Arquitetura

Herdeiros do 1º prédio de 3 andares da Capital não conseguem aproveitar imóvel

Paula Maciulevicius | 16/12/2013 06:20
A estrutura remete ao passado na esquina da Cândido Mariano com a 14 de Julho. (Fotos: Marcos Ermínio)
A estrutura remete ao passado na esquina da Cândido Mariano com a 14 de Julho. (Fotos: Marcos Ermínio)

O primeiro prédio de três andares da cidade. Revestido de pó de mica, típico do estilo “Art Décor”. Construído por José Abrão na década de 30. E por fim, onde funcionou o Hotel Americano. A estrutura remete ao passado na esquina da Cândido Mariano com a 14 de Julho e no presente, os herdeiros pedem ajuda para revitalizar e dar utilidade ao que caminha para ser patrimônio histórico, processo que tramita na Fundac (Fundação Municipal de Cultura).

O empresário Teto Abrão, neto do construtor do prédio, fala que a herança acabou virando um problema pelas exigências de acessibilidade. “Hoje se exige muita coisa para alugar e não temos como reformar, por elevador. Nosso sonho é dar um uso ao prédio”, comenta.

Depois de ser Hotel Americano, há mais de 10 anos, o imóvel começou a ser reformado para receber consultórios odontológicos. A empresa chegou a retirar as janelas originais, de madeira, mas teve a obra embargada pela prefeitura. E há pelo menos cinco anos, as salas dos dois andares estão fechadas.

São 40 salas divididas em dois andares.

“São 40 salas no coração de Campo Grande. A gente quer resolver, negociamos carência de aluguel, estamos dispostos a qualquer negócio, precisamos de parcerias”, completa Teto.

O prédio sempre foi alugado, nunca administrado pela família. Hoje é mantido dedetizado e com os cuidados de manutenção. As janelas ganharam tapumes e por questão de saúde, o espaço é limpo regularmente.

O arquiteto e professor da UFMS, Ângelo Arruda, tomou o projeto de revitalização para si e junto com um grupo de alunos, pretende fazer o levantamento arquitetônico, atualizar a planta e traçar estratégias de uso.

“Vamos procurar a Caixa Econômica Federal para ver uma linha de crédito para esse tipo de empreendimento. Mais um prédio importante da cidade que começa a tomar forma de sumir na nossa frente”, disse.

O prédio sempre foi alugado e teve as janelas retiradas na última reforma.

Ângelo reforça que é preciso divulgar a importância histórica do hotel, para que apoiado pela iniciativa privada, se faça um projeto de restauração. “Internamente alguém se encarrega de fazer atividade produtiva”.

O que chamou a atenção do arquiteto para ajudar foi o revestimento da fachada ainda ser original. “Dá para recuperar tudo, principalmente o revestimento da fachada. Isso que está me deixando com vontade de ajudar a cuidar desse patrimônio”, completa.

A estrutura do hotel tem duas escadas, uma frontal e a outra lateral que serão adaptadas para receber um elevador que suba até o segundo andar. Ângelo descarta dificuldade nisso e diz que o problema mesmo é a falta de cuidado.

O processo para o tombamento ainda está em trâmite e caso seja autorizado, o projeto de reforma deve ser encaminhado para a Fundac e Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) para aprovação ou não.

“Ali não é para mexer na fachada, mas dá para fazer uma lavagem, recuperar as letras José Abrão, recolocar as janelas no lugar e ver o telhado como está. Tem que começar...” finaliza Ângelo.

No presente, os herdeiros pedem ajuda para revitalizar e dar utilidade ao que caminha para ser patrimônio histórico.
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