Esportes

Pelo amor ao futebol, “velha guarda” se reúne para lembrar antigo estádio

O Memorial Esportivo será um espaço destinado a história do local que já foi o principal estádio da cidade, o Belmar Fidalgo

Geisy Garnes e Kleber Clajus | 10/06/2018 16:22
A manhã de domingo foi marcada por reencontro e boas histórias (Foto: Paulo Francis)
A manhã de domingo foi marcada por reencontro e boas histórias (Foto: Paulo Francis)

Uma manhã marcada por boas histórias e reencontros. Foi assim que esse domingo (10) começou para 19 ex-atletas, massagistas e até jornalistas, que viveram os “anos de ouro” do futebol campo-grandense no antigo estádio Belmar Fidalgo, no Centro da Capital.

O encontro foi a primeira etapa da gravação do material que será exibido no Memorial Esportivo - espaço destinado a história do local que já foi o principal estádio da cidade e previsto para inaugurar em agosto - e reuniu nomes fizeram histórias nos campos, hoje transformados na praça Belmar Fidalgo.

Entre o grupo, Sergio Roberto Alves, de 69 anos, ex-jogador do Operário Futebol Clube, lembra que foi em um jogo contra o Comercial nos gramados do Belmar Fidalgo, em 1968, que quase perdeu a vida ao dividir uma bola com o goleiro do time adversário. “Subi para tentar tirar a bola para a lateral e o goleiro acertou a mão no meu rosto”, contou.

A “pancada” deixou Alves inconsciente e o socorro veio do time adversário. Massagista do Comercial na época, Nilton Mattos, de 67 anos, correu para ajudar o jogador, que chegou a convulsionar. “Profissionalmente entreguei tudo, estaquei a hemorragia, porque ele tinha quebrado um dente, e levamos 15 minutos reanimando ele até a primeira respirada. Lembro da manchete do jornal no outro dia: O herói da tarde”, reviveu Nilton.

O grupo aproveitou para bater uma bolinha juntos (Foto: Paulo Francis)
Projeto do Memorial Esportivo (Foto: Paulo Francis)

O agradecimento por ter tido a vida salva pelo massagista veio ainda em dentro de campo, com um abraço, afirmou Alves. A praça foi um estádio até a década de 80 e além de grandes ídolos locais, recebeu um dos maiores jogadores da história brasileira, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.

Quem acompanhava os jogos ali, também teve a honra de ver pessoalmente os dribles desconcertantes de Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha. Como massagista, Nilton atendeu o ídolo e chegou a tirar uma foto para registrar o momento, mas a lembrança foi levada durante um furto em sua casa, deixando o encontro histórico só na memória.

O educador físico e criador do curso de Educação Física na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), João Batista Ferreira, de 74 anos, assistiu às partidas no Belmar Fidalgo por dois anos e fez os primeiros registros da transição do futebol amador para o profissional.

Para ele, o encontro simboliza muito mais que a troca de experiência, mas também satisfação do reconhecimento de um trabalho histórico realizado pelas pessoas que viveram naquela época. Segundo o coordenador do projeto, Rafael Presotto, a ideia do evento desta manhã é reunir diferentes depoimentos, para assim recuperar a memória esportiva do futebol em Campo Grande.

Memorial Esportivo vai expor ainda camisas dos dois maiores times da Capital, Operário e Comercial, troféus, medalhas, chuteiras, bolas e flâmulas, doadas pelos próprios atletas.

Funesp (Fundação Municipal de Esportes), ainda conta com doações de livros, periódicos, catálogos, teses, artigos, materiais áudio visuais, que ajudem a contar a história do futebol na cidade entre os anos de 1933 e 1987, período que o antigo estádio funcionou. A construção do Memorial e revitalização da Praça começaram no dia 4 de abril e devem terminar em agosto.

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