Arquitetura

Prédio que acolhe as letras de MS tem fachada de lápis com 126 pilares

Cada detalhe tem um significado no lugar construído para abrigar a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras

Mariana Lopes | 08/09/2017 06:05
Fachada ganhou o nome de Floresta do Conhecimento (Foto: Marina Pacheco)
Fachada ganhou o nome de Floresta do Conhecimento (Foto: Marina Pacheco)

No final da rua 14 de Julho, no bairro Monte Castelo, um prédio branco e imponente se destaca em meio a edifícios, construções e condomínios. Trata-se da nova sede da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. De cara, a fachada cheia de pilares chama a atenção pela ideia que remete a um conjunto de lápis. 

No total, são 126 pilares de metal, com 20 metros de ponta a ponta e 8 metros de altura. Responsável pelo projeto do prédio, o arquiteto Otavio Loureiro batizou a fachada de "Floresta do Conhecimento". "A Academia de Letras é o lugar dos intelectuais, que trabalham com a escrita, e o lápis é a base do texto", explica.

Outra proposta que o arquiteto colocou na fachada é a brincadeira com jogo de luzes coloridas que pode ser feita à noite com a iluminação refletida nos pilares. "Durante o dia são todos lápis brancos, isso simboliza que eles não têm vida. À noite, podemos jogar as cores que quisermos, e isso significa gerar vida, que é o que a escrita traz para a gente", diz Otávio.

O arquiteto também explica que, embora sejam muitos, os 126 pilares não têm função estrutural, esta função é das colunas da parte dentro do prédio. "São três fileiras de pilares, todas estrategicamente ligadas ao ponto central do prédio", explica o arquiteto.

O presidente da Acadeis de Letras na Biblioteca (Foto: Marina Pacheco)

O projeto arquitetônico, segundo o profissional, carrega características contemporâneas, que podem ser percebidas em três aspectos: o metal, a cor branca, que é tendência de fachada, e o uso do vidro.

Sobre este último elemento, Otávio diz que é um material que ele, particularmente, gosta muito de usar e no caso da fachada do prédio, ele ganhou uma função específica. "As "paredes" da Academia de Letras são todas de vidro e ficam atrás dos pilares, que é para dar a sensação de proximidade com a Floresta do Conhecimento", explica o arquiteto.

Na parte de dentro da Academia, o prédio é simples e comporta poucos cômodos, como auditório, setor administrativo, sala da presidência e, claro, a Biblioteca.

Segundo o presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Reginaldo Alves de Araújo, a construção de todo o prédio ficou em R$ 2 milhões e foi feita em três anos, sendo inaugurada no final de agosto.

Inspiração - Outro projeto arquitetônico em Campo Grande que também faz referência ao conhecimento é a escola estadual Maria Constança de Barros Machado. Assinado por Oscar Niemeyer na década de 1950, o prédio tem formato de um livro aberto. Outros elementos ainda remetem a materiais de estudo, como, por exemplo, um palito branco, posicionado na entrada do colégio, traz a ideia de um lápis. No interior, o corredor extenso traz à mente uma régua.

Embora seja pontual ao dizer que não se inspirou na obra de Niemeyer, Otávio admite que gosta da proposta dos elementos projetados na escola e que, no fim das contas, os dois projetos trazem a mesma ideia.

Pilares não têm função de sustentar (Foto: Marina Pacheco)
Parte de dentro do prédio, com as paredes de vidro atrás dos pilares (Foto: Marina Pacheco)
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