Economia

Semana da Conciliação oferece chance para pagar dívidas e resolver conflitos

Liana Feitosa | 11/08/2014 20:12
Oshiro explica que serviço de conciliação é oferecido na Associação Comercial durante todo o ano. (Fotos: Marcelo Victor)
Oshiro explica que serviço de conciliação é oferecido na Associação Comercial durante todo o ano. (Fotos: Marcelo Victor)

Uma oportunidade pra acabar com a dor de cabeça causada pela dívidas. Isso é o que a IV Semana da Conciliação de Campo Grande oferece ao consumidor através do Pace (Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual) até a sexta-feira (15). As reuniões para tentar conciliar instituições e endividados são marcadas na CBMAE (Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem), da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG). O objetivo é promover acordos entre empresas e clientes inadimplentes ou entre clientes insatisfeitos e empresas.

Para o presidente da CBMAE, Roberto Oshiro, promover encontros com o objetivo de gerar conciliação motiva a pacificação social e contribui para desafogar o poder judiciário, já que os acordos não tem a necessidade de intervenção do estado.

"Além disso, o volume alto de ações que a Justiça tem para resolver, impede que decisões sejam tomadas em pouco tempo. Sem contar que a empresa tem a oportunidade de preservar sua relação com o cliente, já que colocá-lo na Justiça obrigando-o a pagar uma dívida afeta ou acaba com essa aproximação", observa Oshiro.

O processo - Durante a Semana de Conciliação, um mutirão é feito para que muitos casos ganhem a oportunidade de solução. "Qualquer tipo de problema pode ser resolvido na Câmara, até mesmo problemas entre com vizinhos, fornecedores e até mesmo entre sócios de um negócio", afirma.

Os interessados em resolver seu conflito podem ir até a ACICG que a Câmara de Mediação vai convidar o estabelecimento credor para uma audiência de tentativa de conciliação da dívida. "Essa é uma oportunidade muito boa para o cliente mostrar para a empresa sua situação para que ela veja a realidade do cliente", sugere. "Às vezes, a empresa pode até se sensibilizar com o cliente e acaba concedendo um desconto maior, um parcelamento maior", conta.

Quantidade alta de ações na Justiça faz decisões se arrastarem por anos. Conciliação é alternativa mais rápida.

Bons resultados - O sucesso das conciliações é alto. De acordo com Oshiro, 84% das audiências de conciliação resultam em um acordo entre as partes. Dos acordos firmados durante todo o ano passado, 99% foram cumpridos.
Boa parte desse bom índice se deve ao papel do conciliador, um profissional especializado que vai ajudar as partes se entenderem. "Ele desarma as partes, dá a oportunidade de cada um falar a sua verdade. Nessa conversa, ele tenta encontrar pontos convergentes entre os dois pra ver o que há de comum nesse caminho e, finalmente, firmar um acordo", explica.

Como podem ser feitos não apenas durante a Semana de Conciliação mas, também, durante o ano todo, os acordos resgatam quantias que, muitas vezes, não seriam pagas e resultariam em prejuízo aos credores. No entanto, a alternativa já recuperou mais de R$ 9 milhões aos cofres de empresários da Capital desde 2011, ano do surgimento do recurso.

O sucesso também é uma questão de cultura. "Optar pela conciliação exige uma mudança de cultura e isso demora um pouco para acontecer. No Brasil, temos uma cultura de que leva as pessoas a pensarem que, tudo o que deu errado, é motivo de processo", comenta. "Mas depois que as pessoas veem que essa opção funciona melhor, passam a procurar também", conclui.

É por isso que a técnica de enfermagem Sueli de Oliveira, de 40 anos, foi até o Pace. "Recebi uma multa de energia elétrica de mais de R$ 5 mil. Mas o relógio da casa, que é minha, mas estava alugada, foi adulterado. Tentei negociar a dívida em todos os lugares possíveis alegando que a multa é indevida, mas não consegui nada", lamenta. Depois de três meses buscando uma solução, Sueli espera que a conciliação a ajude. "Nem que seja para diminuirem o valor dessa multa", finaliza.

O que fazer - Consumidores que desejam solucionar têm pendências financeiras podem ir até a secretaria da CBMAE, que fica na ACICG, levando cópias dos seguintes documentos: RG, CPF ou CNH, comprovante de residência e extrato da negativação do SCPC, ou ainda qualquer outro documento que comprove o vínculo com a empresa (contrato, faturas, boleto). Este ano, o interessado em resolver seu conflito também deverá contribuir com uma lata, ou pacote de leite em pó, que será doado à instituição Cotolengo.

Nos siga no