Economia

Fiscalização retira de supermercados marca reprovada de azeite de oliva

Novos lotes devem passar por análise de qualidade do Mapa

Kleber Clajus | 21/05/2018 10:57

O azeite Conde de Torres, da empresa Ali Import Importação e Exportação, será recolhido de mercados e supermercados de Mato Grosso do Sul. Ele deve ter novos lotes analisados por fiscais do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) que encontraram, no ano passado, falhas na qualidade do produto e o classificaram como "não-conforme".

Recolhimento do azeite ocorre depois de levantamento do Campo Grande News, em abril, constatar sua venda em estabelecimentos comerciais de Campo Grande. Assim, a equipe da Sipov/SFA-MS (Seção de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Superintendência Federal de Agricultura) solicitou que centro de distribuição faça recall do produto no Estado.

Devem ser avaliados, posteriormente, a qualidade do azeite e informações em seu rótulo. A venda, neste caso, será suspensa temporariamente para averiguações inclusive das notas fiscais de importação do produto. "Não é punição, mas prevenção", justificaram fiscais.

Foi solicitado posicionamento da Ali Import Importação e Exportação sobre a fiscalização, contudo não houve resposta até o fechamento desta matéria. 

Fiscalização - Todo o processo teve início na Operação Isis, em alusão à deusa egípicia que teria criado o azeite extraído da oliveira. Fiscais do Mapa retiraram do mercado 300 mil litros de produtos irregulares e outros 400 mil litros de temperos que tinham rótulos de azeite.

"O número de fraudes ainda é expressivo, mas o trabalho de melhoria do produto continua", ressaltou Fátima Chieppe Parizzi, coordenadora-geral de Qualidade Vegetal do Mapa. “Não vamos desistir. Nosso objetivo é orientar o consumidor. É difícil saber o que é azeite de oliva conforme e não conforme. O consumidor precisa estar atento e não se deixar enganar pelas embalagens bonitas com ilustrações de azeitona ou referências a Portugal e Espanha".

Para fins de fiscalização foram avaliadas 107 marcas de azeite de oliva comercializadas por 65 empresas. Houve a divisão das amostras em dois grupos. O primeiro, com 39 empresas, teve 108 lotes considerados aprovados, enquanto o segundo com 26 empresas somou 160 lotes reprovados. Laudos partiram de laboratórios oficiais em Goiás e no Rio Grande do Sul.

Iniciado há quatro anos, o trabalho de análise dos produtos tem apoio da Receita Federal, Ministério Público, Polícia Federal e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em 2018, esperasse ampliar a fiscalização para 470 amostras coletadas em todo o país.

A medida se justifica porque, depois do mercado americano, o Brasil é o maior importador mundial de azeite totalizando 60 mil toneladas no ano passado. As oliveiras cultivadas no país, em propriedades no Rio Grande do Sul, São Paulo e sul de Minas Gerais, produzem hoje menos de 1% do necessário para atender o consumo per capita brasileiro de 0,35 litro. Os norte-americanos, por sua vez, consomem a média de 1 litro.

Cuidados – Os consumidores devem ficar atentos à denominação do produto descrita no rótulo. Isso porque o termo “azeite de oliva” em destaque pode esconder em letras miúdas expressões como “óleo misto ou composto, temperos e molhos”, além de que embalagens com 500 ml de azeite de oliva raramente são comercializadas por menos de R$ 10.

No caso do azeite de oliva virgem, este é classificado em três tipos: o extra virgem (acidez menor que 0,8%), virgem (acidez entre 0,8% e 2%) e lampante (acidez maior que 2%). Os dois primeiros podem ser consumidos in natura, enquanto o terceiro deve ser refinado para consumo, sendo posteriormente classificado como azeite de oliva refinado.

Dados sobre a qualidade do azeite de oliva virgem ou extra virgem devem constar na área principal do rótulo, enquanto os compostos com azeite de oliva refinado usam o termo “tipo único”. Tabelas online listam as 61 marcas com produtos aprovados e 46 não aprovados.

 

 

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