Arquitetura

Com 2 hectares de natureza, casa na Vila Margarida é o "pulmão" do bairro

O lugar virou paraíso cheio de árvores, decoração e memórias de 50 anos da família

Thailla Torres | 24/01/2018 07:53
Cantinho é lar da engenheira eletricista Verônica Sotovia Gomide, no meio de Campo Grande (Foto: André Bittar)
Cantinho é lar da engenheira eletricista Verônica Sotovia Gomide, no meio de Campo Grande (Foto: André Bittar)

Dois hectares tomados pelo verde, cachorros latindo, plantas ao redor da casa e uma arquitetura dos anos 70. Esse cenário até parece fazer parte de alguma cidade do interior, mas é a rotina da engenheira eletricista Verônica Sotovia Gomide, de 49 anos, que desde a infância tem cantinho privilegiado em área bem urbanizada de Campo Grande.

A propriedade na Vila Margarida, que chama atenção pelo tamanho e a natureza preservada em volta, virou morada da família há 50 anos. Foi um presente do avô para a esposa que não gostava dos limites de uma vida urbana. “Minha avó não queria uma casa gigante, mas gostava da simplicidade e do campo. Então, meu avô resolveu comprar essa chácara para eles viverem e ela cuidar das plantas, ter bichos e árvores em volta da casa”, conta.

Até então, a região era tomada por fazendas e poucos moradores. Ainda na infância Verônica e o irmãos foram viver com os pais na casa da avó, onde ela e a família está até hoje.

Área de lazer. (Foto: André Bittar)
Varanda de cara com a natureza. (Foto: André Bittar)

“Cheguei aqui na infância, lembro quando fui crescendo que precisava ir até o Centro, mas aqui era um lugar distante, eu pegava carona com as amigas lá no Jardim dos Estados”, recorda.

O local tem vegetação para todo lado com flores e árvores frutíferas. Muitos, plantadas pela avó, entre elas, pé de manga, jabuticaba, goiaba, jaca, abacate e romã.

Da varanda de casa, construída logo que os avós chegaram na região, ela enxerga o gramado, hoje limpinho, que antes abrigava o pé de manga, a maior diversão dela e de toda criançada da família. “A gente brincava subindo em todo pé de árvore, principalmente numa mangueira que tinha bem no meio desse gramado”, diz.

Com a chegada e aglomeração de casas, ninguém da família ousou desfazer do imóvel. “Chegam a oferecer um valor para construir aqui, mas a gente não quer. Essa paz não tem valor que substitua”.

O lugar abriga duas residências, uma do lado da outra. A principal foi construída pelos avós e hoje é a residência dela. O lugar é cheio de particularidades da varanda até a sala.

Verônica mora na casa desde a infância. (Foto: André Bittar)

Quem entra, vê uma decoração que foi ganhando vida de forma espontânea, até um pouco improvisada. Verônica conta que ela e o marido têm estilos muito parecidos, mas ela é quem ama viajar e trazer os achados para dentro de casa. Um costume que até trouxe mais aconchego à casa. “Decoração de casa é pra gente fazer, se eu chamar outra pessoa para colocar o quer quiser em cada lugar, essa casa deixa de ser minha”, explica.

Na parede, estão objetos que ela acha bonito e outros que são consideradas relíquias, onde a mistura de presente e passado vai preenchendo o espaço da saudade. “Tem quadros da minha vó, peças da cristaleira que eram da minha mãe, móvel que era da vovó também. Coisas que faz a gente lembrar deles, principalmente, não nos deixa sozinha”, conta.

Em outra parte de casa está uma varanda que abriga a antiga cozinha usada por eles nas reuniões familiares. “Dentro dessa casa tem uma cozinha pequenininha, usada só pra fazer um lanche. Os almoços e jantares maiores, eram feitos do lado de fora com uma varanda enorme. A mesa estrutura até hoje, só que sem movimento”, lembra.

O que tira o silêncio da casa, são os cães, 12 no total que são as maiores alegrias de Verônica. “Sempre amei cachorro e eles foram nascendo, mas meu coração doía só de pensar em doá-los, acabei ficando com todos”, diz.

A presença de aves também é uma beleza à parte. “Aqui aparece tucano, arara e um pássaro mais lindo que o outro”.

Morar em uma area tão grande também tem seus desafios. "Não é fácil a manutenção, nem deixar tudo brilhando dentro de casa. Todo dia é folha, terra e sujeira que voa pelo quintal, como se estivesse no campo mesmo. É preciso paciência".

Ainda assim, não há trabalho que tire o encanto do lugar que Verônica já decidiu viver pra sempre. "A cidade só tem a crescer e uma natureza dessa a gente não encontra em qualquer lugar. Se eu penso em sair? De jeito nenhum, a minha avó gostava muito e sempre fui muito feliz aqui".

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Panelas da vó e da mãe viraram peças de decoração. (Foto: André Bittar)
Aos poucos, relíquias e artesanatos da dona foram ocupando espaço. (Foto: André Bittar)
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