Ensinar Juntos

Precisamos ser resilientes para lidar com problemas

Por Carlos Alberto Rezende (*) | 15/11/2023 11:43

“Devemos aceitar a decepção finita, mas nunca perder a esperança infinita”. (Martin Luther King)

A palavra resiliência tem origem no latim resílio que significa “voltar atrás”. É um termo comumente utilizado na física para descrever a capacidade de um corpo de voltar ao seu estado original após sofrer um choque ou deformação. Um exemplo clássico é o do elástico que pode ser esticado e depois, voltar ao estado natural sem deformidades.

Resiliência é a capacidade de enfrentar e prosperar diante das dificuldades, desafios e adversidades. Perseverar e se adaptar às mudanças é, mais do que uma qualidade, uma atitude que pode ser ensinada e aprendida; as escolas e os educadores têm uma responsabilidade compartilhada com as famílias: ensinar resiliência. 

O que é uma pessoa resiliente?

Quando dizemos que alguém é resiliente significa que essa pessoa é capaz de se adaptar e crescer quando colocada frente à uma crise. Ou seja, consegue se equilibrar emocionalmente para achar caminhos, soluções para as adversidades e, com elas, torna-se mais forte. As adversidades não produzem por si só a resistência, é possível perder a força e desistir. O fato é que a resiliência só será desenvolvida por meio da educação familiar e escolar. 

Resiliência é como enfrentar uma tempestade que destrói tudo e, ainda por cima, conseguir se recuperar dela. O mais importante é aumentar essa capacidade com um conjunto de comportamentos adaptativos, principalmente no seio familiar. Ou seja, em grande parte é sobre nossas atitudes. Entretanto, também é valioso reconhecer que a nossa capacidade de ser resiliente está ligada aos exemplos dados pela família. Na escola, os estudantes resilientes conseguem lidar com a pressão do ambiente escolar, como exigências acadêmicas, relações sociais e expectativas em relação ao rendimento escolar. Eles conseguem enfrentar os desafios com mais facilidade, aprendendo com as experiências negativas e seguindo em frente. Por isso é vital o que já dissemos anteriormente que a educação deve ter limites. 

Na psicologia e na administração, a palavra resiliência é utilizada para demonstrar a capacidade de uma pessoa lidar com os problemas e conflitos, de vencer obstáculos e trabalhar com situações de pressão, sem sucumbir a elas.

Cada pessoa possui um grau de resiliência, que pode variar de acordo com os seus atributos pessoais de sustentação, bem como com o impacto de suas experiências. Para cada situação negativa apresentada, a pessoa resiliente se recompõe, adaptando-se e se moldando à nova realidade. Outrossim, ela atribui sentido ao seu sofrimento e o redireciona de forma a enxergar algum benefício daquela experiência. Diante da adversidade, elas enxergam desafios e superação, enquanto outros menos resilientes veem perigo e ameaça na mesma ocasião. Exemplificando: a demissão! Enquanto um profissional pode se deprimir e se ressentir da situação por um longo tempo, outro, rapidamente, se recompõe e se motiva a procurar novas oportunidades e desafios.

Sem dúvida, fatores familiares contribuem significativamente para tornar uma pessoa mais resiliente, tais como: equilíbrio, estabilidade, respeito mútuo, apoio e suporte afetivo que são transmitidos pelos progenitores. O ideal é que todo ser humano aprenda a ser resiliente desde cedo, mas quando não foi educado para isso, ele pode estar resiliente durante a vida.

Prova disso é que durante os anos 1970, psicólogos e pedagogos buscaram compreender como crianças de rua que sofriam maus tratos e abusos superavam seus traumas e ainda assim se tornavam adultos saudáveis. Nesse conceito, acredito que a resiliência, é uma herança genética que pode ou não ser aprendida ou despertada na família e na escola, reforçando o conceito genético: genótipo + meio = fenótipo.

Certamente, ter um lar e a família em harmonia é o ponto de partida e de apoio para recuperação das situações negativas. Se além disso, a criança tiver pessoas encorajadoras à sua volta, sua resiliência aumenta significativamente. As famílias resilientes respondem positivamente a situações de estresse ou crise, como perda de emprego dos pais, perda de um ente querido e até mesmo nas tragédias (acidentes, pandemia) ou em situações simples como transições no ciclo de vida dos componentes.

Outras escolhas, inclusive, nos auxiliam no aumento da resiliência na área pessoal e profissional. É o caso do planejamento: ter metas e fazer planos diminuem a chance de erro, reduz a ansiedade e nos faz focar no que é importante. Na escola, a prática de esportes é benéfica pois aumenta o ânimo e a disposição; tais práticas elevam as endorfinas, hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar. Outrossim, a resiliência é uma competência que traz inúmeros benefícios para a vida. Crianças precisam conviver com exemplos dos pais ou responsáveis, e na escola, preparando e moldando nossas crianças a serem felizes, resilientes e solidárias.

Autores como Berndt (2018), demonstram que a resiliência não ocorre apenas em situações adversas; é necessário ser resiliente também em momentos de sucesso, pois ele também tem várias faces e nem todas tão belas, por isso é fundamental saber viver, como Cora Coralina em seu poema “Assim eu vejo a vida”:

“A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.”

(*) Carlos Alberto Rezende é conhecido como Professor Carlão.

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