Economia

Planta típica do cerrado vira linha de cosméticos naturais criada por médica

O extrato do barbatimão é retirado das árvores por famílias de assentamento em Anastácio

Caroline Maldonado | 29/12/2015 07:55
Barbatimão é adstringente, cicatrizante, bactericida, antisséptica e antiviral (Foto: Fernando Antunes)
Barbatimão é adstringente, cicatrizante, bactericida, antisséptica e antiviral (Foto: Fernando Antunes)

Dez anos de pesquisa e o encantamento pelos extratos do Cerrado sul-mato-grossense deram origem a uma marca de cosméticos patenteada pela médica Anna Mattos, uma paulista que vive há mais de 25 anos em Campo Grande. O projeto foi crescendo aos poucos e hoje envolve 100 famílias do assentamento Monjolinho, em Anastácio, a 135 quilômetros da Capital. O extrato das árvores de barbatimão nativas se transformou em cremes para corpo e rosto, sabonete e loção de barbear.

O barbatimão é uma árvore pequena, cujo o extrato tem ação adstringente, cicatrizante, bactericida, antisséptica e antiviral. O produto é explorado pela indústria, que faz cremes com fins medicinais e a planta é conhecida como “casca que aperta” ou "casca da virgindade", porque os banhos de assento têm capacidade de comprimir o órgão feminino.

Há mais de 20 anos atuando como ginecologista, a médica percebeu que a planta poderia trazer outros benefícios, não somente para as mulheres, por isso criou a linha cosmética. A patente foi concedida, porque o produto é diferente dos cremes que já existem, pois o extrato é orgânico, ou seja, não utiliza agentes químicos sintéticos na manipulação.

“O diferencial é que é tudo natural, não tem nenhum impacto negativo para a pele e além disso o foco é na beleza sustentável, que respeita a natureza e gera renda para pessoas que moram próximo a essas plantas. Nós não plantamos barbatimão, mas extraímos das árvores que já estão lá e não são prejudicadas, desde que a extração seja feita da maneira correta”, explica a médica. 

A ginecologista que trabalha em parceria com o marido, o pediatra Rafael Donha, se inspirou nas linhas da Natura ao conhecer a unidade da empresa em Cajamar, no Estado de São Paulo. Depois disso, ela fez um plano de negócio é apresentou o trabalho a pesquisadores da Agência de Inovação e Empreendedorismo “S Inova” da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), que somaram com noções de empreendimento e inovação tecnológica.

A partir daí, surgiu a cadeia produtiva e novos planos, que incluem a exportação dos produtos e lançamento de outras linhas com mais extratos do Cerrado, como pitanga e guavira. Por enquanto, a produção depende de insdústria em São Paulo, mas a parceria com a universidade vai garantir a finalização aqui em Campo Grande, em 2016.

Cadeia produtiva do extrato do barbatimão inclui cem famílias de assentamento (Foto: Fernando Antunes)
Linha de cosméticos de barbatimão foi patenteada pela médica Anna Mattos (Foto: Fernando Antunes)

Revenda – Quem quiser adquirir os cosméticos, eles agora são vendidos em um quiosque no Aeroporto Internacional de Campo Grande e por meio de uma rede de revenda.

Os preços são baixos, porque o processo é simples e usa plantas nativas, segundo a médica. No quiosque do Aeroporto, o sabonete líquido de barbatimão, com 200ml, sai por R$ 24,90. O sabonete em barra de 70g custa R$ 14,90, o creme de rosto com 200g é R$ 19,90 e a loção para barbear de 60g é vendida por R$ 24.

O aroma é suave e a cor dos produtos é, naturalmente, marrom avermelhada. A ideia é expandir a produção e fazer a linha chegar mais longe por meio de revendedores. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (67) 9974-8484.

A linha também está no Facebook e atende pelo telefone 3384-1308. 

No quiosque do Aeroporto, o sabonete líquido de barbatimão, com 200 ml, sai por R$ 24,90 (Foto: Fernando Antunes)
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