Em Pauta

Silveiras: quando os humanos são destruídos pelos monstros

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/07/2017 07:11
Silveiras: quando os humanos são destruídos pelos monstros

Os momentos que Cristóvão e Fátima Silveira passaram sendo trucidados pelos monstros, devem nos recordar da capacidade que alguns são capazes de cometer. Eles foram torturados e massacrados. Não são homens que praticaram esse crime, são monstros.

Silveira e sua esposa eram pessoas preocupadas com os mais humildes. Dedicaram parcela importante de suas vidas em busca de melhorias para orfanatos, asilos e muitas outras causas sociais. Simpáticos e afáveis. No meio político, eram educados com os simples e com os poderosos. Sem nenhuma ostentação, viviam em condições assemelhadas a qualquer outro casal de classe media. Mas a ganância dos monstros os levou. Com requintes de imensa crueldade, digna das mentes mais perversas.

A cidade está chocada. Acostumados a pequenos delitos e a assassinatos decorrentes do uso abusivo de álcool e drogas, raramente nos deparamos com a face da perversidade que existe em loucos. A revolta da população é intensa, não respondemos com racionalidade ao irracional, não perdoamos aqueles que saciam sua sede de sangue nos torturando. Sabemos que nossas leis não permitem a prisão perpétua, mas elas são tão flexíveis que esses monstros não podem sair da cadeia até o fim de seus dias. Não podemos soltar monstros que nos devoram.

Cristóvão e Fátima não foram em paz. A tranquilidade que plantaram em seus dias na terra não lhes foi recompensada nos últimos minutos de vida. Mas foram membros atuantes e exemplares das comunidades em que conviveram. O fim foi de medo e violência - foram aterrorizados, mas a vida foi plena de dedicação aos outros.

Sobre a liberdade e honestidade dos intelectuais

A concepção de um grupo de intelectuais organizados em uma universidade só surge na Idade Media. Esses intelectuais-professores eram repletos de distinções sociais, especialmente os de filosofia, teologia, medicina e direito civil. Muitos teólogos e professores de direito canônico alcançaram altos postos na Igreja e eram congratulados com adjetivos enaltecedores.

Tomás de Aquino, Alberto Magno e Boaventura foram cognominados: o angélico, o invencível, o seráfico, o universal e o sutil. A posição social e a respeitabilidade dos professores eram elevadas. Assim como a liberdade intelectual. Eles tinham o direito de ensinar aquilo que considerassem a verdade, o que chamamos de "liberdade acadêmica". Só existiam restrições no ensino de filosofia e de teologia por motivos óbvios - as primeiras universidades pertenciam ou eram administradas por católicos. Mas nas disciplinas de direito, medicina, gramática e matemática, os homens normalmente eram livres e se devotavam a estudar e procurar pela honestidade intelectual.

No Brasil de nenhuma memória, há intelectuais dizendo que a recessão mais longa de nossa história foi causada pelo atual governo e sua agenda neoliberal. Há ainda outra versão afirmando que a recessão foi causada pelo ex-ministro Joaquim Levy.

A desonestidade dos intelectuais

As duas teses são pura e completa mistificação porque o debate no país é marcado pela desonestidade intelectual. É inacreditável que alguém possa acreditar que a recessão não foi causada pela destruição da economia impulsionada por Dilma e pelo czar Mantega. Apesar do esforço de dezenas de economistas que previram esse fim trágico, a arrogância e o desespero de ganhar eleições fizeram dessa dupla verdadeiros "Neros" da economia. Atearam fogo em todas nossas reservas - financeiras e econômicas.

Os escombros da economia de FHC e Lula

A política econômica que vigorou no segundo mandato de FHC e nos dois mandatos de Lula consistia na combinação de três regimes: o de metas da inflação, o de câmbio flutuante e o de disciplina fiscal. O tripé não era um fim em si mesmo. Era um instrumento para manter a estabilidade de preços. O resultado todos conhecemos: além de inflação baixa, o Brasil dobrou a capacidade de investimento e crescimento.

O Brasil é um país que não perde a oportunidade de perder oportunidades

Crítica desse tripé, Dilma desde antes de assumir a presidência da República, vinha torpedeando a economia do país. Há necessidade de um livro-tijolão para enumerar os erros da economia implantada pela dupla Dilma-Mantega. Mas alguns números servem para reacender a memória dos desonestos intelectuais. As despesas do governo federal cresceram 51% acima da inflação, enquanto a receita avançou apenas 14%. A divida pública explodiu: saltou de R$1,7 trilhão para R$3,9 trilhões. O PIB encolheu mais de 7% entre 2015 e 2016. A renda de cada brasileiro recuou mais de 10%. O numero de desempregados aproximou-se dos 10 milhões no governo Dilma. O país perdeu o selo de bom pagador. Milhares de empresas quebraram.

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