Em Pauta

Uma história muito peluda. É saudável tirar pelos?

Mário Sérgio Lorenzetto | 31/01/2019 09:01
Uma história muito peluda. É saudável tirar pelos?

#Januhairy. A nova onda feminina da internet é passar o janeiro sem depilar e divulgar a foto das axilas na rede social. O nome é um jogo de palavras. "January" significa janeiro, em inglês."Hairy" é peludo, nessa língua. Janeiro peludo é a moda momentânea. A campanha foi ideia de uma jovem britânica de nome Laura Jackson, estudante de arte dramática. "Trata-se de trabalhar a segurança de cada uma, desafiar os limites e os medos que temos por não nos depilarmos", diz a jovem. E complementa: "Não posso compreender como se chegou a esse ponto de pensar que o antinatural é deixar que cresça algo que temos".

Uma história muito peluda.

A história da depilação feminina remonta ao antigo Egito. Foram encontrados vestígios dessa prática tanto em mulheres como em homens. Existem evidências de que os egípcios depilavam quase todo o corpo, inclusive os pelos púbicos e o faziam com pedras afiadas e ceras.

Roma e Grécia praticavam a depilação.

Não há qualquer sombra de dúvida que a prática egípcia viajou para a Roma Imperial bem como para a Grécia. O que se discute nos dois casos é se a prática estava reservada apenas para nobres e ricos ou se atingia a toda a população. É possível ver pelos púbicos em mulheres nas vasilhas encontradas pelos arqueólogos, mas não há uma só estátua romana ou grega que as represente com pelos púbicos. Mas já era um atributo estético bem conhecido.

Depilação perde força no período medieval.

Nos séculos medievais há poucas evidências das práticas depilatórias. Existem em livros medievais fórmulas de unguentos preparados para a depilação. Mas há quase nada nos livros medievais sobre essa prática. Um raríssimo caso contando hispidez uma mulher que se depila está em "La lozana andaluza", uma obra de 1528 de autor desconhecido. Aparece um diálogo que conta como a Lozana, uma prostituta na Itália, depilava clientes com um creme.

Acreditem, Charles Darwin impulsionou a depilação.

Não resta dúvida da importância científica de Darwin. Também sabemos que o conhecimento de suas ideias impulsionou novas descobertas e modas. Com algum exagero, alguns cientistas chegam a afirmar que há um mundo antes de Darwin e outro depois do cientista. Mas, impulsionar depilação? Pois foi o que aconteceu. Ter o corpo pelado, na época de Darwin, passou a ser sinônimo de ser mais evoluído. Uma prática que estava quase esquecida. A moda vigorou por algum tempo.

Após novo esquecimento, Gillette faz regurgitar a depilação.

E a depilação caiu novamente no esquecimento. As florestas de pelo retornaram aos corpos femininos. Eis que surge King Camp Gillette. Criador do produto que até hoje leva seu nome, Gillette lançou uma caixa para as mulheres depilarem o púbis. Mas não as pernas.
A depilação das pernas femininas só entraria no cenário na época da Segunda Guerra Mundial. Com a falta das meias de nylon - que haviam alcançado um sucesso inimaginável - as mulheres passaram a adotar a prática de depilar as pernas e passar óleos aromáticos, buscando pelo mesmo brilho dado pelo nylon.

Afinal, é saudável tirar pelos?

Tirar pelos depende do contexto cultural e da moda. No campo da limpeza não há diferença entre depilar-se ou não. Nenhuma das duas ganha em matéria de higiene.
O pelo tem duas funções: protetora e estética. Os cílios, sobrancelhas, o pelo no nariz e nos genitais protegem. A estética pode ser, por exemplo, as sobrancelhas, que dão expressão à face.

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