Economia

Ilusão do crédito fácil faz endividamento começar mais cedo

Mariana Lopes | 16/10/2012 15:20
Maria de Fátima se endividou com compras de valores baixos (Foto: Minamar Júnior)
Maria de Fátima se endividou com compras de valores baixos (Foto: Minamar Júnior)

Já cantava Paulinho da Viola que “dinheiro na mão é vendaval”. Se fosse para fazer uma adaptação da música sobre o cenário econômico atual, a letra diria que cartão de crédito é temporal impetuoso e pode se transformar fácil em uma bola de neve caso não for bem administrado. E aí a consequência direta é o endividamento, que está começando cada vez mais cedo.

No Brasil, mais de 35 milhões de pessoas entraram no mercado de crédito, segundo a pesquisa da Boa Vista Serviços, empresa administradora da SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

Segundo o economista Flávio Calife, da Boa Vista Serviços, a maioria dos inadimplentes é o “novo consumidor”. “Ele não conhece bem como funciona o crédito, não avalia prazos e juros e acaba utilizando de forma indevida, então é comum a inadimplência por falta de experiência”, explica.

O estudante Bruno Marinho, de 19 anos, entrou no limite do cartão de crédito, em menos de um ano, gastando em balada. “Meu limite é de R$1.500, fui passando e não controlava, quando vi já tinha explodido”, conta. Para o jovem, o crédito pode ser um benefício, desde que bem usado. “Tem que saber administrar e gastar com coisas essenciais”, pondera.

De acordo com o economista, para o consumidor não perder o controle do crédito é necessário conhecer os gastos e utilizar dentro da capacidade de pagamento ou para aumentar o patrimônio, ou seja, um investimento que gere rendimento.

“O problema é o limite que é alto, se não tiver muito controle dos gastos, se enforca mesmo”, pontua a babá Maria de Fátima Alves Nascimento, de 40 anos. Ela tem cartão de crédito há dois anos e acabou se endividando com compras de pequeno valor. “A maior parte é roupa”, confessa.

 

O estudante Bruno estourou o limite do cartão de crédito em baladas (Foto: Minamar Júnior)

De acordo com o economista, para o consumidor não perder o controle do crédito é necessário conhecer os gastos e utilizar dentro da capacidade de pagamento ou para aumentar o patrimônio, ou seja, um investimento que gere rendimento.

Embora também tenha se endividado, Kelly Cristiny Barbosa de Lima, de 29 anos, usou o crédito para comprar material de construção para reformar a casa onde mora. “Me enrosquei no parcelamento, fui pagando só o mínimo e virou uma bola de neve, não dei conta de colocar em dia”, conta.

Ela usa o cartão de crédito há três anos, mas o endividamento chegou em menos de um ano, e até hoje ela tenta pagar o que deve. “O que me conforta é que investi na minha casa, não foi consumismo”, argumenta.

Flávio explica que o crédito é bom em casos como este, que o consumidor investe em um bem durável. “Mas a preocupação é de que os novos consumidores utilizam de forma demasiada”, enfatiza.

O economista aponta que um estudo recente mostra que aumentaram as inadimplências de gastos com alimentação e vestuário. “As pessoas usam o cartão para tudo, no dia-a-dia, com gastos correntes, que podem descontrolar alguns orçamentos”, explica.

Em 2011, de janeiro a setembro, o valor de inadimplência é de 22% entre os consumidores de crédito. Neste ano, o número baixou para 6%, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2011, o índice de recuperação por crédito cresceu 18%, e neste ano, 13,9%.

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