Economia

Famílias economizam em tudo, mas conta de luz está até 100% mais cara

Renata Volpe Haddad e Caroline Maldonado | 07/05/2015 10:08
Dona de casa, Eudenice da Silva Ocampo, 67 anos, afirma que só pode mostrar sua revolta por meio da conta de energia (Foto: Fernando Antunes)
Dona de casa, Eudenice da Silva Ocampo, 67 anos, afirma que só pode mostrar sua revolta por meio da conta de energia (Foto: Fernando Antunes)

O sul-mato-grossense perdeu a conta dos reajustes de energia deste ano. Foram quatro aumentos. Em janeiro, a bandeira tarifária vermelha encareceu a fatura em R$ 3, a cada 100 KWh consumidos e em março a tarifa subiu 27,9% por conta da RTE (Revisão Tarifária Extraordinária). No mesmo mês, as bandeiras tiveram reajuste de 83% e agora são R$ 5,50 a cada 100 KWh, já que estamos na vermelha. Em abril, a Energisa elevou a tarifa em 3,22%, em função da revisão anual da concessionária.

Somando tudo, em tese, a alta é de mais de 30%, mas, na prática, tem consumidor que viu a conta subir 110%, de janeiro para abril. De olho nas notícias, a dona de casa Eudenice da Silva Ocampo, 67 anos, acompanhou cada anúncio de reajuste e trocou as lâmpadas, além de fazer o que podia para economizar, mas agora sente que o esforço tem sido em vão. “No começo até que deu certo, mas agora em abril veio muito caro. Normalmente, eu pagava R$ 23 ou R$ 28 e agora veio R$ 59”, contou.

Mais econômica ainda, a aposentada Lila Mikoleit, 66 anos, deixou de lavar o carro e a calçada e agora só passa pano úmido; trocou a mangueira por um regador improvisado para por água nas plantas e não deixa uma luz acesa onde não tem gente na casa. Isso tudo, além de tomar banho frio e incentivar toda família a fazer o mesmo. Ainda assim, a conta dela passou de R$ 90, em fevereiro para R$ 150, em abril, o que representa aumento de 66%. “Estou muito chateada, admirada com isso, porque fazemos muita economia mesmo e não foi como eu esperava. Eu gastei R$ 250 com eletricista para trocar as lâmpadas antigas pelas frias".

Para a assessora técnica Benilda Vergílio, 27 anos, o impacto foi ainda maior, considerando que ela mora com a irmã em uma kitnet de dois quartos. O valor subiu de R$ 40 para R$ 60, entre fevereiro e abril, alta de 50%. “Agora, a gente não liga a televisão à toa. O banho agente só está tomando quente, porque está frio esses dias, mas quando está calor, tomamos frio para economizar. Ainda assim, eu penso que dá na mesma, porque a gente tenta gastar menos e continua subindo a conta”, reclama.

Idosa viu sua conta subir de R$ 28 para R$ 59. (Foto: Fernando Antunes)

O que fazer? - As pessoas garantem que estão economizando, mas então por que essa sensação de impotência ao fazer de tudo para gastar menos e ver a conta subir além dos reajustes aplicados? O economista Fernando Abrahão explica os motivos e destaca que a soma dos aumentos em si não passa de 40%.

“O que acontece é que as pessoas podem estar comparando as contas de messes distintos. É preciso perceber se não houve aumento do comportamento do consumo e verificar dois elementos: os quilowatts consumidos naquele mês e o quanto se está pagando por cada KWh. O melhor é comparar a conta com a do mesmo mês de referência, porque o consumo muda nos diferentes meses do ano. Então, as vezes o consumidor tem a interpretação equivocada”, detalha Fernando.

Segundo o economista, para ver de fato a redução na conta o jeito é trocar as lâmpadas frias pelas de Led, que gastam ainda menos e conscientizar toda a família sobre os gastos, além de pensar bem antes de instalar um novo equipamento, que vai consumir ainda mais. “A sugestão é ter cuidado de fazer alguns cortes. Passar e lavar as roupas quanto tiver uma quantidade maior e utilizar tudo no sentido de economizar, porque a energia não tem perspectiva de baixar nos próximos meses, pelo contrário, deve subir ainda mais”, comenta.

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