Arquitetura

Esposa cuidadosa partiu, mas Mizael aprendeu que alegria em casa depende de cor

Uma das filhas do idoso lembra que a mãe, que faleceu há um ano, sempre tinha muito cuidado com a casa, e pai guarda esse carinho para lembrar da esposa

Bruna Kaspary | 10/01/2019 07:00
Com cores contrastantes, a casa de Mizael encanta quem passa pela rua (Foto: Henrique Kawaminami)
Com cores contrastantes, a casa de Mizael encanta quem passa pela rua (Foto: Henrique Kawaminami)

Viúvo há um ano, Mizael Marcos da Silva, de 83 anos, encontrou no cuidado pela casa uma forma de preservar a memória da esposa, que morreu vítima de um câncer. Na casa colorida, com um tom em cada cômodo, ele brinca que a estratégia serve para manter tudo limpo. Mas a filha entrega: sempre foi um cuidado da esposa e que ele aprendeu a cultivar.

Pai de dez filhos, uma das fihas, Maria Lúcia Marques da Silva Cruz, de 57 anos, lembra que até o dia da morte da mãe, o pai se dedicou exclusivamente a ajudar com os afazeres dela, levando a esposa ao médico e cuidando dos remédios.

Com o adeus, ficaram as marcas da esposa pela casa, como o verde espalhado de maneira farta. “Ela amava as plantas dela aqui no fundo. Ele tirou um pouco, porque senão fecha tudo também, mas continuam todos os pés aqui”, comenta a filha.

Até a casinha do cachorro combina. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mas são as cores da casa, que chamam a atenção de quem passa, o principal cuidado para preservar a imagem da mãe, mas sem muito critério na hora da escolha. “Ah, é qualquer cor que melhorar, o importante só é estar limpo, e se for barata”, brinca ele. Já na entrada da residência, o cuidado em combinar os tons da casinha dos cachorros com as paredes, encantam.

O muro pintado de verde com as grades em um vermelho intenso também foram escolhas de Mizael. Nos fundos, até o fogão à lenha foi pintado, também combinando com os muros da casa. Assim surgem cantinhos especiais por todo o lugar, como o que tem azul claro contrastando com o mesmo vermelho das grades, dessa vez nos móveis.

Foram mais de 60 anos de casamento, até o diagnóstico do câncer. "Ela ficou uma semana internada, estava amarela já, só então que descobriram o que era. Ela tinha um tumor, entre o fígado e o pâncreas”, relembra a filha.

Nesse tipo de tumor, segundo Maria, o diagnóstico é complicado e normalmente ele só é descoberto depois que já está em estado avançado. “Pelo menos ela não sofreu, tinha uma senhora com ela que estava tomando morfina direto e já não adianta de nada”, lamenta.

Enquanto a filha explica sobre os últimos dias da mãe, o pai permanece sentado na mesa com a cabeça baixa, lembrando da esposa, mas sem deixar a peteca cair, cuidando das memórias guardadas no colorido da casa.

O dono da casa é quieto, mas adora contrastes pelas paredes. (Foto: Henrique Kawaminami)
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