Em Pauta

Tudo ou nada na reforma da Previdência

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/03/2017 08:12
Tudo ou nada na reforma da Previdência

A Reforma da Previdência está apenas na fase de treinamento, em verdade nem começou. Mas esse é um tema que incendia o país. E não só o Brasil, as labaredas vão ao alto em qualquer país. E os fatos se repetem: governo contra a maioria da população, greves, manifestações... A animosidade cala fundo. Mas não há violência, não há agressões.

No Brasil, muitas pesquisas mostraram que a maioria da população não deseja a retirada de seus direitos para a aposentadoria. A última foi realizada na manifestação de domingo na Avenida Paulista.

Em tese um pequeno contingente de pessoas que alucinam só de ouvir o nome de Lula ou do PT. O resultado foi de 74% dos manifestantes contrários à reforma proposta por Temer. É sintomático que metade deles deseja a permanência do atual Presidente da República. Temer respondeu com um "tudo ou nada": ou o Brasil faz a reforma da previdência ou para. A primeira versão do "tudo ou nada" foi uma peça mal planejada: "O governo acaba no dia seguinte da não aprovação da reforma".

Contagem dos votos será feita até o fim de semana.

Todos os ministros foram colocados para conferir os votos dos deputados de seus respectivos partidos. Também terão de conquistar a maior quantidade de votos que for possível. O Ministro da Casa Civil é o responsável pela computação dos votos. Funciona bem nesse mister, acertou a contabilidade dos votos a favor do impeachment de Dilma. O governo, após a votação da terceirização, quando viu sua bancada de apoio reduzir, tem receio de ser surpreendido na hora do voto.

Mas, essa, dificilmente será a contagem de votos final. Repito: a reforma da previdência ainda está em fase de treinamento das equipes. Falta muito tempo para o jogo desenrolar. Só os sindicatos em geral, e petistas em particular, entraram em campo (e estão mostrando toda sua histórica truculência com a violência eleitoreira deliberada). O polo oposto, que terá imensos lucros com a reforma - bancos e sistema financeiro - ainda não se reuniu para receber a preleção do técnico Henrique Meirelles e, na hora certa, entrar em campo.

Alto lá, sindicato.

Os sindicatos receberam um xeque do STF: parte expressiva de suas receita foi cassada pelos ministros. Com essa decisão, entraram em parafuso, passaram a depender dos votos dos deputados federais para ver sua finanças não entrarem em colapso. Pior ainda: os deputados federais provavelmente incluirão o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical na reforma trabalhista que será votada no Congresso ainda em 2017.

Passaram do xeque do STF para o xeque-mate do Congresso. Só resta o malabarismo eleitoral - parecer que defendem os interesses dos sindicalizados. Há ainda uma centena de sindicalistas que pretendem alçar voo, miram a conquista de uma cadeira na Câmara de Deputados, para eles o tudo ou nada da equipe de Temer é respondido com um vale-tudo, inclusive agredir deputado federal.

Falta o projeto de um país justo.

Os resultados do IDH brasileiro revelaram que estamos estagnados na melhoria das condições de vida desde 2015. Afetando sobretudo os indivíduos e famílias mais carentes. Perdemos, totalmente, a capacidade de, ao mesmo tempo, criar mais riqueza e combater a desigualdade. Inexiste um projeto que levante esse tema.

Infelizmente, no entanto, o debate político tornou-se tão polarizado , desde as jornadas de 2013, que tem sido difícil reconciliar produção de riqueza com combate à desigualdade. Estão divorciados. Obviamente que é necessário retomar o crescimento e aumentar a eficiência econômica do país. Isso é uma condição "sine qua non" para termos uma sociedade mais justa.

Entretanto, a metáfora do bolo criada por Delfim Neto nos anos 1970 - primeiro fazer o bolo, para depois, dividi-lo - não dá conta dos anseios da sociedade atual. Não se pode ter mais um descasamento entre a produção de riqueza e sua distribuição porque, desde a Constituição de 1988, o país passou a ser organizado em torno dos direitos dos cidadãos. Essa não é uma bandeira petista, pelo contrário, eles não participaram da construção desse arcabouço jurídico que transformou o país.

Truques usados pelos supermercados para consumirmos mais.

Tempo é igual a gastar dinheiro.

A imensa maioria dos supermercados não têm janela nem relógio na parede. A iluminação procura repetir a música calma, cria um ambiente agradável e de tranquilidade. Os estudos mostram que a passagem do tempo é decisiva para o aumento das compras impulsivas. Quanto mais tempo passar dentro de um supermercado, maior a tendência de aumento de gastos.

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