Economia

Confirmada pelo IBGE, recessão já tem seus impactos negativos em MS

Priscilla Peres | 29/08/2014 17:42
Presidente da Fiems, Sergio Longen diz que momento é de cautela para a indústria. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Presidente da Fiems, Sergio Longen diz que momento é de cautela para a indústria. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

A economia brasileira entrou oficialmente em recessão. O PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em Mato Grosso do Sul, representantes de vários setores afirma que os impactos já estão sendo sentidos e que o momento é de cautela.

O presidente do Sindicato dos Economistas de Mato Grosso do Sul, Sergio Bastos, explica que esses indícios de retração da economia retratam uma situação já percebida principalmente pelo comércio e a indústria. "Estamos em um cenário ruim de desaceleração da economia, redução da oferta de empregos e a inflação em alta. Isso impacta diretamente no movimento do comércio, produção da indústria e algum serviços, como a alimentação fora de casa".

O economista destaca que a inflação alta compromete a renda dos trabalhadores que consequentemente, procuram gastar menos. "Podemos esperar um crescimento inferior ao ano passado, o que significa que a economia está andando de lado, ou seja sem aumento e nem desaceleração, estática".

É a primeira recessão técnica desde o fim de 2008, quando houve recuo de 3,9% no último trimestre daquele ano e de 1,6% no trimestre seguinte. Em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, culpou o cenário internacional fraco, a seca - e o consequente custo da energia - e a redução de dias uteis em função da Copa do Mundo. Ja a presidente Dilma Rousseff classificou o resultado como momentâneo.

Indústria - Segundo os indicadores do IBGE, no segundo trimestre de 2014, a indústria foi o setor que mais teve queda, com desaceleração de 1,5%. Dentre os subsetores, apenas a Extrativa mineral registrou expansão de 3,2%.

A Indústria de Transformação teve queda de -2,4%, a Construção civil de -2,9% e Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana de -1,0%, relação ao trimestre anterior. O presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, atribui a queda do PIB a três fatores: desaquecimento da Construção Civil, período pós Copa do Mundo e a expectativa política.

"É uma soma e não um fator, temos a Construção Civil que está em queda no Estado, o período pós Copa em que diversos setores tiveram reflexos negativos, e mais do que nunca uma expectativa política que vem afugentando ou adiando investimentos", disse o presidente, lembrando que atualmente o Estado tem R$ 200 milhões de recursos disponíveis do FCO (Financiamento do Centro-Oeste) mas não tempos projetos.

 

Técnica da Famasul, Adriana afirma que agropecuária vive bom momento. (Foto: Famasul)

Comércio e Serviços - Conforme dados do IBGE, no setor de Serviços, o recuo foi puxado pelo desempenho negativo observado no Comércio (-2,2%) e em outros serviços (-0,8%). O destaque positivo ficou a cargo dos Serviços de informação (1,1%), seguido por Atividades imobiliárias e aluguel (0,6%) e Intermediação financeira e seguros (0,4%).

Em Campo Grande, as vendas no varejo vêm apresentando resultado abaixo das expectativas desde o início do ano. O presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), João Carlos Polidoro, destaca que há queda nas vendas em praticamente todos os meses de 2014. "Obviamente que se o varejo cai a indústria cai junto, por que tem que parar de produzir. A desaceleração é geral".

Para ele a situação aina não pode ser considerada de crise. "Não é crise ainda, mas se manter no segundo semestre e afetar 2015 então será. Por enquanto o meu conselho é que os empresários tenham cautela e analisem todos os números antes de investir. O momento não é de se agir por impulso", diz Polidoro.

Agropecuária - Enquanto os outros setores apresentaram queda no PIB no segundo trimestre, a Agropecuária teve variação positiva de 0,2%. "É a agropecuária que está sustentando o PIB do país em nível positivo", afirma a assessora técnica da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária), Adriana Mascarenhas.

A economista descarta que haja uma crise no mercado externo, pois as exportações estão cada vez melhores. "Temos resultados positivos, preços em alta e a expectativa da abertura de novas plantas para exportar para a Rússia ainda este ano. Esses dados mostram que o mercado externo está aquecido e demandando produtos nossos, o que reflete em bons resultados", diz Adriana.

Para ela, a desaceleração da economia afeta todos os setores, mas a agropecuária tem sustentado números positivos. "Eu acredito que diante do cenário de hoje, a gente dificilmente tera um resultado positivo do país, mas há muitas chances da agropecuária terminar 2014 com bons números".

Comércio sente queda nas vendas desde o início do ano. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
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