Esportes

Atrás dos “fora de série”, olheiros do Santos avaliam 500 garotos na Capital

Fabiano Arruda | 01/11/2011 19:12

Peneirada do Peixe começou ontem em Campo Grande e ainda vai para Dourados

Atletas brigam pela bola no estádio Morenão. Cada jogo tem apenas 20 minutos de duração. (Foto: Pedro Peralta)
Atletas brigam pela bola no estádio Morenão. Cada jogo tem apenas 20 minutos de duração. (Foto: Pedro Peralta)

Profissionais do Santos Futebol Clube avaliam, desde ontem, no estádio Morenão, em Campo Grande, jogadores com idades entre 11 e 18 anos, que participam de peneirada.

Cerca de 500 garotos passaram pela avaliação somente nesta terça-feira. Ontem, outros atletas já foram analisados na Capital.

O teste, realizado por meio da escolinha Meninos da Vila, ainda será realizado na quinta e sexta-feira em Dourados. Os resultados devem sair em 10 dias.

De chuteiras coloridas, cabelos no estilo Neymar, os meninos têm apenas 20 minutos em cada jogo para mostrar o que sabem e dar um passo rumo ao sonho de ser jogador profissional de futebol.

Fora dos testes, o goleiro Carlos Alberto dos Santos Jr, de 12 anos, observa os colegas correndo em campo. Ele foi aprovado, após testes realizados no mês passado, no Centro de Treinamento do Santos, e passa a integrar o elenco do Peixe a partir do ano que vem.

A mãe de Carlos Alberto terá que o acompanhar em Santos no início dos trabalhos, já que ele só pode morar sozinho na cidade a partir dos 14 anos.

“Consegui (aprovação) com muita persistência, já que comecei a treinar somente no ano passado”, comentou o arqueiro que tem 1,85 metro de altura.

O garoto diz que tem o goleiro Rafael, do Santos, como o grande ídolo. “Pelo que ele é no campo e fora dele”, pontuou.

Já dentro do campo nesta tarde, quem chamou atenção foi Karina Pereira, de 15 anos, a única menina a jogar hoje, já que teste feminino foi realizado ontem.

Lateral direita, ela mostrou boa condição física, deu bons passes e cumpriu o papel de marcação na partida. “A expectativa é das melhores. Quero seguir a carreira de jogador profissional”, definiu, minimizando a diferença de ter atuado entre os meninos.

Lima, ex-jogador do Santos na era de Pelé, é um dos olheiros do Santos.

Olhar veterano - À beira do campo, um dos olheiros do Peixe é Antônio Lima dos Santos, de 69 anos. Ele jogou no clube por 11 anos ao lado de Pelé e compôs um dos melhores times da história da equipe praiana, que conquistou os títulos da Taça Libertadores da América em 1962 e 1963.

Responsável por observar jogadores nas 72 franquias do Santos espalhadas pelo País e acostumado a analisar milhares de atletas em cada peneirada, Lima diz não ter dificuldade para identificar o craque.

“O craque se diferencia por um passe, por um movimento, ele pratica os fundamentos do futebol sem esforço e faz com muita facilidade o que os outros acham difícil. Ele comanda sem saber e tem humildade por fazer tudo isto”, descreveu.

Para ele os testes em Campo Grande são uns dos maiores em todo País. “É difícil encontrarmos zagueiro e lateral e aqui conseguimos”, destacou.

Aos jogadores que serão reprovados na Capital, Lima aconselha a persistência. “Não adianta desistir porque, muitas vezes, os escolhidos nos testes não vingam na carreira. E quem foi reprovado tem de continuar treinando para ocupar a vaga deste que foi aprovado, mas não deu certo”, resumiu.

Sobre o futebol brasileiro, o veterano se derrete pelo atacante Neymar que, nesta terça-feira, mesmo atuando no País, foi um dos indicados ao prêmio Bola de Ouro, que tradicionalmente elenca os melhores pelos clubes europeus.

“O apoio familiar fez toda a diferença na carreira do Neymar e é este o conselho que eu dou às famílias de outros garotos: livrem-se dos empresários e contratem apenas advogados para adquirirem orientação jurídica”, disparou.

Ao longo dos 55 anos de vida no mundo da bola, Lima define o futebol atual como “uma feira livre”. “Tem atleta com 11 anos que já tem empresário. Isto é um absurdo”, criticou.

Até sobre a seleção brasileira o profissional do Santos aproveitou para opinar. Para ele, o técnico Mano Menezes ainda não tem um time, o que é preocupante pela proximidade da Copa do Mundo de 2014.

“A seleção precisa definir um time e um esquema tático o mais cedo possível. Temos bons jogadores”, opinou Lima, que fez parte da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1966.

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