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Vinte anos separam tragédias que vitimaram grupos em ascensão

Amanda Bogo | 29/11/2016 16:44
Destroços do avião em que a equipe da Chapecoense estava (Foto: Luis Benavides/AP)
Destroços do avião em que a equipe da Chapecoense estava (Foto: Luis Benavides/AP)

Vinte anos separam duas tragédias que chocaram o país. Em comum, a morte surpreendente e inexplicável em um acidente aéreo de um grupo que ascendeu meteoricamente e estava no auge.

Nesta terça-feira (29), após o avião da delegação da Chapecoense cair deixando 76 mortos e cinco feridos, muitas pessoas ficaram chocadas com o caso e se lembraram do desastre que matou os membros da banda Mamonas Assassinas.

Sucesso na música - Os rapazes de Guarulhos (SP) começaram a fazer shows com o nome de Utopia. Porém, anos depois assumiram a identidade musical e visual como Mamonas Assassinas.

Com músicas irreverentes e humoradas, foi em 1994 que Dinho, Bento Hinoto, Samuel Reoli, Sérgio Reoli e Júlio Rasec lançaram a música "Robocop Gay", que faria com que os jovens atingissem, em 1995, o auge do sucesso e se extenderia por nove meses.

Na época, o Mamonas Assassinas vendeu mais de 1,2 milhão de discos e lançaram hits como Vira-Vira, Pelados em Santos e Sabão Crá-Crá. A fama do grupo se mantém até hoje, mas o sonho dos rapazes foi interrompido para sempre no dia 2 de março de 1996. 

Mamonas Assassinas em foto para o único CD lançado pelo grupo (Foto: Reprodução)

A tragédia teria acontecido devido ao mau tempo que atingia a Grande São Paulo na data. O piloto da aeronave foi informado pela torre de controle do Aeroporto de Cumbica que teria de repetir o processo de aterrissagem.

Ele acabou realizando uma manobra equivocada, quando deveria fazer uma curva para a direita e acabou virando para a esquerda. O jatinho bateu na Serra da Cantareira, que estava encoberta por neblina. Além dos membros do grupo, morreram Jorge Martins, Alberto Takeda, Sérgio Saturnino Porto e Isaac Souto.

Elenco da Chapecoense que disputava Copa Sul-Americana (Foto: Reprodução/Facebook)

Verdão do Oeste -  O Verdão do Oeste, como é conhecida a Chapecoense, tem 43 anos de história. Fundada em maio de 1973 com o objetivo de profissionalizar o futebol amador da região oeste de Santa Catarina, o desempenho do time nos últimos seis anos começou a chamar a atenção, mas foi durante a disputa da Copa Sul-Americana deste ano que o grupo se sagrou.

Campeã estadual nos anos de 1977, 1996, 2007, 2011 e 2016, foi em 2009 que o time disputou a sua primeira Copa do Brasil, o que lhe credenciou para entrar, no ano seguinte, na série D do Campeonato Brasileiro.

No mesmo ano, o time obteve o acesso à Série C, que disputou a partir de 2010. Foi em 2013, com a equipe comandada pelo técnico Gilmar Dal Pozzo que a Chapecoense chegou a série B, fato inédito na história do time.

Bastou apenas um ano na segunda divisão para que os catarinenses chegassem a elite do Campeonato Brasileiro e permanecesse até os dias de hoje. Na edição atual, o time é o nono com 52 pontos a frente de equipes tradicionais do futebol do país, como São Paulo, Fluminense, Cruzeiro e Internacional.

Campanha histórica na Copa Sul-Americana - O que realmente atraiu os olhares dos amantes do esporte para o Verdão do Oeste foi seu desempenho na Copa Sul-Americana deste ano. Na primeira disputa internacional da história da Chapecoense, enfrentou o Cuiabá, que venceu o jogo de ida por 1 a 0, mas foi derrotado por 3 a 1 na Arena Condá.

Na etapa seguinte, os catarinenses eliminaram o Independiente (ARG), maior vencedor do campeonato com sete títulos. Contrariando as previsões, o primeiro confronto resultou em um empate, o que facilitou para que, em Chapecó, a equipe derrotasse os argentinos nas cobranças de pênalti. Danilo teve uma atuação de gala, defendendo quatro das oito cobranças realizadas pelos adversários, colocando o time na fase seguinte com o placar de 5 a 4.

Nas quartas de final, o Verdão do Oeste passou pelo Junior Barranquila. Mesmo perdendo por 1 a 0 o jogo de ida, em casa os catarinenses ganharam por 3 a 0. Em seu caminho para a grande decisão agora estava o San Lorenzo, que tem o Papa Francisco como torcedor.

Em partidas tensas e repletas de emoções, a estrela de Danilo brilhou novamente. Com defesas importantíssimas para que o time avançasse, tirando uma bola de cima da linha do gol no último lance do jogo, a Chapecoense estava pela primeira vez na final da competição.

A Chapecoense, que estava em evidência para todo o futebol mundial devido ao seu grande desempenho, estampou as capas dos jornais nesta terça-feira (29) com o trágico acidente. O que fica é a lição e o respeito que os atletas levaram com o nome do time para toda a história.

Atletas comemorando vitória contra o San Lorenzo na Arena Condá (Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS)
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