Anfitriã, Ana Ruas abre ateliê para live com artistas nesta sexta

Parede branca me provoca e me atiça
Com respeito, peço licença à imaculada cor!⠀
Negociamos matizes, nem mais, nem menos! Só um tiquinho!⠀
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Verdinhos debutam na calçada, na parede, um de cada.⠀
Buscam um rasguinho e se espalham, formam mapas.⠀
Sigo a trilha, semeio matinhos e rego com as lágrimas.⠀
Se choro, é de encantamento.⠀
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Encontro vestígios do tempo, emudeço.⠀
Encontrei um tesouro, um desenho na fissura.⠀
E, no canto, plantei um tronco.⠀
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Azul, sem nuvens.⠀
Meus olhos piscam! Gosto disso!⠀
Do alto da escada, eu grito com as araras!⠀
Estou rindo à toa!⠀
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Na minha árvore e, apareceu um bem-te-vi que ⠀
Me ensinou a usar o amarelo.⠀
Grata, respondi:⠀
Eu te ouvi, EU TE OUVI, fique aqui!⠀
Você me conquistou, cuide da casa 8.
Ana Ruas.

Os versos acima completam a intervenção pictórica que leva a assinatura de Ana Ruas. No próprio muro do ateliê, a aniversariante do dia comemora uma pintura, a primeira feita na fachada.

Desde que abriu o Ateliê Ana Ruas em Campo Grande, na casa de número 8, numa das últimas ruas do bairro Tayamã Park, a artista plástica já tinha a vontade de dar cor ao muro. Foram nove anos até isso acontecer. 

 "Organizei muitas coisas do ateliê. Desengavetei vários projetos, e uma das coisas que eu sempre quis fazer foi a pintura da fachada", conta Ana. 

Dentro do ateliê, onde é o refúgio e santuário da artista, Ana Ruas conseguiu pensar e lincar a obra lá fora, no muro, com a arte de dentro. "Consegui dialogar com o que eu estava fazendo nas telas, o que minhas propostas atuais estavam discutindo". 

É sobre essa intervenção, concluída no último domingo, que Ana Ruas conversa hoje, em uma live, com o artista-mestre Humberto Espíndola, o músico Márcio de Camillo, a ambientalista, bióloga Mariana Rondon, e a galerista da artista Gorete Thorey, da Viathorey Galeria.

Esta será a primeira de uma série de lives que serão feitas a cada dia 26 do mês. "Escolhi fazer hoje, porque é uma data especial para mim, e a gente também tem que comemorar estar viva", diz a aniversariante. 

Com os convidados, Ana Ruas vai discutir trabalhos e experiências específicas de cada um. Todos se encontram num mesmo contexto, de inspirar e fazer parte do cotidiano de Ana Ruas.  "Humberto Espíndola, como mestre, uma pessoa que admiro demais, e que pinta, que é a linguagem que eu uso, por quem eu tenho o maior respeito por tudo o que fala. Para mim, ele é um mestre, além de uma grande artista", discorre.

A galerista, Gorete, é quem não só representa Ana Ruas, como mantém uma relação de amizade; Mariana, a ambientalista, bióloga, é a vizinha que acompanha todo o trabalho, de pertinho, inclusive fazendo fotos de making of quando Ana necessita, e Márcio de Camillo, a trilha sonora do ateliê. "Quando recebo crianças aqui no ateliê, o CD que toca é a música do Crianceiras. A gente tem uma relação de amizade, de admiração recíproca, e é por isso que eu o convidei", resume. 

As próximas lives trarão outros temas e convidados diferentes, mas sempre seguindo o caminho da poesia e da leveza que pautam a arte de Ana Ruas. "Meu trabalho sempre falou de poesia, e nesse momento em que todo mundo está falando de dor, a poesia, a arte, de certa forma, aliviam um pouco". 

A transmissão da live "Ateliê Ana Ruas e os amigos" será nesta sexta-feira, às 20h (horário de Mato Grosso do Sul), pelo Instagram da artista @anaruasartista.