Em Pauta

Turbulência e mortes no céu: o paradoxo dos desastres e avanços em segurança

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/08/2014 10:22
Turbulência e mortes no céu: o paradoxo dos desastres e avanços em segurança

Turbulência e mortes nas nuvens – o paradoxo dos desastres e dos avanços em segurança

Em seu centenário, a aviação comercial vive o paradoxo de desastres serem parte de estatísticas que revelam avanços em segurança. Esta é a conclusão de especialistas no setor. O meio de transporte considerado o mais seguro do mundo, às vezes desafia essa fama. Em poucos dias, quatro grandes acidentes aéreos ocorreram. O voo da Malaysia Airlines levou à morte de 289 pessoas ao passar pela Ucrânia. Poucos dias depois, um voo da TransAsia Airwais caiu ao se preparar para aterrissar em Taiwan – 44 passageiros morreram. Não houve sobreviventes entre os 110 passageiros que estavam a bordo quando o voo da Air Algerie, caiu no Mali na semana passada. A Malaysia Airlines sofre um golpe ainda maior, tendo de contabilizar também a perda do voo que desapareceu entre Kuala Lumpur e Pequim.

São números que fazem 2014 se aproximar de marcas históricas negativas. Até o voo que transportava Eduardo Campos, tinham sido registradas 1.040 mortes em 43 tragédias aéreas envolvendo aviões de passageiros, de acordo com os levantamentos da ASN – Aviation Safety Network –, rede internacional que registra os dados oficiais em todo o mundo. A conta não inclui aviões militares. O ano mais trágico da aviação foi 1997 - 1.266 mortes em 44 acidentes.

O número de passageiros transportados entre 2005 e 2013 cresceu 53%, mas o de acidentes caiu. O número de vítimas fatais deste ano é incompatível com os padrões modernos de segurança na aviação.

Hoje, a aviação é um dos pilares da globalização

Transporta mais de 8 milhões de passageiros por dia em quase 80 mil voos. Pela primeira vez, o setor bateu a marca de 3 bilhões de passageiros no ano passado. Há até um mapa da tragédia: ela é menor na Europa e nos EUA, que concentram a maior parte do fluxo aéreo, e maior nas regiões em que a indústria ainda dá sinais de subdesenvolvimento. Quase um quarto dos acidentes aéreos no mundo ocorrem na África. O quadro é melhor na América Latina. No ano passado foram 17 acidentes, o equivalente a 10% das ocorrências mundiais.

O Brasil não teve nenhum acidente aéreo com morte no ano passado, de acordo com a Anac - Agência Nacional de Aviação Civil. Em um setor no qual os custos de operação são altíssimos e a competição acirrada, com margem de lucro de apenas R$ 8,26 por passageiro transportado, acidentes representam uma despesa que pode ser decisiva para a sobrevivência da empresa.

Outro foco de preocupação é o grau de automatização dos aviões modernos. Alguns especialistas acham que os avanços tecnológicos, destinados a assegurar voos mais confortáveis e seguros para os passageiros, tornaram os pilotos confiantes ou passivos demais. Quando um evento inesperado acontece e é preciso se libertar do piloto automático, eles já não têm mais segurança ou treinamento suficiente para tomar a decisão certa.

"O excesso de automação gera falta de proficiência dos pilotos", diz o supervisor de manutenção de aviões Joselito Souza. Quando se trata de segurança de voo, sempre há trabalho a ser feito, nunca se chega à perfeição.

Até agora, o desafio da segurança para a indústria da aviação tem sido marcado por períodos de maior ou menor turbulência. Apenas voar em céu de brigadeiro nunca foi garantia de voos seguros.

Márcio Holland refuta tese que mau desempenho da economia é devido à perda da credibilidade

O Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, acredita que o Brasil cresceu pouco nos últimos anos por causa do fraco desempenho econômico dos demais países - a culpa é dos outros. Some-se a isso, ele observa, o fato de a inflação ter subido em razão de adversidades climáticas, provocando quebra de safras e aumento da inflação de alimentos - a culpa é de São Pedro.

Holland refuta, com veemência, a tese de que o mau desempenho da economia decorre da perda de credibilidade ou da ausência de reformas - tese da quase totalidade dos analistas de economia, dentro e fora do país. Só faltou tratar do intervencionismo emanado de seu Ministério - provavelmente a culpa seria da Gleisi Hoffmann e da Ideli Salvatti, nunca do Ministério da Fazenda.

Álcool - quem tem irá estocar

Quem deu a largada para a estocagem foi a usina Guarani, uma das principais do setor sucroenergético. Eles acreditam que com a certeza do aumento do preço da gasolina para, provavelmente, algum curto tempo depois das eleições, os preços do etanol subirão no país e trarão efeitos positivos também para o açúcar ainda em 2014. A Guarani elevou em 50% seus estoques de etanol, de olho no potencial aumento do preço do biocombustível.

Os estoques de etanol da Guarani atingiram 115 milhões de litros com valor contábil de R$117 milhões. Os estoques de açúcar também cresceram e totalizaram 248 mil toneladas. É um grande alívio para o combalido setor que vem sofrendo com o intervencionismo do Ministério da Fazenda.

Clima econômico no Brasil é o pior desde o governo Collor

É o que mostra o ICE (Indicador de Clima Econômico) de julho da FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgado ontem. O índice é mundial elaborado a partir de pesquisa qualitativa com economistas independentes e que não são ligados a governos e desenvolvido pelo instituto alemão IFO desde 1989. De acordo com o indicador, somente na época da hiperinflação, em 1991, o clima esteve semelhante ao atual. Foi exatamente um ano e meio antes da decisão do Congresso Nacional de dar o impeachment ao ex-presidente Fernando Collor de Melo.

A pesquisa aponta que o Brasil obteve 55 pontos em julho, a pior avaliação desde os 54 pontos de janeiro de 1991. São considerados "favoráveis" indicadores acima de 100, porque apontam expansão e confiança na economia; abaixo desse patamar indicam tendência recessiva. Na avaliação anterior, feita em abril, o país aparecia com 71 pontos.

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