Economia

Inflação na Capital fica abaixo da meta, mas habitação e alimentação pesaram

IPC-CG foi de 3,7% em 2018, abaixo dos 4,5% estipulados como teto no Brasil pelo Conselho Monetário Nacional; preço da batata subiu mais de 50%

Humberto Marques | 18/01/2019 14:40
Com alta superior a 50% em dezembro, batata ajudou a pressionar índice de inflação no último mês. (Foto: Arquivo)
Com alta superior a 50% em dezembro, batata ajudou a pressionar índice de inflação no último mês. (Foto: Arquivo)

A Capital fechou o ano de 2018 com uma inflação acumulada de 3,7%, apurada pelo Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais), da Uniderp. O IPC-CG (Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande) ficou abaixo da meta inflacionária do país para o ano passado, de 4,5%, estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Os grupos Habitação e Alimentação foram os que mais pressionaram os preços no município, enquanto o item Transportes sofreu forte deflação.

O Nepes realiza o acompanhamento da inflação em Campo Grande há 16 anos. Os dados de dezembro de 2018 também mostraram, para aquele mês, uma inflação de 0,14%, o menor indicador para o período desde 2007 –quando o índice foi de 0,02%.

Celso Correia de Souza, coordenador do Nepes, lista uma série de fatores que colaboraram com a inflação abaixo da meta. “A estabilização do valor do dólar frente ao real após as eleições pode ter impactado em quedas de preços de alguns produtos importados, como o trigo, máquinas de alta precisão, eletroeletrônicos, gasolina e produtos natalinos em geral. Outros fatores que influenciaram foram o alto desemprego no país, os juros ainda elevados e o grande endividamento da população”.

O coordenador também aponta que as frequentas quedas no preço dos combustíveis ao longo do ano passado também favoreceram a inflação baixa.

Campos – O levantamento ao longo dos últimos 12 meses mostra que os grupos Habitação (produtos de limpeza, manutenção domiciliar e tarifas de serviços públicos), com alta nos preços de 6,42%, e Alimentação (4,66%), foram os que mais pressionaram a inflação.

Dos 15 cortes de carne pesquisados pelo Nepes, 8 ficaram mais caros em dezembro. (Foto: Arquivo)

No mesmo período, o grupo Transportes teve uma forte deflação (queda nos preços), de -3,53%. Outros campos importantes, como Educação, Despesas Pessoais, Saúde e Vestuário ficaram com taxas dentro da normalidade.

Em dezembro, a Habitação registrou inflação de 0,91%, contribuindo com 0,29% no índice geral do mês. As maiores flutuações ocorreram nos preços de desinfetantes (6,53%), limpa-vidros (6,11%) e conta de telefonia celular (5,41%). Por outro lado, houve quedas nos preços das pilhas (-3,49%), carvão (-2,6%) e esponja de aço (-1,27%).

Próximo, a Alimentação teve alta de 0,9% nos preços, colaborando com 0,18% no IPC. Já a Saúde teve inflação de 0,09% e contribuição de 0,01% no percentual total. A alta nas refeições foi resultado do clima severo em regiões produtoras de alimentos, principalmente frutas e legumes. Também contribuiu para a flutuação nesse item a maior procura por itens, como carnes, frutas e bebidas –em decorrência das festas de Natal e Réveillon.

A batata apresentou a maior alta de preços: 52,30%. Também tiveram elevações consideráveis o maracujá (28,53%), a cebola (26,31%), a maçã (18,99%) e os queijos muçarela e prato (16,43%). Já o limão viu os preços recuarem 43%. Tomate (-13,3%) e chuchu (-12,84%) também registraram quedas consideráveis.

O Nepes também faz o acompanhamento de 15 cortes de carnes, verificando aumento nos preços de oito: filé mignon (4,77%), patinho (4,31%), picanha (3,72%), peito (3,45%), alcatra (2,34%), músculo (1,3%), contra filé (0,57%) e vísceras (0,45%). Tiveram quedas o cupim (-4,55%), acém (-3,71%), costela (-2,64%), coxão mole (-2,56%), paleta (-2,49%), fígado (-2,31%) e lagarto (-0,01%).

Baixa nos preços dos combustíveis ajudaram o setor de Transportes a registrar deflação. (Foto: Arquivo)

Quanto à carne suína, tiveram quedas a costeleta (-2,79%) e o pernil (-0,92%); enquanto a bisteca ficou 3,71% mais cara. O frango resfriado teve alta de 3,26% e os miúdos reduziram 3,04%.

A Saúde teve pequena alta de 0,09%, por conta da alta dos materiais para curativo (2,23%) e analgésicos e antitérmicos (0,01%).

Reduções – O setor de transportes registrou queda de 1,85%, empurrado pelas retrações nos preços da gasolina (-3,07%), diesel (-1,87%), etanol e pneus novos (-0,02%). No cálculo do IPC, o setor registrou contribuição de -0,28% no índice.

Outro setor em queda foi o da Educação, com deflação de -0,12%, apesar de ser registrada uma procura maior por matrículas na rede particular, como no Ensino Fundamental (8,35%) e Educação Infantil (6,95%). A procura por artigos de papelaria registrou avanço de 0,28%. Por outro lado, as mensalidades no Ensino Superior tiveram queda média de 4,92%. No IPC, os percentuais do grupo impactaram em -0,01%.

As Despesas Pessoais reduziram 0,61%. Hidratante (6,55%), ingresso de cinema (4,64%) e produtos de limpeza de pele (2,79%) pressionaram o índice, mas acabaram seguros por baixas como a do fio dental (-3,95%), protetor solar (-3,82%) e creme dental (-3,7%). O peso do grupo no IPC foi de -0,05%.

Por fim, houve deflação de -0,1% no Vestuário. Camisa masculina (6,65%), saia (6,59%), chinelos e sandálias masculinos (6,58%) tiveram as maiores altas, enquanto vestidos (-5,61%), camiseta feminina (-5,05%) e shorts e bermudas masculinas (-4,25%) ajudaram a conter o grupo, que impactou -0,01% na inflação de dezembro.

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