Economia

No bairro vizinho ao lixão, falta de dinheiro afeta comércio

Nícholas Vasconcelos e Mariana Lopes | 16/01/2013 08:36
Comércio sofre com a falta de dinheiro dos catadores do lixão. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Comércio sofre com a falta de dinheiro dos catadores do lixão. (Foto: Rodrigo Pazinato)

O período em que o lixão de Campo Grande ficou fechado não afetou apenas os catadores de material reciclável. Trouxe também a falta de dinheiro para os comerciantes da região. Na principal avenida do bairro Dom Antônio Barbosa, a Evelina Selingard, a reclamação de que os clientes desapareceram é comum até para quem trabalha vendendo alimentos.

Há oito anos Walmir Escaramuça tem um mercado no bairro e disse que há 20 dias não faz pedido para renovar o estoque porque as vendas despencaram. “O movimento caiu 40% porque a economia aqui é reciclagem, mas pelo visto é uma realidade que até 2014 não vai poder ter”, comentou.

“Na vila o assunto é um só: ninguém tem dinheiro para nada”, disse.

Na panificadora que fica na mesa avenida a proibição do acesso ao lixão fez com que os pedidos de doação também aumentassem. “Começou a aparecer gente pedindo pão até vencido”, disse a ajudante de padaria, Ana Paula Silva dos Santos. “As pessoas sobrevivem com o lixão, o impacto foi grande para todos”, comenta.

“Antes a gente ficava aberto 24 horas e com o movimento, agora nem de dia e nem de noite”, desabafou a Nelci Ramos, dona de uma conveniência. Ela disse que o movimento teve queda de 50% e espera na reabertura do lixão a volta dos fregueses.

Na conveniência, estoque está parado por falta de compradores. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Revendedora, Eliane espera volta dos catadores. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Nesta terça-feira (15) os catadores foram autorizados a voltar ao lixão para recolher materiais recicláveis, por força de uma liminar na Justiça Estadual.

Segundo os comerciantes, janeiro costuma ser um mês mais fraco para as vendas, mas que a queda foi além do esperado. “Ninguém está vendendo nada”, resumiu a funcionária de uma loja de roupas, Estefany da Conceição.

Quem dependente diretamente da compra e venda plástico, papel, vidro e alumínio sofre com a restrição. Eliane Pires, compradora de material também reclama da falta do que vender e conta que só consegue se manter porque comercializa aquilo que já tinha no estoque. “Eu preciso dos catadores para o meu sustento, mas eu sei que lá tem muita gente que precisa”.

Ela revende o material para uma empresa de reciclagem que compra de outros 10 catadores e disse que ajuda a girar a economia do bairro, já que paga a vista pelos produtos.

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