Educação e Tecnologia

Pedido de suspensão de calendário pode afetar benefícios assistenciais a alunos

Continuidade dos repasses é incógnita que dependeria de negociação do comando nacional e Governo Federal

Por Silvia Frias e Clara Farias | 08/05/2024 12:13
Reunião do comando de greve do IFMS, esta manhã, em Campo Grande (Foto: Clara Farias)
Reunião do comando de greve do IFMS, esta manhã, em Campo Grande (Foto: Clara Farias)

O Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) irá protocolar ofício para pedir a suspensão do calendário acadêmico no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). A medida, se deferida, interrompe todas as atividades pedagógicas dos campi.

Além da suspensão das atividades, a incógnita é se a medida atinge os benefícios concedidos aos estudantes das instituições. No dia 6 de maio, a Adufems (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) também fez a solicitação em relação à UFMS.

As instituições de ensino iniciaram a greve no dia 3 de abril, com adesão dos profissionais do administrativo. A paralisação chegou aos professores no dia 1º de maio. Segundo os movimentos grevistas, a adesão no IFMS é de 70% e na UFMS, 65%.

O comunicado sobre encaminhamento do ofício ao IFMS foi feito esta manhã, durante reunião do comando de greve, na unidade de Campo Grande, que contou com presença do diretor-geral do campus, Dejahyr Lopes Junior.

O presidente do Sinasefe, Tiago Thomaz de Assis, diz que a suspensão do calendário garantiria o direito à greve e não prejudicaria os alunos, já que se instala confusão, com parte do corpo docente ainda em atividade. Os estudantes que recebem benefícios precisam comprovar índice mínimo presencial, critério usado para continuidade da maioria das concessões. Com parte dos profissionais em greve, esse monitoramento fica prejudicado.

Adesão da greve no IFMS é de 70% segundo sindicato dos servidores (Foto: Clara Farias)

Na reunião, a presidente da Adufms, Mariuza Guimarães, diz entender que a legislação prevê a manutenção de serviços essenciais e que há atividades que não podem ser suspensas, como pesquisas na área de saúde, por conta dos insumos envolvidos no processo. 

Segundo Mariuza, o movimento defende que a manutenção do calendário tornará a reposição de aulas confusa para os alunos, já que nem todos os professores aderiram à paralisação. Inclusive, há chances de os acadêmicos perderem o período de férias para repor disciplinas perdidas. 

Durante a reunião, o gestor da unidade de Campo Grande do IFMS, Dejahyr Lopes, disse aos grevistas que, particularmente, é a favor da suspensão do calendário, mas que isso é decisão que depende do Cosup (Conselho Superior). Lembrou que, mesmo com aulas parcialmente suspensas, há atividades em andamento, como serviços administrativos essenciais e assistência social.

Segundo o gestor, os benefícios aos alunos foram pagos em fevereiro e março e os de maio e abril ainda serão avaliados, já que, por enquanto, o índice de presença nas aulas foi prejudicado com a greve.

Este ano, segundo a Pró-Reitoria de Ensino do IFMS, são concedidos mensalmente 1.516 auxílios a estudantes nas modalidades Permanência, Alimentação, Moradia, Transporte, e Indígena e Quilombola. Desse total, 1.328 são Auxílios-Permanência.

Ao Campo Grande News, o pró-reitor de Extensão do IFMS, Anderson Correa, também afirmou que a suspensão do calendário é decisão do Cosup do IFMS, não sendo uma deliberação das regionais.

Segundo ele, em 2012, o IFMS passou por greve, que durou cerca de três meses, e o calendário não foi suspenso. Correa explica que essa decisão pode interromper muitos benefícios, tendo implicações sociais. “Grande parte dos nossos estudantes, principalmente do Ensino Médio, faz parte de grupo salarial que, muitas vezes, depende desses auxílios como complementação de renda familiar”. 

O pró-reitor explica, ainda, que há atividades que não tem como ser interrompidas, como projetos que envolvem animais e plantas, que necessitam de cuidados diários. “São serviços irreparáveis”, avaliou. “Tem que olhar o direito do grevista, mas também de quem não quer aderir”.

Na UFMS, a presidente da Adufms, Mariuza Guimarães, disse que conversou com a reitoria que teria informado que, em princípio, nenhum auxílio seria interrompido, mas que a manutenção dos recursos em caso de reposição futura depende de debate do comando nacional da greve com os ministérios da Educação e Fazenda.

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