Economia

Reforma tributária deve taxar grandes fortunas, avaliam 78% dos leitores

Assunto está na pauta do Congresso Nacional em meio à pandemia de covid-19

Gabriel Neris | 05/08/2020 07:05
Impostômetro instalado na Associação Comercial de Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Impostômetro instalado na Associação Comercial de Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

A reforma tributária começou a ganhar destaque no Congresso Nacional, em meio à pandemia da covid-19. Um dos temas em debate é a ideia de taxar as grandes fortunas, que volta e meia volta a ser debatida no País, mas nunca foi levada a termo. O Campo Grande News consultou os leitores sobre o assunto e para 78% deles, deve haver cobrança de tributação extra para os mais ricos. Outros 22% são contra a medida.

Entre as opiniões, os argumentos a favor e contra a taxação renovam um debate que já perdura há muitos anos e agora está sendo renovado. 

“Não concordo, o que se deve fazer é não roubar, e trabalhar mais para o país”, afirmou. Carla Dibo afirma que “o país tem extrema necessidade de diminuir imposto e não aumentar, seja para o pobre ou para o rico”, opina o leitor Kensio Novais.

Adécio Barbosa de Almeida, em outra direção,  avalia o sistema tributário atual como “injusto”. 

“Considerando que os impostos sobrecarregaram o consumo, privilegiando a renda e ganhos patrimoniais, os mais pobres sofrem mais com os impostos”, respondeu.

A senadora sul-mato-grossense Simone Tebet (MDB) se manifestou sobre o assunto, principalmente por ser pauta no momento de pandemia. 

“Não é a reforma tributária que tem que pautar o Brasil pós-pandemia. O amanhã mais desigual é que tem de estar na mente e no coração da reforma”, disse. “A questão talvez não seja aumentar ou ajustar o modelo, mas democratizar”, declarou ao jornal Estado de São Paulo.

A discussão ganhou mais espaço depois que a organização Milionários Pela Humanidade divulgou carta pública, assinada por 83 donos de grandes fortunas com o pedido de “me tributem”.

Simone Tebet ainda criticou o retorno da CPMF, imposto federal sobre movimentação financeira que foi deixado de ser cobrado em 2007. “Passar um batom na CPMF não vai transformá-la em tributo novo, nem melhor. Camuflada, repaginada, continuará CPMF, só que em versão 2.0”, escreveu a senadora em sua página no Twitter.

A intenção, com a taxação de fortunas, é aumentar a carga tributária para quem tem mais dinheiro na conta e, de quebra, dar pesos distintos ao pagamento de tributos entre ricos e pobres. 

Números envolvidos -Em Mato Grosso do Sul, de janeiro a agosto, já foram arrecadados mais de R$ 13,5 bilhões, entre tributos federais, estaduais e municipais. Só em Campo Grande, foi quase R$ 1 bilhão.

Valores de impostos pagos em MS neste ano em MS (em cima) e Campo Grande (Foto: Reprodução)

Para mexer nos contrapesos dessa arrecadação, em julho, o ministro da Economia, Paulo Guedes, entregou ao Congresso um primeiro projeto com alterações tributárias. 

A proposta prevê unificação do PIS e do Cofins, incidente sobre a receita, folha de salários e importação, criando tributo sobre valor agregado. A alíquota proposta é de 12% para empresas e 5,8% para instituições financeiras.

Para Sérgio Longen, presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), o governo tinha de entrar nessa discussão e essa foi a forma que encontrou para debater a Reforma Tributária. 

“É claro que a unificação ou a criação de novos impostos passa pelo Congresso Nacional, porém, nós, do setor industrial, somos totalmente contra qualquer tipo de aumento da carga tributária”, reforçou.

Não há prazos ainda para a votação das mudanças. 

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