Economia

Pesquisa mostra que mais famílias têm conseguido pagar dívidas em MS

Estudo aponta manutenção dos índices de inadimplência entre agosto e setembro, com mais famílias em condições de quitar débitos

Humberto Marques | 16/09/2019 15:03
Pesquisa da CNC e Fecomércio mostra avanço no número de pessoas dispostas a quitar dívidas. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Pesquisa da CNC e Fecomércio mostra avanço no número de pessoas dispostas a quitar dívidas. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

A rodada de setembro da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, mostra que mais famílias em Campo Grande têm afirmado ter condições de pagarem suas dívidas. O índice, que em agosto foi de 12,1%, chegou a 11,5% no mês, segundo dados da Fecomércio-MS (Federação do Comércio do Estado). O percentual de famílias endividadas manteve-se praticamente estável nos dois meses, porém, está abaixo do registrado em setembro de 2018.

Os 11,5% que em setembro disseram não ter condições de pagar suas vítimas representam o mesmo índice de julho e o segundo menor percentual dos últimos 12 meses, atrás apenas de abril (10,6). Já o total de endividados representa 56,7% do total, ante 56,6% no mês passado.

Também caiu o volume de endividados que admitem já ter contas em atraso, chegando a 30%, ante 39,7% em agosto. Os menos percentuais do ano vieram em abril (27,4%), maio (28,4%) e março (29,7%).

Em valores absolutos, o total de endividados em setembro foi de 175.750 pessoas, com 93.177 pessoas com contas já em atraso e 35.548 sem condições de quitar os compromissos. Em agosto, os números foram de 175.377, 95.307 e 37.455, respectivamente.

“Tecnicamente, podemos dizer que mantemos o mesmo número de pessoas endividadas no mês de agosto”, afirmou Daniela Dias, economista do Instituto de Pesquisas da Fecomércio-MS. Os 56,7% em setembro deste ano, porém, está bem abaixo dos 58,9% apontados no mesmo mês do ano passado.

Ela chamou a atenção, porém, para o recuo do total de pessoas sem condições de pagar as dívidas. “Isso significa que os consumidores estão, aos poucos, colocando suas contas em dia”, avaliou Daniela, segundo quem a liberação dos próximos lotes de restituição do Imposto de Renda e a liberação dos saques de até R$ 500 em contas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) podem levar a um índice de recuperação de crédito ainda melhor em outubro.

Dados da inadimplência medidos mês a mês pela CNC na Capital. (Imagem: Reprodução)

Causas – Dentre o universo de pessoas endividadas, 43,3% negou ter débitos como cheques pré-datados, cartão de crédito, carnês, empréstimos ou prestações de carro e seguros. O número é maior entre aqueles que ganham mais de 10 salários mínimos (63,6%, contra 39,4% de quem tem renda abaixo desse patamar).

Já entre os endividados, 12,4% disseram estar muito endividados (14,2% com renda de até dez mínimos e 3% para quem ganha mais). Os mais ou menos endividados representam 21,7% (24,7% e 6,1%) e os pouco endividados, 22,6% (21,7% e 27,3%).

O IPF também aponta que, entre os endividados, o cartão de crédito é líder absoluto da origem do problema: 69,3% (66,6% de quem ganha até dez mínimos e 83,3% acima desse patamar) informaram ter ali a principal fonte de dívidas.

O estudo ainda aponta tendências de endividamento distintas conforme o avanço da renda. As pessoas com menor rendimento mensal disseram ter comprometimento maior de receitas com carnês, ao passo que os financiamentos representam dívidas mais relevantes a quem ganha mais de dez salários-mínimos.

Carnês (17,4%, sendo 20,2% para a faixa de menor renda e apenas 2,8% na superior) e financiamento de carro (14,7%, com 7,8% e 50%, respectivamente) aparecem na sequência e, logo a seguir, aparece o financiamento imobiliário (13,7%, com 11% a quem ganha até dez salários e 27,8% na faixa superior).

Cartão de crédito segue como principal fonte de despesas. (Imagem: Reprodução)

Fora do vermelho – No ambiente familiar, 53% do total de endividados afirma ter algum tipo de dívida. Novamente, os dados destoam conforme a renda: 60,1% de quem ganha até dez mínimos têm dívidas, contra 16,7% daqueles com rendimento superior.

A pesquisa ainda afirma que 12,8% das pessoas terá condição de pagar totalmente as dívidas no próximo mês, sendo 12% na faixa de menor renda e 16,7% na restante. O pagamento parcial, por sua vez, representa 27% do universo (19,2% na menor renda do estudo e 66,7% na maior).

Já o percentual de pessoas que não conseguirá cumprir com os compromissos equivalem a 38,2% do total neste levantamento –e 11,5% na pesquisa geral–, sendo 42,3% com renda até dez salários e 16,7% acima dessa faixa.

A maioria dos endividados está nesta situação há mais de 90 dias (44,1%), com 21,7% relatando débitos entre 30 e 90 dias e 10,6% em até 30 dias. Em geral, a média de dias em atraso é de 71,1.

O maior comprometimento, por sua vez, é com débitos superiores a um ano, perfazendo 37,6% dos devedores; enquanto 8,3% disse ter dívidas entre seis meses e um ano; 9,2% entre 3 e 6 meses e 7,1% por apenas três meses. Outros 37,8% não soube responder.

Os débitos existentes comprometem entre 11% e até metade da renda de 53,9% dos endividados, segundo o IPF. A média, porém, é de 30% das receitas mensais amarradas a estes compromissos.

O percentual de pessoas que disse ter mais de 50% de sua renda amarrada a débitos é de 5,7%, e de 7,1% em valores inferiores a 10% das finanças.

A pesquisa ouviu 500 pessoas em Campo Grande e tem um intervalo de confiança de 95%. Os dados foram coletados nos últimos dez dias de agosto.

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