Economia

Inmetro diz que hand spinner não é brinquedo e promete operação

Produto virou febre entre as crianças, mas órgão aponta para cuidados e uso irregular

Ricardo Campos Jr. | 30/06/2017 13:38
Colocado entre os dedos e impulsionado, objeto gira, permitindo diversas manobras (Foto: Alcides Neto)
Colocado entre os dedos e impulsionado, objeto gira, permitindo diversas manobras (Foto: Alcides Neto)

Criado para aliviar ansiedade, o hand spinner tornou-se um brinquedo. Febre entre a garotada, o produto requer cautela e atenção por parte dos pais. Segundo a AEM-MS (Agência Estadual de Metrologia), ligado ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia), ele não deve ser dado a crianças abaixo de 6 anos pelo risco de acidentes. O órgão fará uma operação nas próximas semanas para recolher as unidades sem o selo de qualidade.

Alguns brinquedos são equipados com luzes de led (Foto: Alcides Neto)

O objeto é como um pião, composto por várias pontas que convergem para um rolamento. Uma vez segurado com os dedos e impulsionado, ele começa a rodar até perder a força e parar. Alguns são incrementados com luzes de led, que formam desenhos variados quando posto em ação.

Por ter se tornado febre entre os mais jovens, é extremamente fácil encontrá-los, embora a qualidade dos materiais usados na fabricação esteja diretamente ligada na segurança para os usuários.

Luciana Bon, diretora técnica da AEM-MS, explica que por ter entrado no mercado como recurso terapêutico, não foi preciso ter o selo para ser vendido. Contudo, uma vez que passou a ser usado como brinquedo, o órgão já deu início aos testes de qualidade.

“O produto foi desenvolvido para aliviar a ansiedade. O que aconteceu é que as crianças estão brincando e tivemos bastantes reclamações de peças que soltam”, afirma.

A direção nacional do Inmetro informou ao Campo Grande News que 200 modelos de spinners de nove marcas diferentes já foram aferidos e estão no mercado com o selo de qualidade. Os técnicos chegaram à conclusão que ele só pode ser manuseado por jovens a partir de seis anos. As análises continuam até que todas as variedades disponíveis no país sejam postas à prova.

Luciana afirma que a AEM fará uma vistoria nos próximos dias para flagrar a venda de spinners sem o selo do Inmetro. Ela não entrou em detalhes para não atrapalhar a ação.Quem for pego comercializando produtos desse tipo sem o selo de qualidade terá a mercadoria apreendida e estará sujeito a multa de R$ 100 a R$ 1,5 milhão

Vendedora tem o cuidado de orientar pais sobre os materiais do spinner levando em conta a idade das crianças (Foto: Alcides Neto)

Ganha pão - Marcos Umbelino da Silva é dono de um box no camelódromo de Campo Grande que vende spinners. A maioria é feita de plástico, mas existem modelos mais caros, de metal, que chegam a pesar, e cujo manuseio cabe aos mais experientes.

Os vendedores, segundo ele, orientam os pais principalmente quando observam que os filhos são muito pequenos, recomendando peças mais leves e sem furos para evitar acidentes. “A febre do spinner nos ajudou bastante. Metade das pessoas hoje estão procurando por ele e quando vêm ao camelódromo, aproveitam para comprar outras coisas”, explica.

Uma outra comerciante de 40 anos que pediu para não ser identificada afirma que os brinquedos custam a partir de R$ 10. “Não é só a gurizada que compra, mas adultos também. A segurança vai da consciência dos pais”, opina.

Rui foi ao camelódromo nesta sexta para comprar o segundo hand spinner (Foto: Alcides Neto)

Voz da experiência – Ruy Barbosa de Medeiros Neto, 10 anos, foi ao camelódromo nesta sexta-feira (30) para adquirir o segundo hand spinner, já que o primeiro teve o rolamento quebrado. “Eu tinha visto na internet, mas não me interessei. Mas aí vi que a sala inteira estava comprando e quis um também”.

A brincadeira no recreio, segundo ele, é levada a sério. Todos são colocados para girar ao mesmo tempo para ver quem para por último. Os cronômetros dos celulares são usados para medir o quanto eles permanecem ativos.

Outra modalidade é girá-lo sobre os dedos e passá-lo de uma mão a outra antes que ele pare.

Loriana Medeiros, 36 anos, é mãe de Ruy e teve o cuidado de observar a segurança do aparelho antes de dá-lo ao filho.

Por já estar na pré-adolescência, não há o risco de prender o dedo ou ingerir peças, cabendo então observar os materiais, já que uma pancada com um spinner de metal, por exemplo, pode machucar. “Os pais devem observar com certeza”, afirmou ao Campo Grande News.

Dependendo dos materiais, spinners formam desenhos no ar enquanto giram (Foto: Alcides Neto)
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