Economia

Apartamentos da Homex se tranformam em moradia do pesadelo

Luciana Brazil | 13/07/2012 07:55
Moradora mostra remendos mal feitos. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Moradora mostra remendos mal feitos. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Conquistar a casa própria é o sonho da maioria dos brasileiros. Se o imóvel for novo, recém construído, a alegria é ainda maior. Um investimento certo que, a princípio, deveria vir sem problemas.

A realidade, porém, tem sido diferente para a maioria dos clientes da incorporadora Homex, em Campo Grande. Os que moram no conjunto residencial Arara Azul, no bairro Paulo Coelho Machado, já enfrentam o pesadelo da reforma, antes mesmo de completar um ano na casa nova, já que rachaduras e infiltrações resolveram visitar os moradores.

Entregues recentemente, há menos de um ano, os apartamentos começaram a apresentar problema logo nos primeiros meses. Um funcionário da Homex, que teve a identidade preservada, explicou que as rachaduras surgem na manta do prédio, que é colocada entre os andares. “A manta é colocada justamente para evitar a infiltração do apartamento de cima para o de baixo”, afirmou.

Segundo ele, possivelmente os residenciais que ainda estão sendo construídos também apresentarão o mesmo problema.

Ao entrar no condomínio de 96 apartamentos, lá estão elas. Rachaduras, infiltrações e remendos, além de tudo, mal feitos. “A gente precisa ligar para a empresa e pedir que eles venham arrumar. Eles mandam os funcionários aqui, mas muitos vizinhos estão sem saber quando terão o problema resolvido”, disse a dona de casa Débora da Silva, 26 anos.

No apartamento de Débora, que custou cerca de 70 mil, um dos quartos da residência foi atingido pelas infiltrações e, segundo ela, o problema é generalizado. A garantia do imóvel é de cinco anos, de acordo com Débora.

“É uma decepção muito grande, comprar, pagar direitinho e ter que enfrentar esses problemas”, disse a dona de casa, Lourdes da Silva, 42 anos. Morando no apartamento desde novembro de 2011, ela afirma que nos dias de chuva, a água entra por um espaço entre a parede e o chão.

Apartamentos novos da Homex ja recebem reforma pouco tempo depois de serem entregues aos moradores. (Fotos:Rodrigo Pazinato)

A síndica do condomínio, Juliana das Neves, explica que para resolver as rachaduras, o primeiro contato precisa ser feito pelo telefone 0800 da empresa, em São Paulo.

“A empresa em São Paulo aciona a empresa em Campo Grande e os funcionários vão até as casas arrumar os defeitos. Mas fica assim, como você está vendo, cheio de remendo. Eles não vão pintar a parede inteira”.

Juliana lembrou ainda que o telefone ficou desativado por alguns dias, já que a procura era enorme. “Tem gente que está com água vazando pela tomada, quando chove”.

Apesar de a empresa realizar o conserto nos apartamentos, os moradores se indignam com a situação e frisam que se sentem inseguros com o prédio.

Mais problemas: Além das rachaduras, a empresa enfrentou recentemente uma paralisação de funcionários por falta de pagamento. A Homex é alvo de investigação do MPT (Ministério Público do Trabalho) e também irá responder por duas ações civis públicas no Estado.

Três irregularidades colocaram a empresa na linha de investigação: desvirtuamento de terceirização, problemas de meio-ambiente e fraude trabalhista.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a empresa e verificou que o 0800 estava ativado, na tarde de hoje.

Resposta: Em nota, a empresa Homex informou que todos os problemas de infiltração no piso e no telhado de algumas casas já foram apurados e identificados pelos engenheiros. Ainda reforçou que todos os chamados dos clientes estão em curso de atendimento.

A empresa afirmou que os reparos estruturais como acabamento, incluindo pintura da fachada e reposição da argamassa também serão executados. As solicitações têm prazo de três dias para apuração técnica e 10 dias para solução completa. A assessoria informou que já reforçou o SAC da empresa, além das equipes para execução da obra.

Sobre o pagamento, a Homex afirmou que os pagamentos dos empreiteiros serão regularizados até o dia 31 de julho.

Respondendo sobre a fiscalização, a empresa afirmou que vai responder a todos os questionamentos do MPT e, caso seja necessário fazer correções de trabalho, a empresa via garantir a mudança.

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