Economia

Produtores rurais protestam contra invasões indígenas no Estado

Luciana Brazil | 19/11/2013 10:50
Na Rua Maracaju, eles param o trânsito e liberam o fluxo logo em seguida.
Na Rua Maracaju, eles param o trânsito e liberam o fluxo logo em seguida.
Em frente à Funai, produtores protestam contra invasão de terras. (Fotos: Marcos Ermínio)

Cerca de 150 produtores rurais de várias regiões do Estado estão concentrados na manhã de hoje (19), em frente à Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande, em protesto às invasões indígenas em Mato Grosso do Sul. Munidos de faixas, os produtores param o trânsito, mas logo liberam o fluxo.

Eles reivindicam legalidade nos estudos antropológicos feito nas terras, agilidade e rapidez nas indenizações do governo Federal e legalidade nas demarcações de terra.

Segundo o produtor rural João Aurélio Damião, 53 anos, dono de uma área de 600 hectares em Iguatemi, a 466 km de Campo Grande, a intenção da Funai é construir um corredor, interligando as aldeias.

“Querem fazer como foi feito na Serra do Sol. Eles pegam o mapa e vão tentando ligar as aldeias, como de Caarapó a Laguna, Iguatemi a Tacuru. E assim, os índios vão invadindo. Queremos que a lei seja cumprida, se é indígena que seja desocupada, e o produtor indenizado. Mas que essa desocupação aconteça também para o outro lado”, explicou João que produz soja e milho.

A Funai já esteve, há quase um ano, na propriedade do produtor. "Esse é o primeiro passo de que a Funai está fazendo o trabalho na surdina. É como uma guerrilha. Vai agindo às escuras", dispara.

Cerca de 90 mil hectares, segundo ele, em Caarapó, Laguna e Amambai, já foram diagnosticados como áreas produtivas, porém, a desocupação dos índios não aconteceu.

A categoria lamenta também a desvalorização das terras no Estado por causa das ocupações. “Ninguém quer mais investir em Mato Grosso do Sul. A desvalorização das terras é absurda”, diz João Aurélio.

Os ruralistas criticam também a atuação da Funai, que segundo eles, é responsável por todas as fases que determinam a terra como sendo indígena ou não, o que dificulta o ingresso de qualquer recurso da categoria.

“Eles fazem o diagnóstico, o levantamento, os estudos antropológicos e ainda decidem. Se a gente entra com algum recurso, também são eles que definem. Fica difícil pra gente”, reclamou João Aurélio.

 

João Aurélio lamenta a desvalorização das terras.

Quem ainda não teve a propriedade invadida, teme que isso aconteça a qualquer momento. “Não existe mais tranquilidade. Não ficamos mais em paz. Terras passarem de pai para filho, passando de geração, não existe mais”, lamentou João Aurélio.

Há 11 anos, a propriedade Recanto Sabiá, de 300 hectares, localizada em Dois Irmãos do Buriti, foi invadida por índios. A família, acuada, saiu e nunca mais pôde voltar. “Nós éramos pequenos produtores. Na época, minha mãe foi para a beira da BR (rodovia) porque não tinha para onde ir. Ela já morreu, e morreu acreditando que tudo seria resolvido. Mas até hoje, 11 anos depois, não fomos indenizados”, conta Sônia Mara Ribeiro, filha dos donos da terra.

Arrendatário de uma área de 4 hectares em Iguatemi, Jessé Messias, 76 anos, tem medo de perder o que cuida com tanto esforço. “Tenho medo de que invadam a terra, porque do jeito que está é isso que pode acontecer”, conta.

Vieram a Campo Grande produtores de Caarapó, Iguatemi, Laguna, Guaíra, Tacuru, São João do Buriti, entre outras regiões.

Invasões: Já são 79 terras invadidas por indígenas no Estado, de acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

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