Artes

Com dança e circo, atores apresentam saga de quem não consegue seguir viagem

Ângela Kempfer | 10/05/2014 07:51
A peça foi concebida pelos próprios atores Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues. (Fotos: divulgação)
A peça foi concebida pelos próprios atores Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues. (Fotos: divulgação)

Malas cheias nas mãos de 2 pessoas com dificuldade para seguir viagem são as fontes para um "improviso" ensaiado no espetáculo “Homens de Solas de Ventos”. Com circo e dança, não há texto falado entre os dois atores no palco, só movimento.

Prestes a embarcar, eles ficam retidos na alfândega e começa então a transformação dos personagens. A trilha vai encadeando as cenas, mas são os objetos que pontuam o espetáculo que integra o projeto Palco Giratório e será apresentado hoje, de graça, em Campo Grande.

Retalhos em uma das bagagens, por exemplo, viram cordas e depois ganham cabos de vassoura para serem usados como trapézio. A dupla fica suspensa, em lados opostos do palco, sentados sobre as malas que parecem flutuar.

E quando todo mundo pensa que é só um espetáculo de beleza e acrobacias, as indicações se viram para um debate sobre o que é ser latino, o que é ser europeu e todo o preconceito que tal diferença estabelecida pode significar.

Outro elemento importante é a iluminação e o som de uma sirene, que simbolizam a marcação cerrada do órgão de vigilância para verificar se os dois homens estão se comportando na sala isolada.

Em um dos trechos, Ricardo, um viajante negro, é levado por policiais e acaba espancado, o que muda a personalidade do personagem a partir dali.

A peça foi concebida pelos próprios atores Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, que já enfrentaram experiências desagradáveis em aeroportos mundo afora. Os dois criaram a Cia Solas de Vento, em São Paulo, e nos dias que antecederam a apresentação, os ministraram oficinas sobre Dramaturgia Corporal.

O espetáculo será neste sábado, às 20 horas, no Teatro Prosa, do Sesc Horto, com entrada franca.

Atores sobre as malas suspensas no ar.
E ficam até de cabeça pra baixo.
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