Em Pauta

Setor da construção civil aguarda 2014 preocupado

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/10/2013 08:21
Setor da construção civil aguarda 2014 preocupado

Indicadores contraditórios...

Os indicadores de mercado estão emitindo sinais contraditórios. Para a área imobiliária, os recursos da poupança devem crescer 15% no ano, formando uma carteira de crédito de R$ 350 bilhões, mas o desempenho do mercado é diferente nas maiores capitais do país. Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro apresentam vendas aquecidas e lançamentos de novos imóveis, as outras nove cidades registram quedas nos lançamentos e, dentre elas sete estão com recuo nas vendas.

Para a área que depende de recursos federais, o quadro é de repetição quando comparado ao ano anterior: O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Trânsito) investiu 23% de seu orçamento de R$ 13,5 bilhões. A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) investiu 30,7% dos recursos programados para este ano e as Companhias Docas tão somente 10,3%.

No sentido oposto, as concessões à iniciativa privada de rodovias, portos, aeroportos e ferrovias, anunciadas em 2012, se concretizadas neste ano, prometem gerar investimentos de R$240 bilhões nos seis anos seguintes. Os empreiteiros, que aguardavam estas notícias para trabalhar e faturar em 2013, adiaram a espera para 2014.

Crescimento haverá, mas há muita incerteza sobre o futuro...

Para este ano, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) projetava 4% de crescimento para a indústria da construção. A previsão caiu pela metade, estava em 2% no mês de agosto. Existem indícios de desaceleração das atividades desse setor. O consumo de vergalhão caiu em relação ao ano passado. Se o setor fechar com crescimento de 2%, contudo, estará melhor que no ano de 2012, que encerrou em 1,4%. Ninguém é capaz de prever, todavia se existirão ou não novos projetos em quantidade suficiente para substituir as obras que serão concluídas nos próximos meses e, assim, manter o setor em atividade.

As incertezas mexem com o humor dos empresários brasileiros. A FGV, que desde 2010 faz um levantamento periódico do nível de confiança da construção civil, constatou um pessimismo recorde em agosto.

Demanda insuficiente, aumento de custos da matéria-prima e da mão-de-obra são as principais preocupações dos 685 empresários no Brasil pesquisados.

Por outro lado, o grande déficit habitacional existente no país dá novas esperanças ao setor. O Centro-Oeste tem o menor déficit, com 417 mil famílias necessitando da casa própria e o Mato Grosso do Sul é um dos Estados que tem poucas famílias aguardando a casa, em torno de 76 mil. Enquanto o Sudeste necessita de 2 milhões de casas e o Nordeste de 1,9 milhão..

“Pibinho”, inflação alta e desindustrialização – a economia brasileira está enferma...

Temos uma tecnologia atrasada, baixa produtividade, a escala reduzida e falta especialização são características da maioria de nossas empresas. Este é o resultado do isolamento econômico que o país se impôs em relação ao comércio internacional com exportações de apenas 12,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Menos que 1,3% do total mundial no ano passado. Estamos atados à letargia do Mercosul, enquanto acordos de preferência comercial proliferam mundo afora.

De acordo com o World Factbook da Central Intelligence Agency dos EUA, em termos do valor de exportações das mercadorias em 2012, o Brasil ocupou a baixíssima posição de 25ª no mundo. Apesar do nosso PIB ter sido o 7º maior do mundo. Trata-se de uma anomalia, pois a Comunidade Europeia ocupou o 1º lugar, tanto no PIB como na exportação. Os EUA ocuparam o 2º lugar no PIB e o 3º em exportação. A China ocupou o 3º lugar em PIB e o 2º em exportação. Ou seja, todos os países ricos são simultaneamente grandes exportadores. Somente o Brasil e a Índia, países historicamente pobres transitando a duras penas para a classe média, tiveram baixas exportações.

Valores desanimadores...

Quadro igualmente desalentador, do ponto de vista da integração brasileira no comércio mundial, revela-se quando olhamos os valores das importações. Nas estatísticas do Banco Mundial, a parcela das importações de bens e serviços no PIB brasileiro é de apenas 13%, o menor valor entre os 176 países pesquisados

A conclusão é que vivemos em um dos países mais fechados ao comércio exterior. Isto é um paradoxo,porque, ao mesmo tempo, somos um mercado muito atraente para o investimento direto das multinacionais. O Brasil ocupa a 4ª posição no ranking de destinos preferenciais do investimento estrangeiro direto, ficando atrás apenas dos EUA, China e Hong Kong.

Um Mundo de Pibinhos!

Eis a evolução, em alguns países, do PIB no segundo trimestre de 2013, ante igual período de 2012:

Enquanto o Marfrig faz água, a JBS cresce...

O Marfrig, na tentativa de estancar as perdas financeiras e de credibilidade, vendeu uma parcela importante de seus ativos, todos os que estavam sob o guarda-chuva da Seara. Quem adquiriu a Seara foi o grupo JBS. Da união JBS e Seara surge uma nova empresa, a JBS Foods. A Seara deixará de ser uma empresa e será apenas uma marca. A expectativa da nova JBS, que inclui as operações com frangos, suínos, perus e margarinas, é de ter R$ 12 bilhões de faturamento. Metade nas exportações e a outra metade em vendas nacionais.

Com esse aporte de R$12 bilhões, o faturamento total da JBS passará à casa dos R$100 bilhões. A JBS Foods terá 37 unidades, sendo 31 vindas da Seara e as demais, próprias ou arrendadas da Doux Frangosul. Com a aquisição da Seara, a JBS terá mais 45 mil funcionários, elevando o total para 185 mil pessoas em todo o mundo. A JBS Foods terá 20 marcas. Entre as mais importantes estão a Seara, Frangosul , Rezende, Le Bom, Doriana, Fiesta e Pena Branca.

Deputados ouvem esclarecimentos sobre fusão Bertin e JBSFriboi!

Os deputados federais que integram a Subcomissão Permanente de Combate à Cartelização do Agronegócio no Brasil, da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, ouvem amanhã o conselheiro do Grupo Bertin, Reinaldo Bertin, sobre o processo de aquisição do frigorífico Bertin pelo grupo JBSFriboi. A oitiva, que acontece em audiência pública na Câmara dos Deputados, vista a prestar esclarecimentos sobre matéria publicada em junho deste ano pela revista Época Negócios em que são feitas acusações contra a família Bertin. Conforme a publicação, família Bertin corria o risco de perder em torno de R$ 2,5 bilhões do patrimônio se não conseguisse provar, na justiça, que era vítima de uma fraude envolvendo a sua participação no frigorífico JBSFriboi.

No suposto golpe haveria o desvio de aproximadamente 66% das cotas do fundo Bertin-FIP, por meio do qual a família tem participação no JBS, desde 2009, em sociedade com a família Batista. As cotas foram transferidas em 2010 para a Blessed, empresa com sede em Delaware (EUA). A família Bertin alegou, por meio de advogados, que foi enganada e que os integrantes não tinham autorização para proceder a operação e que os documentos que comprovam a transação foram falsificados. A falsificação foi averiguada pelo Instituto Del Picchia, de São Paulo. Diante do impasse, os deputados republicanos Giacobo (PR) e Bernardo Santana de Vasconcellos (MG) pediram a audiência para que o tema fosse discutido de forma aprofundada.

Grupo Pão de Açúcar vai pagar indenização amarga...

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas deu provimento ao recurso do Ministério Público do Trabalho decidiu que a Companhia Brasileira de Distribuição – o Grupo Pão de Açúcar – terá que pagar R$ 400 mil em danos morais a funcionários por conta da jornada de trabalho. A decisão, que saiu há uma semana, contempla denúncia em loja do Hipermercado Extra da cidade de Araraquara, no interior de São Paulo. Em 2011, o grupo foi processado pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), que chegou propor um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para solucionar a questão, mas a empresa não aceitou. Além disso, está em tramitação uma ação civil pública que pede adequação imediata de todas as irregularidades trabalhistas que foram observadas durante o inquérito civil. O pedido de indenização inicial era de R$ 2 milhões, mas o valor foi reduzido a R$ 200 mil. O MPT recorreu da decisão e a justiça aumentou para R$ 400 mil, com multa diária de R$ 1 milhão para o caso de descumprimento.

GTA V – brincadeira valiosa!

Confiança! É esta a palavra que melhor traduz o trabalho da Rockstar, responsável pelo badalado game GTA (Grand Theft Auto), cuja quinta versão foi lançada há um mês. Somente na pré-venda, 2,5 milhões em cópias foram vendidas. Poucos dias após chegar ao mercado já havia arrecadado US$ 1 bilhão. São os frutos do investimento de US$ 265 milhões. A quantia é assombrosa por trata-se de um jogo e supera o orçamento de filmes como Avatar, A Origem, Vingadores e Harry Potter. Na nova versão, o jogador tem acesso a simulações como customizar carros, treinar cães e ganhar dinheiro on-line. Até aí, tudo bem. Quem já experimentou sabe que poderá “roubar” aviões, jatos e tanques de guerra ou, ainda, montar uma gangue. Para os aficionados por jogos, a Rockstar mantém uma rede social própria que pode ser acessada no seguinte endereço: https://socialclub.rockstargames.com/signup

Twitter – muito dinheiro virtual!

Sabe o Twitter? Então, está trabalhando para captar US$ 1 bilhão (R$ 2,2 bilhões) após lançar oferta pública inicial de ações na bolsa de valores americana. É a maior oferta de uma empresa de tecnologia desde que Facebook entrou no mercado ações, em maio de 2012. Já são sete anos de Twitter e o valor estimado do site chega a US$ 10 bilhões. Ainda que conte com 218 milhões de usuários ao mês, a empresa ainda não faz dinheiro. Isso, contudo, é uma questão de tempo. O primeiro semestre deste ano é prova disso. Segundo agências reguladoras dos Estados Unidos, o Twitter teve prejuízo de US$ 69 milhões nos primeiros seis meses do ano 2013, diante de uma receita de US$ 254 milhões. Para analistas a companhia está mostra sinais sólidos de crescimento, com a receita passando de US$ 28 milhões em 2010 para US$ 317 até o fim de 2012. Hoje, 85% da receita é obtida em publicidade e a expectativa é de faturamento dobrado até o fim do ano.

Você mente! Quando se trata de dinheiro poucos escapam!

Baltimore (EUA), uma empresa de investimentos, a T.Rowe Price, acaba de realizar uma pesquisa: 77% dos pais disseram que nem sempre são honestos com seus filhos quando se trata de dinheiro. Outros 15% afirmaram que mentem pelo menos uma vez por semana para os filhos.

Na questão denominada “infidelidade financeira”, quase a metade dos pesquisados mente sobre finanças familiares para seu parceiro. Eles entendem que o dinheiro é uma coisa privada e as pessoas não tem obrigação de compartilhar todas as informações financeiras com qualquer membro da família. Nos EUA, mentir sobre finanças familiares não é esconder dinheiro e sim suprimir verdades sobre dívidas. Uma das mentiras sobre dinheiro mais comuns no quesito infidelidade financeira está a de esconder uma compra do cônjugue, alegando que foi feita em uma liquidação.

Outra mentira frequente é a dos pais dizerem a um filho que não tem dinheiro quando ele deseja comprar algo caro, 32% dos pais usam desse expediente. Quando se trata de dinheiro a mentira está presente.

Perguntar não ofende. Você sabe o que é hipoteca subprime?

Essa hipoteca foi a grande responsável pela crise financeira mundial iniciada em 2008. Uma ideia “brilhante” – os bancos davam empréstimo para quem não tem condições de pagar e, depois, ainda davam um novo empréstimo para pagar o primeiro. Genial!

Os bancos brasileiros são muito seguros. Isto é, sempre levam vantagem. Você ao comprar R$ 100mil de um banco, pagará acima do dobro, mais de R$200 mil e ainda terá de pagar um seguro para o caso de você falecer e não pagar o banco. Esse seguro é tão mais caro quanto maior for a tua idade. A saída é comprar o dinheiro em nome de teus filhos.

Não se espante com a afirmativa: ”comprar dinheiro”. O dinheiro tem sua face de mercadoria e é vendido pelos bancos ou agiotas. O apelido é empréstimo bancário.

A empresa é um ser vivo?

Até 3000 antes de Cristo, não existem registros de indivíduos criando negócios e enriquecendo pela criatividade ou esforço. A humanidade produzia pouco e pouco havia para negociar. Os pequenos comerciantes ganhavam apenas o suficiente para continuarem vivos.

Tudo começa a mudar na Mesopotâmia (região que tem parte das terras do Iraque, Turquia e Armênia). Surgem Ur e Uruk, as primeiras cidades e os governantes dessa fértil região percebem que poderia existir uma maneira de a sociedade produzir mais e gerar mais impostos – surgia a empresa privada.

Os primeiros empresários eram comerciantes que prestavam aos governantes vários serviços, o mais importante era a organização de caravanas. Ao longo de milênios, a empresa evoluiu graças a criações como o marketing, terceirização, a linha de produção criada por Ford e seu sucedâneo – o Toyotismo. Outras evoluções importantes foram a criação do executivo e o balanço – o mercador e cientista Benedikt Kotruljevió escreveu os fundamentos da contabilidade moderna em 1458.

Empresa alimenta-se de capital de risco!

Ainda em evolução, a empresa lembra um ser vivo: alimenta-se de capital de risco e com emissões de ações. Casa-se por fusão e aquisição. Reproduz-se por meio das subsidiárias.

Pode começar a vida com muitas promessas como uma star tup e falecer com uma falência.

Existem as acomodadas – as estatais. Outras tornam-se gigantes ameaçadores – as multinacionais. Podem desenvolver manias ruins, como falar a linguagem ridícula do consultês. Pode prejudicar a sociedade com as reservas de mercado. Exigir de seus funcionários metas inatingíveis. Jogar sujo com o dumping. O melhor, contudo, podem ser idealistas como provam os negócios sociais.

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