Artes

Criador do "Abril Pro Rock" fala sobre caminhos para cidade ganhar um festival

Paulo André está em Campo Grande para ciclo de palestras do projeto MS Música 2020

Thaís Pimenta | 05/04/2018 07:37
Paulo André Pires foi produtor do músico referência no movimento Manguebeat , Chico Science. (foto: Saul Schramm)
Paulo André Pires foi produtor do músico referência no movimento Manguebeat , Chico Science. (foto: Saul Schramm)

Paulo André Pires, é um cara com a experiência de mais de 25 anos com seu próprio festival de rock em Salvador, o Abril Pro Rock, além de produtor musical do movimento Manguebeat que deixou um legado de ouro e escreveu o nome Chico Science na história da música brasileira. Mas o curriculo segue forte, como coprodutor do Porto Musical, conferência internacional de música e tecnologia desde 2005, fundador e ex-presidente da FBA (Festivais Brasileiros Associados), Sócio da Astronave Iniciativas Culturais e Curador do Projeto Pixinguinha.

Com tanta coisa para ensinar, Paulo André está em Campo Grande para falar sobre o que é preciso para fazer e manter um festival independente que fortaleça a cena autoral da região.

O convite partiu do também produtor e empresário Demetrius Hernandes, responsável pelo projeto MS Música 2020, que tenta fortalecer as bandas locais. "Esse projeto já existe pra mim desde 2015. A intenção inicial era discutir um lado mais específico da carreira de um músico, coisas práticas sobre como se administrar, gerir aquilo tudo. Mas notei que a galera já sabe, ou já tem uma noção básica disso. Então, naturalmente o MS Música 2020 foi mutando até chegar na cara de hoje". Aprovado pelo FIC (Fundo de Investimentos Culturais), a entrada nas palestras é gratuita. 

Ainda de acordo com Demetrius, não se sabe o que o MS Música 2020 vai se tornar depois de acabada essa primeira fase. "Montar um festival pode ser uma opção interessante, levando em consideração que tivemos o último independente, o Fogo do Cerrado, em 2011. Precisamos ver como será esse intercâmbio de ideias com os músicos que vão participar dos debates pra só aí estudar o caminho mais viável pra todo mundo. Nossa vontade é exportar os nossos músicos, mostrar pro mundo o que temos de melhor".

Equipe do MS Música, com Demetrius (esquerda, acima), Jorge (esquerda e abaixo) e Paulo (a direita). (foto: Saul Schramm)

Se depender do otimismo de Paulo André, não falta muito para um festival ocorrer por aqui. Ele avalia que Campo Grande tem capacidade, mas precisa receber um festival que se preocupe em valorizar os músicos, sem pensar em lucro. "Quem entrar nessa pensando em grana vai ter prazo de validade", dispara o produtor baiano.

Numa reflexão sobre as gerações e suas diferenças, ele pontua que algumas fusões podem ser interessantes para atrair mais gente e levar a garotada com menos de 25 anos para um show de artistas da cidade. "É fato comprovado: a maioria dos jovens de hoje em dia prefere ir a uma balada para dançar do que ir a um show de uma banda independente. Eu vi recentemente um festival pelo Brasil em que as bandas se apresentavam e, no intervalo, um DJ subia em sua cabine para tocar. O público mudava a cada momento e funcionava numa boa", pontua Paulo.

Para ele, Campo Grande se assemelha ao momento que Salvador passava há 26 anos, quando uma minoria se interessava pela música, pelo rock, pelo pop rock e suas vertentes, enquanto que uma maioria era influenciada pela modinha do axé. "O Abril Pro Rock nasceu quase que junto a primeira micareta da cidade e tinha público para as duas coisas. Aqui eu enxergo vocês clamando por um festival independente, que lhes tire do grande hit do momento que é o sertanejo", finaliza.

Palestras e ações - O “MS Música 2020 – Preparando o Cenário Musical do Mato Grosso do Sul para a próxima década”, segue com as palestras de Paulo hoje e amanhã, com os temas “Brasilidade e o Cenário Internacional” e “Fortalecendo o cenário musical local”, respectivamente, sempre ás 19h no Museu da Imagem e do Som. 

No próxima semana, Rodrigo Faleiros ministra uma oficina de composição musical nos dias 10, às 19h, e 14 de abril, às 15h. Já nos dias 12 e 13, acontece a oficina de Composição de Letra de Música com Carlos Rennó, letrista de música popular e produtor artístico.

Ainda hoje, às 21h, as bandas The Fingers, Toca Fitas, Os Alquimistas e Intervenção fazem um showcase no Resista Bar. Amanhã é a vez das A Velha Carne, Vídeo Sonic, Peixes Entrópicos e Macumba pra Gringo se apresentarem no Drama.

No sábado, 7, Paulo realiza uma mentoria artística para bandas, produtores e afins no Marco (Museu de Arte Contemporânea). E no dia 8, domingo ele vai até Dourados ministrar uma palestra que dá início ao Grito do Rock, no Teatro Municipal. Para saber mais acesse o link.

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