Rubens levou 30 anos fotografando MS para história não sumir
Arquiteto, Rubens reuniu equipe para mapear o patrimônio histórico e cultural após projeto na década de 1990
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Lá em 1995, Rubens de Moraes da Costa Marques viajou pelas cidades mais antigas de Mato Grosso do Sul com intuito de nortear um projeto de graduação e começou a produzir um arquivo de construções que fazem parte do patrimônio histórico e cultural. Desde então, não parou mais e lá se foram quase 30 anos mapeando “paredes” para nossa história não sumir.
“O patrimônio, infelizmente, é muito difícil porque a arquitetura envolve investimento. Por isso batemos na tecla da conservação para não deixar tudo caindo e depois precisar restaurar”, introduz o arquiteto. Apesar de haver ações que tentam frear a destruição das narrativas contadas com as construções, muito se perde.
E é com isso em mente que Rubens decidiu desenvolver a Trilogia do Patrimônio Histórico e Cultural Sul-Mato-Grossense em 1999. Desde então, passou a fazer o levantamento em nove municípios com uma equipe de profissionais da arquitetura, história, design e fotografia.
Mas além de fazer registros objetivos, a ideia era também ouvir as pessoas e entender o que havia se passado por ali e qual a importância disso tudo.
“Nós temos muitas histórias perdidas e os antigos detém esse conhecimento. Mesmo assim, um dos problemas que a ânsia pelo novo que acaba gerando uma vontade de derrubar o que existia, muita gente fala de ‘casa velha’. É por isso que acredito na educação porque essa falta de conhecimento sobre a importância, muitas vezes, não é maldade”, descreve o arquiteto.
Na prática, falando sobre a pesquisa, mais de três mil fotografias foram registradas em Porto Murtinho, Bela Vista, Anastácio, Aquidauana, Campo Grande, Nioaque, Miranda, Ladário e Corumbá. Em viagens pelos municípios, o arquiteto tomou café com os moradores, revisitou prédios e refez imagens com auxílio de novos equipamentos como drones.
Nesse processo, percebeu que muito havia se perdido e estava em situação pior do que décadas atrás. E com esses “detalhes” consegue provar a necessidade dos registros.
“O grande mérito desse trabalho é o levantamento arquitetônico porque temos muita coisa perdida. Cidades extremamente históricas como Nioaque e Miranda estão perdendo edifícios quase bicentenários, é uma pena”.
Para Rubens, com as paredes e tetos se desfazendo, itens sendo desgastados, a história também vai ruindo. “Por isso é necessária a conservação, esses edifícios são aulas de história e contam o processo de ocupação do oeste brasileiro”, defende.
Como outras duas edições do livro já foram publicadas em anos anteriores, ele também destaca como o saber gera uma identificação na população. Para ele, conhecer permite que as pessoas se aproximem e queiram entender mais.
“Nós não estamos falando de congelar tudo quando queremos o tombamento, mas não dá para negar a necessidade. Também precisamos conservar com esse tombamento e minha luta é gerar essa consciência, preservar nossa história”, comenta.
E, completando sobre a obra (patrocinada pelo Fundo de Investimentos Culturais de MS), ele detalha que há uma contextualização também necessária. “As novas imagens em confronto com as anteriores externalizam bons e maus exemplos da gestão do nosso patrimônio cultural. Poucos estados do Brasil têm um compêndio acerca de sua herança arquitetônica como o material aqui apresentado”.
Além do livro com suas 400 páginas, o arquiteto também se dedica a ministrar palestras para adolescentes em escolas. “Os jovens precisam ser educados para que exista a conscientização, é assim que vamos nos manter”.
Lançamento - O evento será no dia 20 de agosto, às 19h30min, na Plataforma Cultural (Avenida Calógeras, 3.015).
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