Economia

JBS inaugura novo laboratório e diz que encurta gastos no controle de qualidade

Um dos testes que passará a ser feito em Campo Grande só era realizado em Londres

Ricardo Campos Jr. | 10/04/2018 16:37
Corte de carne pronto para ser embalada em uma das esteiras da JBS (Foto: divulgação)
Corte de carne pronto para ser embalada em uma das esteiras da JBS (Foto: divulgação)

O grupo JBS investiu R$ 1,3 milhão em um laboratório de última geração na unidade de Campo Grande que vai otimizar o processo de controle de qualidade dos produtos. Com as novas instalações, a empresa ainda vai reduzir gastos com envio de amostras inclusive ao exterior, no caso de testes específicos que antes só eram feitos em Londres.

“Esses custos são importantes, mas o que nos motivou mesmo a fazer esses investimentos foi a possibilidade de receber os resultados com mais agilidade”, explica Emilia Raucci, diretora executiva de qualidade da parte de carnes da companhia.

A convite da companhia, o Campo Grande News visitou o local nesta terça-feira (10). Passam pela análise desde a água usada no frigorífico até os insumos e a própria carne que é produzida não apenas na Capital, mas em todas as outras unidades de Mato Grosso do Sul.

Os funcionários verificam as características físico-químicas das amostras, como PH e aparência, mas também fazem testes que permitem identificar a presença de certos micro-organismos, muitos deles não comprometem a saúde dos consumidores, mas alteram o aspecto dos cortes.

“Quando essas análises eram feitas fora da empresa, demoravam até três semanas e agora eles saem em até 72 horas. Com esse conhecimento do resultado mais rápido, temos condições também de atuar mais rapidamente para sanar essas situações na produção”, diz Emília.

Funcionários da JBS trabalhando a todo o vapor no corte das carnes (Foto: divulgação)

Essas pesquisas são exigidas pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para manter a certificação dos frigoríficos. Emília acredita que sem precisar enviar os produtos a laboratórios terceirizados a empresa gaste quatro vezes menos com esse protocolo.

“Trata-se mais de uma ação de prevenção, na verdade atesta a qualidade da higienização que a empresa adota”, explica a diretora executiva.

O cuidado para evitar a contaminação é norma, não apenas no laboratório, mas em todos os setores, onde são obrigatórias as lavagens das botas e mãos antes de entrar. Estima-se que o setor realize 4,5 mil ensaios por mês, embora tenha capacidade para 12 mil análises por turno.

Esse setor, embora já esteja operando, está passando por um processo de certificação pela ISO (Organização Nacional de Normalização). Nos últimos dias, a mesma análise feita dentro da JBS é repetida por vários laboratórios escolhidos pela entidade internacional para checar se os resultados são fidedignos.

Quando esse processo for concluído será colocada em operação a máquina que identifica o DNA do clostridium, micro-organismo que não faz nada com o ser humano, mas deixa a aparência da carne repugnante. Esse teste só era feito no exterior.

A unidade da saída para Sidrolândia processa diariamente de 90 a 100 toneladas de carne somente no setor de industrializados (Foto: divulgação)

Por dentro do frigorífico – A equipe de reportagem percorreu os corredores do JBS da saída para Sidrolândia acompanhada por diretores da empresa. A impressão que se tem é que o local funciona como as engrenagens de um relógio.

No setor de industrializados, a carne congelada é triturada, misturada aos ingredientes e logo aparecem na esteira em formato de hambúrgueres. A companhia é a responsável pelo fornecimento a grandes redes de fast food.

Antes de entrarem na caixa (processo totalmente automatizado), eles são pesados e os que não atingiram as medidas padrão são descartados. A unidade da saída para Sidrolândia processa diariamente de 90 a 100 toneladas de carne somente nesse seguimento.

No setor de desossa funciona em um galpão onde um mar de gente se divide em várias esteiras. Os funcionários além de entender bem de todos os cortes bovinos, adquirem conhecimento de como o produto é consumido mundo afora.

Por exemplo, quando determinado lote é destinado aos chilenos, por exemplo, devem contar um percentual específico de gordura, diferentemente do gosto dos consumidores locais.

Unidade da JBS na saída para Sidrolândia (Foto: divulgação)
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