Artes

Aos 46, Nuno não desiste da música mesmo ouvindo não ter idade para o sucesso

Thailla Torres | 11/12/2016 08:46
Cantor e compositor desde a infância, Nuno se dedica as canções românticas em todo seu repertório. (Foto: Alcides)
Cantor e compositor desde a infância, Nuno se dedica as canções românticas em todo seu repertório. (Foto: Alcides)

Persistência é marca registrada do cantor Nuno Baes. Aos 46 anos, o homem que começou ainda pequeno no mundo da música, persiste na busca pelo reconhecimento de sua arte, mesmo depois de muito 'não'. Visto em bares, supermercado e hotel na cidade, é assim que ganha vida, mesmo longe do sonho de se tornar um popstar.

Nuno nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, mas passou parte da vida em São Paulo onde conheceu os caminhos da música. O primeiro contato foi na infância em uma apresentação de escola, inspirado no astro Elvis Presley.

"Teve uma festa na escola e o professor disse que cada um faria uma apresentação. Escolhi cantar. Vivia assistindo filmes de musicais. Decidi que dublaria Elvis. Mas na hora, o microfone ficou ligado e comecei a cantar em cima do disco e todo mundo acabou gostando", recorda.

Já ouviu muito não e até que não tem mais idade para ser um pop star, mas ele não desiste. (Foto: Alcides Neto)

Curioso, Nuno chegou a aceitar convites para festas fora da escola. "Tinha pais que me chamavam para dublar Elvis", lembra.

Até que um restaurante em São Paulo abriu portas para que se encontrasse de uma vez no caminho da música, aos 13 anos. "Cheguei no lugar sem nenhum medo, puxei o paletó do maître e pedi para cantar Altemar Dutra. Acharam que não daria conta, mas subi no palco e fiz".

Depois do primeiro contato, Nuno persistiu. Referências ele já tinha aos montes, mas lhe faltava conhecimento sobre o universo musical da época. "Cresci ouvindo música brasileira e italiana. Meu avô trabalhava intermediando comércio com embaixadas no Brasil, então ouvia de tudo um pouco em casa. Da música árabe à francesa", lembra.

Pela inexperiência de garoto, precisou ralar na época para conquistar um mundo tão concorrido. "Não tinha muita noção, confesso, mas eu sabia o que queria, porque me identificava e me fazia bem.

Foram 20 anos morando na cidade paulistana e o gosto pela escrita desde pequeno. Característica que ele atribui à vasta capacidade de compor então pouco tempo. Hoje Nuno diz que compôs cerca 2,4 mil músicas. "De certa forma encontrei meu caminho. Depois me identifiquei com os instrumentos, melodia e harmonia. Persistia para os amigos me ensinarei a compor as melodias, já que sempre escrevia as canções".

Nuno já tocou em festas ciganas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Tocando ao lado do filho mais velho na Capital.

Nuno chegou a trabalhar em teatro para ganhar reconhecimento na música. Conseguiu destaque, viajou para França, Itália, Portugal e Espanha. Mas acabou voltando para o Brasil longe de se tornar um popstar, título que um dia foi a meta, mas que hoje ele jura não desejar mais.

Não desiste da música por amor e ainda pretende ver uma de suas composições reconhecida no país. "Continuo batalhando, já mandei música minha para Fábio Junior, Bruno e Marrone, Cristian e Ralf", conta.

O gênero, segundo ele, é puro romantismo. Com influência do MPB e as vezes o reggae. "A primeira música que fiz chamava Beijo Doce, era um poema que fiz para uma menina que conheci na escola. Adolescente, tinha sempre uns poemas envolvendo sentimentos. Lembro que foi um amigo que colocou a melodia", recorda.

Casado e pai de 4 filhos, Nuno é um artista dedicado à família, que anda ao lado nos sonhos. Ele conta que já teve oportunidades de sair do cidade, mas não aceita ir embora sem levar a família junto, o que para ele é o mais importante. "Ouço muita coisa, mas acho que cada cabeça tem sua sentença. É claro que se surgisse uma oportunidade boa em que coubesse minha família, eu iria sem pestanejar. Mas tem que incluir eles, senão eu estou fora", afirma.

"Porque música é um vício, te constrói..." (Foto: Alcides Neto)

A decisão é por conta das dificuldades em uma profissão concorrida, onde já ouviu muito não que não tem mais idade para chegar ao sucesso. "Há muitos músicos e instrumentistas bons, mas é um mercado, do qual quem está lá em cima, não abre portas para quem ainda está tentando. Eu não tenho mais a pretensão de virar popstar, mas o mercado fala que eu já não tenho mais idade pra isso. Mas quero ser reconhecido como compositor, porque nas minhas letras eu sei que tem algo que vale a pena", acredita.

Ele conta que também já sofreu a pressão de não chegar ao estrelato. "Já me deu uma doidas e queimei uma caixa de música. Levei para o quintal de casa e coloquei fogo. Pensando que tudo isso não me levaria a lugar algum. Mas, hoje acredito que conquistei muita coisa. Tenho minha família e calmaria. Porque música é um vício, te constrói e nunca fui de desistir de nada", reconhece.

Quem quiser conhecer o trabalho de Nuno Baes pode acessar a página do Facebook e o cantor estará se apresentando no dia 18 de dezembro em um show na Concha Acústica Helena Meireles, a entrada é de graça. 

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