Economia

Confiança do empresário do comércio cai pelo 4º mês seguido na Capital

Indicador medido pela Fecomércio-MS mostra frustração com resultados da economia

Humberto Marques | 31/07/2019 15:35
Rua 14 de Julho, um dos principais centros comerciais da cidade; empresários do setor se mostram pouco otimistas com a economia. (Foto: Arquivo)
Rua 14 de Julho, um dos principais centros comerciais da cidade; empresários do setor se mostram pouco otimistas com a economia. (Foto: Arquivo)

Pelo quarto mês consecutivo, a confiança do empresário campo-grandense registrou queda em junho, e atingiu o menor patamar desde novembro de 2018. O Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) chegou a 121,8 pontos, atribuído à demora na reação da economia –que desde 2014 sofre efeitos da crise– mesmo diante de medidas anunciadas pelo governo.

“Como a economia não reagiu da forma que o mercado esperava, o comerciante está mais cauteloso e observando piora nas condições atuais”, considerou o presidente do IFP-MS (Instituto de Pesquisas da Fecomércio-MS, a Federação do Comércio de Mato Grosso do Sul). Os dados da pesquisa foram apurados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O Icec ainda está cima do registrado em julho do ano passado, quando o indicador atingiu marca de 110,2 pontos. Em agosto de 2018, chegou-se à marca dos 107,4 pontos, sucedida por uma onda de otimismo que se seguiu durante o período eleitoral.

O auge do marcador nos últimos 13 meses ocorreu em março, quando o Icec chegou a 141,5 pontos. Desde então, foram quatro quedas consecutivas, até se atingir os números de julho de 2018. A retração acompanha o cenário nacional, no qual há a avaliação de que a melhora da economia depende da continuidade das reformas da previdência –aprovada pela Câmara Federal no fim do primeiro semestre– e tributária.

A redução na confiança também representou queda na perspectiva de investimentos, com o índice caindo 9,1% frente a junho, e quanto a contratações, onde houve baixa de 1,3%.

Avaliações – A maioria dos entrevistados (39,9%) considera que as condições atuais da economia melhoraram um pouco, contra 30,2% que viram leve piora e 25% para quem a situação piorou muito. Já 4,9% dos entrevistados consideram que o cenário melhorou muito. As percepções mais positivas aparecem entre empresas com mais de 50 empregados.

De forma semelhante, 36,8% consideram que as condições do setor em que atuam melhoraram um pouco, contra os 31,3% para quem elas pioraram um pouco. Outros 22,2% dizem que o quadro pirou muito, e 9,6% que houve muita melhora.

Icec mostra recuo pelo quarto mês consecutivo na Capital. (Imagem: Divulgação)

Em relação à condição da própria empresa, a percepção de que houve pouca melhora também foi a mais lembrada (36,6%), com a de leve piora em sequência (28,2%). Contudo, 20,3% consideram que a situação melhorou muito, e 14,9% que piorou muito.

Economia – O levantamento mostra que, mesmo com o cenário negativo, há certo otimismo entre os empresários do comércio. Para 39,9%, a economia vai melhorar muito, enquanto 48,8% esperam pouca melhora. Para 11,1%, haverá piora.

A previsão para o comércio é mais animadora: 43,3% esperam muita melhora, e 47,6% acreditam que o setor vai melhorar um pouco. Para 9,2%, o setor ainda enfrentará momentos ruins.

Os melhores resultados aparecem em relação ao futuro do próprio negócio: 48,9% acreditam que suas empresas vão melhorar muito e 47,7% que melhorarão um pouco. Para 2,8%, haverá pouca piora, e apenas 0,6% esperam que o quadro vá piorar muito –novamente, empresas com mais de 50 empregados dominam o cenário positivo, não havendo perspectiva de piora.

Emprego e investimento – Com o quadro atual e as perspectivas para o comércio, mais da metade dos empresários entrevistados esperam realizar contratações –50,1% admitem aumentar pouco o quadro de pessoal e 16,7% que vá aumentar muito. Outros 26% admitem baixa redução na equipe de colaboradores, enquanto 7,2% pretendem reduzir muito.

O nível de investimento, por seu turno, divide-se entre um pouco maior (33,7%) e um pouco menor (33,2%). Nos extremos, 18,2% preveem investir mais (em 100% dos estabelecimentos com mais de 50 funcionários, esta foi a única opção citada) e em 15,9%, muito menor.

Por fim, o Icec ainda apurou que 58,6% dos empresários avaliam ter estoques adequados e 21,4%, acima do apropriado. Para 20%, são inferiores ao adequado.

O Icec visa a medir a percepção do empresariado do comércio sobre o nível atual e futuro para investimentos em curto e médio prazo, funcionando como “antecedente” das vendas a partir do ponto de vista dos lojistas.

Além dos percentuais, o estudo estabelece um indicador de 0 a 200 pontos, no qual a metade representa a fronteira entre insatisfação e satisfação do setor.

A pesquisa ouviu 185 empresários de Campo Grande, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos nos últimos dez dias de junho.

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