Em Pauta

Ser herói ou não? Como reagimos as injustiças na rua

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/07/2019 06:35
Ser herói ou não? Como reagimos as injustiças na rua

É digna de análise a representação do herói anônimo nos meios de comunicação. A mídia quase sempre acompanha a tragédia ou a má sorte. Os casos mais comuns são dos heróis anônimos que defendem idosos assaltados. Um dos mais rumorosos casos, que a mídia internacional vem dando destaque, é o do espanhol Borja W.V.. Ele presenciou como dois delinquentes roubaram e golpearam uma mulher idosa. Borja a ajudou. Também conseguiu correr atrás de um dos ladrões para recuperar a bolsa da senhora. Deu-lhe um murro e o jogou no chão. A má sorte fez com que o ladrão batesse a cabeça e entrasse em coma. Dois dias depois, morria. Borja foi condenado, celeremente, a dois anos de prisão e a pagar uma multa milionária.

Como a imprensa trata esse tipo de caso?

É comum o aparecimento de heróis de rua na imprensa. Como também é comum um tipo de tratamento com moral obscura. Parece dizer que é melhor não meter-se nos casos de agressão a idosos, mulheres e crianças. Vimos há poucos dias um policial matar um bioquímico em Dourados durante uma sessão de cinema. Ninguém interferiu no caso. Ninguém tentou proteger o agredido, nenhum herói apareceu. A imprensa ficou em dúvida sobre como tratar o caso. Frequentemente, presenciamos agressões de um marido em sua esposa. Tendemos a não interferir. Todavia, ficar quieto tampouco parece uma opção correta perante a opinião pública.

O papel das habilidades físicas.

O que faz com que alguns cidadãos hajam como meros espectadores ante situações desse tipo? Por um lado, a desconfiança em seus próprios recursos para interferir em favor do agredido. Só é mais fácil intervir para aqueles que têm habilidades físicas, sabem exatamente o que fazer. Os riscos já estão previamente sopesados e assumidos. Se há dúvidas a respeito dos riscos, o normal é não intervir. Em outros casos, há pessoas que presenciam abusos ou violência e ficam paralisados. Não sabem o que fazer.
Também existe uma teoria para explicar como uma multidão presencia as violências nas ruas. É o fenômeno do "contágio social". Quanto mais pessoas estejam vendo a situação sem fazer nada, menor a possibilidade de que alguém se anime a intervir. Especialmente em situações de risco.

O que diz a polícia.

Segundo a polícia, os atos heroicos não são os mais indicados. "O único conselho que podemos dar é que quando vejamos um ato desagradável ou delitivo mantenhamos a calma e chamemos as autoridades", diz um comandante da polícia militar. Há algum protocolo a respeito? "Não há um protocolo específico, eles só existem para os policiais", garante a mesma fonte policial.
Portanto, ainda que seja moralmente aconselhável interferir em casos de violência nas ruas, as autoridades pedem que as informem e deixem que tomem as rédeas da situação. Pode ser. Mas como ficam os Borjas do mundo?

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