Artes

Depois de muita curiosidade, Mariksa transformar placenta em arte e adubo

Além de quadros, placenta serve como adubo ou até alimento para as mulheres

Thailla Torres | 15/10/2017 07:10
Mariksa Ungerer, que transforma a placenta em um presente para as mães assistidas. (Foto: Marcos Ermínio)
Mariksa Ungerer, que transforma a placenta em um presente para as mães assistidas. (Foto: Marcos Ermínio)

Depois da polêmica envolvendo a ideia de comer a placenta após o parto, como fez a apresentadora Bela Gil, a novidade agora é transformá-la em arte. Em Campo Grande, a prática agradou a doula e psicóloga Mariksa Ungerer, que transforma a placenta em um presente para as mães assistidas que cada vez mais querem guardar de lembrança cada pedacinho desse momento.

Tudo começou pela curiosidade sobre a placenta. "Porque nunca tive acesso a ela. Na maternidade, eles pegam, retiram e já levam. Por isso eu passei a perguntar as mulheres se ela tinham vontade de olhar a placenta delas. E percebi que todas tinham curiosidade", explica.

(Foto: Marcos Ermínio)

O primeiro passo é ter todo cuidado com o orgão. Usando luvas, em local seco e arejado, cuidadosamente, Mariksa faz a limpeza e deixa secar. "Retiro todo aquele sangue e deixo que ela fique pronta para ser carimbada no papel".

Por enquanto a psicóloga não fez nenhuma obra usando o próprio sangue da placenta. "Eu uso tinta. Depois de limpa, eu passo tinta e carimbo na folha ou na tela. Quando está pronto, eu dou de presente para a mãe".

Depois de fazer os quadros, a mãe que não tem interesse de ficar com a placenta, acaba doando para fazer adubo. "Meu marido fez um jardim lindo, onde usamos a placenta como adubo e cada dia que passa, as flores estão mais lindas"

Atualmente, muitas mulheres procuram Mariksa falando da vontade  de comer a placenta. "Eu não posso fazer isso porque não tenho nenhuma preparação para isso. Mas de uma forma muito ritualística e com sensibilidade, eu faço no papel, uma obra de arte que significa a primeira árvore da vida de uma mulher".

No primeiro momento, o assunto soava estranho para algumas mães, mas com o tempo, a maioria já se adaptou a ideia. "Conheci uma pessoa em São Paulo, foi ao Paraguai e descobriu que lá tem uma rede mulheres que só trabalham com a placenta. Hoje, em São Paulo, em todos os partos, as mulheres querem saber dela e fazem questão de valorizar isso. Aqui também está aumentando cada vez mais".

Por isso, para Mariksa, além de uma lembrança, a placenta carrega um valor sobre a vida. "Tudo é com base na relação que ela significa. Porque quando fazemos a preparação da gestante, a gente fala que existe um orgão importante que protege esse bebê e ele é a placenta. Então é extremamente importante e natural que as mulheres se importam, questionem e queiram ver a placenta quando o bebê chega. É uma relação emocionante", descreve.

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