Economia

Por falta de bois, JBS admite que pode fechar frigoríficos no Estado

Liana Feitosa | 10/07/2015 13:05
"Em Mato Grosso do Sul ainda não fechamos, mas pode acontecer, estamos otimizando custos pra sobreviver", explica Marcelo Zanatta, presidente executivo da JBS. (Foto: Fernando Antunes)
"Em Mato Grosso do Sul ainda não fechamos, mas pode acontecer, estamos otimizando custos pra sobreviver", explica Marcelo Zanatta, presidente executivo da JBS. (Foto: Fernando Antunes)

"Já fechamos duas unidades no Mato Grosso, sendo uma em Cuiabá. Em Mato Grosso do Sul ainda não fechamos, mas pode acontecer, estamos otimizando custos pra sobreviver", afirmou Marcelo Zanatta, presidente executivo da JBS, uma das maiores do setor de carnes do mundo. No Estado, a JBS possui nove unidades.

A declaração foi feita durante audiência pública na manhã desta sexta-feira (10) na Assembleia Legislativa do Estado. Na reunião, representantes da cadeia produtiva da carne bovina discutiram a crise no setor e fechamento de unidades, além de solicitarem políticas de incentivo para o segmento.

A audiência foi pedida pela Assocarnes (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carnes de Mato Grosso do Sul) para buscar, principalmente, apoio aos empresários de pequenos e médios frigoríficos. A associação representa 34 indústrias frigoríficas de MS.

Apoio - "Os pequenos empresários precisam do mesmo acesso a incentivos que os grandes têm. Queremos debater com o governo o equilíbrio fiscal do setor", defendeu o presidente da entidade, João Alberto Dias.

Para o diretor da JBS, o principal desafio do segmento, no momento, é a falta matéria-prima para abate. "Existe pouca oferta de boi gordo pronto para o abate, por isso, frigoríficos fecharam", contextualiza.

"Não só frigoríficos pequenos fecharam, mas também unidades da Minerva e da Marfrig, concorrentes nossos, grandes potências da carne bovina, também não estão encontrando condições de sobrevivência", amplia Zanatta.

"Os pequenos empresários precisam do mesmo acesso a incentivos que os grandes têm", afirma presidente da Assocarnes, João Alberto Dias. (Foto: Fernando Antunes)

Diminuição - Nos últimos anos, a marca sofreu queda de 62% no número de cabeças de gado abatidas por dia. "Há poucos anos a JBS abatia de 12 mil a 13 mil cabeças de gado por dia. Agora, são cerca de 8 mil cabeças/dia. No Mato Grosso do Sul, cerca de 30% da nossa capacidade está em ociosidade em relação ao total da capacidade que temos", detalha o diretor.

Em Mato Grosso, por exemplo, a quantidade abatida nas atuais 12 unidades da empresa no estado vizinho poderia ser abatida em apenas 9 unidades, segundo Zanatta.

Com pouca carne disponível aos frigoríficos, é oferecida menor quantidade do produto no mercado, o que acaba retraindo o consumo de carne bovina, situação potencializada pela crise econômica no país, ainda de acordo com o diretor executivo.

Devido ao cenário negativo dos frigoríficos de Mato Grosso do Sul, nesta semana a JBS concedeu férias coletivas de 20 dias a cerca de 400 funcionários da unidade de Nova Andradina, a 300 quilômetros da Capital.

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