre um acidente de carro e perde parte da memória.

Quando acorda, ele não se lembra da própria orientação sexual. Aproveitando a situação, os pais e uma amiga de infância tentam, então, fazer com que ele volte a ser hétero, “um machão de carteirinha”. O marido, ao contrário, faz de tudo para que ele se de conta de que sempre foi homossexual.

O problema é que todos exageram na dose. Fábio não revela, ainda, como esse exagero ocorre, mas diz que o curta, que terá 23 minutos e classificação indicativa de 14 anos, faz, também, uma crítica ao egoísmo. “Egoísmo na hora em que decidimos o que é o certo para a vida de outra pessoa”, explica.

Ele se baseou, em alguns momentos, num comentário de Drauzio Varella sobre homofobia. Na ocasião, o médico oncologista disse, relembra, “que as pessoas se importam com que o vizinho faz em casa, mesmo que isso não interfira no dia-a-dia deles”.

Filme tem cena de tango. (Foto: Divulgação)

O acidente de Téo, e a consequente perda de memória, é apenas um motivo para tratar de um assunto bastante atual. A ideia do argumento, conta, é de Bruno Moser, que interpreta o arquiteto.”No começo eram situações de comédia que chamaram a atenção, mas, a medida que estudava o assunto, percebi que o tema preconceito está tomando proporções partidárias. Nos sentimos na obrigação de ir à fundo no tema”, afirma.

Ir à fundo não apenas para falar de preconceito, mas de egoísmo, volta a dizer, “em relação aos gêneros de outras pessoas”. “Apontar o dedo e dizer que fulano deve ser assim ou assado é muito fácil. Difícil e ver o ser humano e suas escolhas pessoais”, considera.

Para construir a história e os personagens, o diretor pesquisou, primeiro, sobre a perda de memória por trauma e, depois, buscou referências em obras famosas. Um delas vem do filme “Amante a Domicílio”, de John Turturro. As gravações começaram em Dezembro. O bairro Carandá Bosque serviu de cenário. A Esplanada Ferroviária também. Todas as locações são em Campo Grande.

“As cenas principais entre a família, o marido e amiga apaixonada são bastante densas”, dispara. “Não me Lembro” trata, segundo ele, de um assunto polêmico, mas com sutileza, tanto é que tem espaço até para o tango.

Um trabalho como esse exige cuidado especial, afirma Fábio. É por isso que ele está trazendo para Campo Grande o diretor André Siqueira, que faz parte da nova geração da Rede Globo, para preparar os atores. Ele, André, aproveita para oferecer um workshop de interpretação para cinema, TV e publicidade em Campo Grande (para saber mais, clique aqui).

Há outro detalhe, que diz respeito à qualidade. “Estamos gravando em 4k. […] É uma imagem quase 4 vezes maior e com mais qualidade que o HD. É muito mais definição. É a mesma qualidade que a Globo usa hoje em dia”, valoriza.

"Não me Lembro" deve ser finalizado até maio. A previsão de lançamento é em junho. A ideia é levar o público para o cinema.

Ficha técnica

Elenco: Bruno Moser, Leandro Marques, Prisicila Godoy, Espedito Di Montebranco, Jurema de Castro, Beth Terras, Andersom Black, Renata Macedo e Leandro Farias.
Coregrafia: Ana Carolina Brindaroli
Musica: Aires Gonçalves
Arranjo: Adilson Big
Direção: Fabio Flecha/ Produtora: Tania Sozza / Argumento: Bruno Moser
Roteiro: Fabio Flecha e Edson Sampaio
Fotografia: Camila Machado e Steffany Santos

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