Economia

Enquanto comércio toma fôlego, preços sobem em ano de retomada

Mato Grosso do Sul viveu o pior da pandemia do coronavírus e o comércio sentiu além do reflexo do ano anterior

Beatriz Magalhães | 01/01/2022 09:06
Moviento no comércio central de Campo Grande após feriado de Natal (Marcus Maluf)
Moviento no comércio central de Campo Grande após feriado de Natal (Marcus Maluf)

No início de 2021, a expectativa da chegada da vacina contra a covid-19 e o desejo pela retomada das atividades econômicas tomou conta dos sul-mato-grossenses. Mas, no mesmo ano da vacina, Mato Grosso do Sul viveu o pior da pandemia do coronavírus e o comércio sentiu além do reflexo do ano anterior, o peso da pouca demanda. 

A crise na saúde só amenizou com o avanço da vacinação, melhorando a confiança dos empresários e também dos consumidores. A demanda reprimida tem alavancado todos os setores e 2021 se encerra com a expectativa de um novo ano de retomada, com números ainda melhores que os apresentados antes da pandemia. 

“Dados das nossas pesquisas periódicas mostram um bom desempenho e apontam um futuro promissor. É percebido um aumento no movimento do comércio, mesmo com a pandemia. Neste período tivemos uma Capital com um desempenho diferente do resto do país”, pontua o presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Renato Paniago.

Inflação - Apesar do crescimento das vendas do comércio, a Capital pôde observar, em novembro, o maior índice inflacionário do ano, com um aumento de 1,47% se comparado a outubro. No ano, a taxa acumulou uma alta de 10,4%, enquanto que em 12 meses a variação chegou a 12,07%.

Um dos principais responsáveis pela alta foi o combustível - gasolina, diesel e etanol, com um aumento de 8,93% em novembro, sendo esse o sétimo mês consecutivo de crescimento. 

Menos dinheiro no bolso e pouca comida no prato - De acordo com dados divulgados no início de dezembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 21% dos sul-mato-grossenses vivem com menos de meio salário mínimo, que representa R$ 550. 

Em Campo Grande, a maioria das famílias que vivem nas favelas sobrevivem com auxílios do Governo e doações. Ainda de acordo com a pesquisa, o Estado está entre os menores percentuais de sua população abaixo da linha de extrema pobreza.

Em 2021 o preço da cesta-básica também apresentou aumento. Com alta do dólar frente ao real, variações climáticas intensas e abruptas e redução das áreas de cultivo, o sul-mato-grossense destina cerca de 63% de um salário mínimo para a compra de itens básicos de alimentação. 

“Esse cenário ajuda a entender o aumento do comprometimento do salário mínimo com a aquisição de alimentos. Os sucessivos aumentos nos preços dos itens e o maior comprometimento para a aquisição desses produtos, implica em menor disponibilidade financeira para que outras necessidades na vida das famílias sejam atendidas e, na verdade, mesmo nas despesas com a alimentação, as famílias têm feito substituições como de carne bovino para frango e depois para ovos, por exemplo”, afirma a economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Andreia Ferreira.

A economista acrescenta ainda, que as trocas já se mostram insuficientes para minimizar a situação do empobrecimento e que para um futuro próximo, as expectativas não são das melhores. 

 “É preciso levar em consideração o tempo de criação dos animais, do plantio, colheita, então, pelo menos para curto prazo, não enxergamos uma melhora e avaliamos que esses aumentos consecutivos não vão diminuir, pelo contrário. A tendência é que os preços continuem em alta, e quanto mais o real ficar desvalorizado em relação ao dólar, mais essa situação tende a acontecer”, completa Andreia Ferreira. 

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