"Batidinhas" no trânsito acabam com o dia, mas garantem as funilarias
Acidentes acontecem. Esse é o único pensamento capaz de amenizar o transtorno de uma pequena batida, que faz despencar o para-choque ou deixa aquela raspadinha na lataria, que acaba com o dia que qualquer motorista, mesmo que os danos sejam apenas materiais. Algumas pessoas dizem que nunca cometeram esses pequenos deslizes, mas a prova de que ninguém está livre disso é o movimento nas funilarias, em que essas pequenas "barbeiragens" chegam a 70% do total de consertos em um mês.
Os pequenos acidentes fazem os condutores desembolsar entre R$ 380 e R$ 1.500, de acordo com o proprietário da Funilaria Sinop, Márcio José Rodrigues. No ramo, há 12 anos, ele conta que os dias chuvosos, como o de hoje, são os "melhores" para o negócio.
“O pessoal não tem muita noção de que a chuva deixa a pista menos aderente. Eles confiam no freio, acaba não dando tempo de parar e batem no carro da frente”, explica o funileiro. Segundo Márcio, parar antes da faixa e dar a vez ao pedestre também é um risco que pode parar na funilaria.
“Meu vizinho deu ré e bateu no meu carro estacionado”, é outro relado constante nas oficinas. É por essas e outras, que o funileiro Juvêncio Sanche Espíndola hoje trabalha apenas com pequenos consertos. “É muito mais rápido para consertar e a gente recebe logo o pagamento, além disso não falta serviço”, afirma.
A "ocorrência" número um da lista dos condutores quem não estão tendo um bom dia é a famosa “raspadinha”, que não tem jeito de transferir a culpa. Alguns não assumem que já cometeram, mas para o aposentado Gilberto Albieri, com mais de 40 anos de carteira de motorista, não adianta esquentar a cabeça com esses episódios. “Isso vai acontecer de vez em quando, então eu até deixo acumular um probleminha e outro para então levar o carro na oficina”, conta.
O acordo – Nem sempre dá para deixar o conserto para depois. Outro acidente frequente, segundo a proprietária da funilaria Tanaka Car, são as batidas em estacionamentos de supermercados. “Alguns não se preocupam com o carro dos outros e batem na hora de abrir a porta e descer do carro, mas isso também acontece por causa das vagas, que estão cada vez menores, em alguns lugares”, afirma.
Segundo Márcio, 60% dos clientes entram em acordo, pedem o orçamento e cumprem o trato. Ele conta que a mãe de um cliente fechou um carro e acabou raspando na lataria, mas ficou desesperada com a situação e não parou o carro. Ela contou para o filho que, no mesmo instante, foi até o local e disse ao homem envolvido no acidente que pagaria o conserto.
De acordo com o funileiro, o homem custou a acreditar que o filho da senhora que provocou o acidente, de fato, pagaria a conta. “Nem sempre é assim. Alguns até fazem o orçamento e depois desistem de pagar o prejuízo que causaram, mas é nessas horas que a gente vê que tem sim pessoas de boa fé”.