Economia

Em 1 semana de comércio fechado, efeito dominó esmaga os pequenos

Efeito coronavírus deixa funcionários e pequenos proprietários desolados, enquanto associação diz que 70 mil já foram demitidos

Izabela Sanchez e Danielle Errobidarte | 28/03/2020 11:26
Preocupação? Na principal rua do comércio no bairro Pioneiros, portas fechadas não atraem clientes (Foto: Henrique Kawaminami)
Preocupação? Na principal rua do comércio no bairro Pioneiros, portas fechadas não atraem clientes (Foto: Henrique Kawaminami)

A pandemia de coronavírus que obrigou gestores a decretarem quarentena a um terço da população mundial para conter o pico de contágio já impacta os caixas eletrônicos, mas também as expressões. O lamento de quem depende do comércio após 1 semana de quarentena em Campo Grande é de que o que os olhos não veem, o dinheiro não compra e que o efeito dominó da crise esmaga os pequenos.

No bairro Pioneiros, enquanto os estabelecimentos funcionam na medida que as novas regras permitem (o que inclui por exemplo portas fechadas e serviços internos), cada ação no sistema integrado da economia gera uma cadeia de efeitos. No dia oficial de sair às compras, as ruas estão vazias.

Solitária, mulher passa em frente à lojas fechadas na Rua Ana Luisa de Souza, bairro Pioneiros (Foto: Henrique Kawaminami)

Funcionário de uma loja que comercializa baterias para veículos, Clayton Leonardo, 27, comenta que dos 9 funcionários, 5 ganharam férias coletivas e 4 trabalham com serviços internos e entregas. Neste sábado, por exemplo, ele foi até o local apenas para realizar um conserto.

O que Clayton relata é que, sem carros rodando pela cidade, não há serviço. "A movimentação, só das pessoas que passavam, é o que dava lucro, se o carro não roda não tem serviço. A movimentação da Rua Ana Luisa de Souza acabou, sábado era muito movimentado", disse.

Dono de um petshop e loja de produtos agropecuários, Edson Dias, 37, afirma que na última semana o movimento já era baixo. "Hoje que abrimos para a pessoa entrar, quando não entra ela não leva algo a mais, não circula, compra o que precisa e vai embora, as pessoas estão com mais cautela, compram o essencial", explica.

Clayton Leonardo trabalha na venda de baterias (Foto: Henrique Kawaminami)

Maria Duque, 55, tem uma padaria de tamanho médio na rua famosa para o comércio local. Por ali, nem o mercado distante, nem outra padaria fechada, que poderiam fazer com que o movimento aumentasse, motivaram impacto positivo.

Gerente de um mercado pequeno e de uma loja de brinquedos ao lado, Jadilson Quadros de Santana, 45, a última é a única a representar nas vendas. No mercado, quem mais comprava eram restaurantes que precisavam de carne. Fechados e somente com delibery, a procura por carne diminuiu.

"Afetou muito a parte do açougue, por outro lado aumentou a venda de brinquedos, coisas pra casa, aumentou, porque as pessoas estão ficando mais em casa, e compram brinquedos e jogos pra entreter as crianças", comenta.

Alexandre Ramires, 41, é proprietário de uma pequena loja de materiais para construção. Única loja aberta de duas que funcionam na região, as vendas ocorrem apenas para pequenas obras e reformas, explicou.

Alexandre Ramires, 41, é proprietário de uma pequena loja de materiais para construção (Foto: Henrique Kawaminami)

Impacto - Presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Adelaido Vila afirma que 70 mil pessoas que trabalhavam no comércio foram demitidas em Campo Grande, mais de 21% do total de 320 mil, segundo ele, empregadas no setor. O impacto em números aos proprietários, disse, é de R$ 300 milhões.

"Principalmente comércio pequeno e prestação de serviços, que praticamente parou, tem muita gente falando até de suicídio, gente que não vai conseguir honrar com compromisso, com essa situação, piorou", disse.


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