Arquitetura

Uma das primeiras casas de alvenaria de Campo Grande ainda em pé é recuperada

Ângela Kempfer | 03/12/2013 06:10
Casa fica na Orla Ferroviária.
Casa fica na Orla Ferroviária.

Durante 13 meses, a família do ex-maquinista Jovenizio Nazaret esperou ansiosa pela notícia confirmada apenas ontem. Eles já podem voltar para casa, no número 22 da Rua dos Ferroviários, endereço histórico, mas que por anos enfrentou o risco de ruir.

É o imóvel número 1 da antiga Rede Ferroviária Federal em Campo Grande, a primeira de alvenaria do complexo, uma das mais antigas ainda em pé na cidade, levantada para servir de escritório aos engenheiros que naquela época estruturavam o serviço por aqui.

Jovenizio arrematou a casa em leilão, mas no ano passado, com rachaduras nas paredes e risco de desabamento, a família foi retirada para a obra de recuperação. “Mandamos ofício pedindo providências. Em outubro foi autorizada a obra, mas só começou em fevereiro”, lembra o ferroviário aposentado.

Como integra o conjunto arquitetônico considerado Patrimônio Histórico, os operários só entraram na casa depois de um demorado processo burocrático e de levantamento técnico.

Agora, o imóvel da década de 30 está como a saúde renovada, praticamente como há mais de 80 anos. Não houve restauração, porque o prédio foi ampliado 2 vezes ao longo da história e perdeu muito da estrutura original. O que ocorreu foi uma recuperação emergencial, para estabilização da estrutura, realizada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com verbas federais.

Mas muito ainda está preservado, como a maioria das janelas de madeira, os ladrilhos em um dos quartos e a fachada, que depois de raspagem, teve a cor original revelada, o que serviu de base para a escolha da tinta nova.

Alguns detalhes também continuam lá. As telhas francesas, o piso de madeira, as molduras das janelas, os arcos, os adornos, lambrequins e o “óculo”, aquele tipo de abertura na fachada, redonda, pertinho do telhado e normalmente sobre a porta principal, mas que no imóvel está entre as duas janelas com vista para a Orla.

Na sexta-feira, a família Nazaret deve começar a mudança e casa voltar a ser morada para a esposa, a sogra, a filha e o neto do ex-maquinista Jovenízio. “Felicidade é pouco”, comenta sobre o retorno.

Teto e piso de madeira continuam originais.
Assim como a maioria das janelas e portas.
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