Economia

Número de reclamações no Procon quase dobrou no primeiro semestre

Zana Zaidan | 22/09/2013 08:28
Jacqueline, que há um mês tenta trocar o sofá novo que sempre chega mofado
Jacqueline, que há um mês tenta trocar o sofá novo que sempre chega mofado

Nem o descaso de determinadas empresas e prestadoras de serviço faz os consumidores desistirem de fazer valer os direitos. Amparados pelo Código de Defesa de Consumidor e mais conscientes do estrago que um mau atendimento pode causar para a marca, os insatisfeitos “batem o pé” até recuperar o dinheiro gasto na compra.

Com isso, o número de reclamações e de processos administrativos no Procon/MS quase dobrou no primeiro semestre de 2013 comparado com ao mesmo período de 2012. “Com as denúncias, as empresas se tornam mais zelosas no trato com o cliente, porque sabem que podem ter a imagem manchada ao vigorar no ranking das mais reclamadas. Quem é que vai querer comprar de uma marca que não atende bem o consumidor?”, questiona o superintendente do órgão no Estado, Alexandre Rezende.

Prestes a mudar para um novo apartamento, Jacqueline Naujorks, 30 anos, comprou um sofá no dia 31 de agosto e, até hoje, quase um mês depois, enfrenta problemas com a loja. “Preciso de um sofá que não seja de tecido, porque sofro de asma e não posso correr o risco de ficar perto de mofo. O problema é que o sofá que chegou para mim, era completamente o oposto ao que eu precisava: veio completamente mofado”, conta, e acrescenta ter ficado três dias internada por causa de crises alérgicas. Jacqueline fez fotos para documentar o problema, caso precisasse acionar judicialmente a empresa que fez a venda.

Depois de dois novos sofás – que chegaram com o mesmo problema, reclamações em órgãos de defesa do consumidor e paciência para enfrentar intermináveis negociações, ora com o SAC, ora com o gerente da loja, Jacqueline recebeu a garantia de que, na próxima terça-feira (24), o quarto sofá chegará em bom estado. “Nesse meio tempo tive prejuízos enormes. São os gastos com o hospital, fora que, até hoje, não consegui mudar para o apartamento novo e estou pagando dois aluguéis porque também se recusam a tirar o sofá, que foi para o novo endereço, até que um novo seja entregue. Não posso ficar na mesma casa onde está o sofá que me causou alergias e me fez parar no hospital”.

A dor de cabeça de Carlos Henrique foi diferente, mas ele também não deixou passar o erro da empresa e registrou um boletim de ocorrência contra uma operadora de cartão de crédito. O valor da fatura, que venceu no dia último dia 26, era de R$ 430, mas, ao checar o recibo, Carlos percebeu que constava o pagamento de apenas R$ 32,60.

“Procurei o gerente da loja onde tinha feito o pagamento e ele me disse que não poderia fazer nada, e que eu procurasse a empresa do cartão. Não consegui resolver com eles e vou registrar a ocorrência porque acho que a caixa agiu de má fé, já que segundo o gerente a diferença não apareceu no balanço da empresa”, conta. A intenção é ter o problema registrado formalmente, caso precise mover alguma ação judicial se a dívida for cobrada ou o nome incluído em serviços de proteção ao crédito.

Para Rezende, o consumidor também está mais informado sobre como proceder. “Hoje, já tomam precauções como tirar fotos e documentar todo o problema, porque é justamente nestas provas que o consumidor pode ser favorecido em um tribunal de pequenas causas ou no próprio Procon”, afirma.

O consumidor que se sentir lesado de qualquer forma pode denunciar pelo disque-denúncia do Procon, pelo 151, ou ir pessoalmente até a sede do órgão em Campo Grande,na Rua Treze de Junho, 930.

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