Economia

Filhos mantém tradição de presente e floriculturas vendem 100% a mais

Flávia Lima | 10/05/2015 12:00
O pequeno Marcos Paulo, 4, escolheu um vaso de antúrios para a mãe Raquel. (Foto:Pedro Peralta)
O pequeno Marcos Paulo, 4, escolheu um vaso de antúrios para a mãe Raquel. (Foto:Pedro Peralta)

Quem optou pelas tradicionais flores como presente para o Dia das Mães, mas deixou para comprar o presente neste domingo (10) vai ajudar a incrementar as vendas das floriculturas da Capital em pelo menos 100%, segundo proprietários de estabelecimentos do setor. Alguns comerciantes estão desde às 4 horas da manhã acordados para atender os filhos e maridos que lotaram as lojas no início da manhã, muitos em busca de encomendas feitas ao longo da semana.

A procura vai desde os arranjos mais simples, até as cestas mais elaboradas. A prova de que o setor desconhece crise foi a procura por plantas exóticas, como a registrada em uma floricultura na Rua Ricardo Brandão, no Itanhangá. A proprietária Maria Julieta Martines revela que o movimento cresceu pelo menos 100%, mas neste domingo as vendas superaram as expectativas e ela acredita que vai chegar a 200%.

Há quatro dias os funcionários vem trabalhando até a meia-noite para dar conta de preparar as encomendas, que começaram a ser entregues por moto-entregadores às 6 horas. Para cumprir com a lista de pedidos, ela contratou quatro funcionários temporários, que devem passar o dia de hoje longe das mães, já que a floricultura ficará aberta até o final da tarde, como no ano passado, quando às 17 horas ainda havia os “atrasadinho” em busca de algum arranjo.

Embora ela afirme que os preços encareceram pelo menos 20% devido a alta da conta de luz e combustível, ninguém re clamou dos preços. Por ser uma data especial, a loja só trabalha no dia de hoje com rosas colombianas, com preços que variam de R$90,00 a R$350,00, dependendo da quantidade de flores. Outras plantas exóticas, como antúrio negro, orquídeas e tulipas também tiveram grande procura e obrigaram os filhos a desembolsar entre R$100,00 e R$450,00, caso de uma espécie de orquídea batizada de Vanda.

Maria Julieta diz que a espécie é trazida de São Paulo e precisou ser encomendada com até 15 dias de antecedência. A procura pela originalidade foi tanta, que os arranjos e vasos com preços mais em conta, a partir de R$ 10,00, acabaram ficando em segundo plano. “Quando é para a mãe ninguém economiza”, destaca a empresária.

Carlos Rosa contratou 8 funcionários para dar conta das entregas. (Foto:Pedro Peralta)

A mesma opinião tem o comerciante Carlos Rosa, dono de uma floricultura na Avenida Mato Grosso. Dono de quatro lojas na Capital, ele diz que o gasto médio por cliente foi de R$100,00 a R$130,00. Para oferecer mais opções, ele investiu também nas cestas de café e lanche da tarde, com isso, os filhos que não quiseram acordar a mãe muito cedo para receber o presente, tem a opção de tomar um chá da tarde ou saborear com ela mais tarde uma cesta com chocolates ou produtos diet.

Em sua floricultura ele espera receber neste domingo pelo menos 400 clientes, que poderão escolher arranjos nos vasos variam de R$60,00 a R$150,00 ou das tradicionais rosas, que custam em média, R$90,00. “Não tem como economizar com mãe”, enfatiza. Para garantir que todas as mães recebam os presentes encomendados, pelo menos dez entregadores estão, desde às 6 horas, percorrendo a cidade. O moto-entregador Alex da Silva ia encerrar suas entregas às 14 horas, mas outros colegas iriam se revezar para garantir também as entregas de última hora.

Carlos ressalta que até o fim da tarde é possível fazer encomendas. E a prova de que são os “atrasadinhos” que garantem o maior lucro do dia, são os telefones da loja que não paravam de tocar. Com a contratação de mais oito funcionários, está sendo possível produzir arranjos mais elaborados para os pedidos de última hora.

Em busca de um arranjo para complementar o presente, o policial militar Marcos Paulo Gimenez levou o filho, Marcos Paulo, 4, para escolher um vaso que vai acompanhar o anel escolhido para presentear a esposa Raquel. Ostentando um vaso de begônias vermelhas, o menino disse que o presente era surpresa e que a mãe “não desconfiava de nada”.

Para o policial, o importante é ensinar o filho desde cedo sobre o respeito e consideração que devem prevalecer no relacionamento com as mães, para no futuro, se tornarem homens românticos. O mesmo pensamento tem o comerciante Antônio Moraes, que foi em busca de um vaso de flores do campo. “Para as mães, o importante é a reunião com os filhos. Minha mãe é muito humilde e para ela esse vaso é simbólico. Ela quer mesmo é almoçar com todos”, destaca. Almoço que o comerciante Carlos Rosa só poderá desfrutar nesta segunda-feira. “Minha mãe já está acostumada. Hoje é dia de alegar a s mães dos clientes”, conclui.

Orquídea "Vanda" foi uma das plantas exóticas mais procuradas. (Foto:Pedro Peralta)

Feito à mão – Mas a exuberância das flores verdadeiras não sensibilizou a todos. Sem deixar a tradição de lado, muita gente foi em busca de arranjos de artesanato, atraídos principalmente pelo preço. Há 15 anos vendendo seu trabalho na esquina das ruas Cândido Mariano e 13 de Maio, apenas no Dia das Mães, o representante comercial Alberto Farrel, conta que vira artesão quatro meses antes da data e, ao lado da esposa, produz pelo menos 150 arranjos de flores artificiais, feitas com tecido e plástico, “plantadas” em um vaso feito com tiras de jornal.

Brincando com as pessoas que passavam pelo local, às 8h30 da manhã ele já havia vendido 80% de sua produção. Esse ano o casal apostou em gérberas, girassóis e rosas, que podem ser destacados dos caules de
plásticos e lavados em água corrente. A limpeza frequente garante o presente por pelo menso seis anos, garante o vendedor. A opção agradou a dona-de-casa Marcia Costa, que comprou um vaso para presentear a mãe. “Gostei da originalidade e por ser feito de modo artesanal”, disse.

Mas quem passou pela região central teve outras opções de presentes de última hora. Além de algumas lojas de utilidades domésticas e bijuterias que abriram em busca dos filhos e maridos que forma em busca de socorro, a já tradicional Feira de Antiguidades que acontece na Praça Ari Coelho, também atraiu os filhos que buscavam uma lembrança original. Foi o caso da estudante Fernanda da Costa, que procurava entre discos e livros uma recordação diferente para a mãe, amante de MPB e literatura. “Ainda não decidi, mas devo levar um livro”, diz.

A dona de uma das tendas que comercializam discos de vinil, Dora Alves, confirma a busca por presentes criativos e, ao mesmo tempo tradicionais. Ela conta que já havia vendido um telefone antigo e vários LPs de Roberto Carlos e Julio Iglesias, que, acompanhados por um buquê de flores, preservaram a tradição da data. 

Preço acessível impulsionou venda das flores artificiais também. (Foto:Pedro Peralta)
Discos do Julio Iglesias e Roberto Carlos também foram procurados para completar o romantismo do dia. (Foto:Pedro Peralta)
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