Economia

Frigorífico de jacarés leva qualidade do Pantanal ao mundo, diz Reinaldo

Com capacidade para abater 600 animais por dia e com investimento de R$ 30 milhões, primeiro frigorífico de jacarés de MS foi inaugurado hoje

Richelieu de Carlo | 21/09/2017 16:06
Governador Reinaldo Azambuja discursa durante inauguração de frigorífico de jacarés. (Foto: Priscilla Peres)
Governador Reinaldo Azambuja discursa durante inauguração de frigorífico de jacarés. (Foto: Priscilla Peres)

"Esse empreendimento traz para Corumbá uma nova alternativa de renda e leva carne, couro e artesanato produzidos com qualidade, tecnologia e sustentabilidade para o Brasil e o mundo", disse o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que esteve acompanhado do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na inauguração do primeiro frigorífico de carne de jacaré de Mato Grosso do Sul, nesta quinta-feira (21).

A inauguração acontece durante as comemorações dos 239 anos de Corumbá, município pantaneiro localizado a 419 quilômetros de Campo Grande. Além do governador e do ministro, visitaram as instalações do frigorífico o prefeito da cidade, Ruiter Cunha, o senador Pedro Chaves (PSC) e deputados estaduais e federais.

O frigorífico foi construído pela empresa Caimasul (Caimans do Sul do Pantanal Importação e Exportação), que investiu R$ 30 milhões na unidade com capacidade de abater 600 animais por dia e deve gerar 150 empregos diretos, com previsão de produzir 350 toneladas de carne por ano e 10 mil peles.

"O evento de hoje é um marco na história do Pantanal, uso sustentável dos recursos naturais que representam uma nova oportunidade econômica no Estado", disse BlairoMaggi, que parabenizou os empresários por terminarem "projeto tão inovador e importante".

O ministro da Agricultura incrementou seu discurso com dados da economia do setor. Informou que são 85 bilhões de dólares exportados em alimentos do País, e importamos 10 bilhões de dólares. O Brasil tem de 6 a 7% do mercado mundial de alimentos, segundo Maggi, a intenção é chegar a 10%, mas para isso precisa justamente da ajuda de projetos novos e a diversificação dos produtos.

Ministro Blairo Maggi (de azul), Pedro Chaves e Reinaldo Azambuja recebem artigos produzidos com couro de jacaré. (Foto: Priscilla Peres)

"Vamos poder oferecer algo novo para o mercado nacional e internacional, que leva uma marca forte que é o Pantanal. Não tenho dúvidas que, além dos empregos e oportunidades, a gente vai avançar bastante, porque é um nicho de mercado interessante e novo", discursou Reinaldo Azambuja durante a inauguração.

A construção do frigorífico foi lançada há pouco mais de um ano, no dia 16 de junho. Está localizado à margem da BR-262, distante aproximadamente 35 quilômetros da área urbana de Corumbá, em uma fazenda de 154 hectares.

O abatedouro tem autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para funcionar e faz parte do projeto Caimasul, complexo industrial que engloba criação, engorda e abate de jacarés.

"Aqui nós temos o ciclo completo da cadeia produtiva do jacaré e é um ótimo exemplo de que é possível encontrar o equilíbrio entre a sustentabilidade e a produção", disse o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck sobre o frigorífico.

"Ainda vai ajudar a gerar emprego e renda em uma nova vertente da economia do estado, que ainda vai gerar turismo e desenvolvimento", complementou.

Jacarés em uma das baias da fazenda no frigorífico. (Foto: Priscilla Peres)

A tecnologia empregada permite o reaproveitamento total do animal. A planta industrial é composta por curtume, fábrica de ração para répteis, loja de artesanatos e sede administrativa. Do jacaré é aproveitado a carne, são 11 diferentes tipos de cortes, o couro, a cabeça e até as vísceras, que serão transformadas em ração animal pela própria empresa.

A produção de carne deve ser comercializada no mercado interno, enquanto que 70% dos couros vão para o exterior.
No primeiro mês de funcionamento, a expectativa é de que a produção chegue a sete toneladas de carne e 2.300 mil de peles. Atualmente estão confinados 79 mil animais, com 30 mil prontos para o abate.

Apesar de ser construído apenas com recursos privados, o frigorífico é um projeto sustentável que contou com o apoio do Governo do Estado, por meio de incentivos fiscais e do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que fez estudos específicos para conceder a licença ambiental ao empreendimento.

"Temos o compromisso de criar uma fundação, destinando valor para cada animal abatido no frigorífico e transformar Corumbá em um polo de produção e consumo de jacaré. E um cortume, ainda a ser inaugurado, para o Brasil ser um grande produtor de peles exóticas legais", declarou Raul do Amaral, presidente da Caimasul.

Baias onde são criados os jacarés em cativeiro. (Foto: Divulgação/Caimasul)
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