Economia

Primeira exportação do ano pela hidrovia sai do Rio Paraguai rumo a Argentina

A navegação no local estava paralisada desde o segundo semestre do ano passado, por conta da seca da bacia

Gabriela Couto | 28/03/2022 07:29
Embarque de soja no terminal da FV Cereais, no Rio Paraguai, no último sábado (26). (Foto: Chico Ribeiro)
Embarque de soja no terminal da FV Cereais, no Rio Paraguai, no último sábado (26). (Foto: Chico Ribeiro)

Entrou no Rio Paraguai o primeiro navio do ano com soja rumo a Argentina. O feito é comemorado pelo governo do Estado após meses de paralisação do serviço devido à seca na bacia do Pantanal. O transporte iniciou o carregamento da FV Cereais no sábado (26). Ao todo, foram 23 mil toneladas da commodity distribuída em um comboio de 12 barcaças. 

E o otimismo para o uso da hidrovia do Rio Paraguai para este ano é grande, com expectativa de recordes, após dois anos de muita seca nas cabeceiras em Mato Grosso. "A retomada dos negócios pela hidrovia é um fator muito importante para a nossa economia e para o setor produtivo, pois a hidrovia tem um papel fundamental para a logística sul-mato-grossense”, destacou o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck. 

A FV Cereais reiniciou as operações com um volume de carga para navegar com calado de oito pés (2,43m), enquanto a régua do Rio Paraguai no local registrava 2,66 m. O terminal projeta exportar 450 mil toneladas de soja em fase de contratação. A Granel Química opera a partir de um calado de sete pés (2,10 m), superior em relação à régua oficial, instalada na Marinha, logo acima, onde o rio está a 1,80 m, e deve movimentar 2 milhões de toneladas de minério de ferro. 

As exportações via hidrovia saem de Porto Murtinho, a 439 km de Campo Grande, onde será o portal da chamada Rota Bioceânica. O município funcionará como um grande entreposto, também conhecido como hub, para levar a produção nacional até o porto chileno, rumo ao mercado asiático, pelo Oceano Pacífico. 

“A nossa capacidade de atrair novos empreendimentos para desenvolvimento desse eixo logístico tornou Porto Murtinho uma saída competitiva para a exportação de soja”, enfatiza Jaime Verruck. “O reinício das operações no porto do grupo FV Cereais é um marco, reafirmando as convicções do governador Reinaldo Azambuja e do governo de que este é o melhor caminho da política de expansão do agronegócio e da indústria em nosso Estado.” 

A soja estocada no armazém do terminal, com capacidade para 30 mil toneladas, é procedente das lavouras da região de Bonito, novo polo agrícola, distante 250 km de Porto Murtinho. O terminal voltou a operar com 38 trabalhadores, entre funcionários e temporários, e deve abrir novos empregos com o aumento do fluxo de cargas. Em 2021, a unidade iniciou os embarques em fevereiro e exportou no ano 250 mil de um total de 400 mil toneladas contratadas. 

O terminal da FV Cereais foi inaugurado em 2020 com um investimento de R$ 110 milhões. O grupo, um dos maiores exportadores do Estado, com sede em Dourados, pretende ampliar a unidade com uma segunda planta, para fertilizantes, e dobrar a capacidade atual do armazém de grãos e açúcar – projetos adiados para 2023, ao custo de R$ 90 milhões. A meta do empreendimento é atingir 1,5 milhão de toneladas/ano, adianta Peter Feter, um dos sócios. 

Vale lembrar que a retomada do transporte hidroviário em Mato Grosso do Sul neste ano começou em janeiro, com a saída de minério de ferro do Morro do Urucum, em Corumbá, pelo porto da Granel Química, que fica no município vizinho de Ladário. 

Na sequência, com a elevação do nível do rio em Porto Esperança, a Vale ampliou a capacidade de exportação a partir do seu Terminal Gregório Curvo. Dependendo das condições de navegação, os portos estimam operar até setembro.

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