Em Pauta

Precisamos falar da insegurança

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/07/2017 07:11
Precisamos falar da insegurança

Oito em cada dez brasileiros concorda com a frase "a obediência e o respeito à autoridade são as principais virtudes que devemos ensinar às nossas crianças". Quase sete defendem que "o que este país necessita, principalmente, antes de leis ou planos políticos, é de alguns líderes valentes, incansáveis e dedicados em quem o povo possa depositar a sua fé".

Os que consideram que a "a maioria dos problemas estaria resolvida se fosse possível livrar-nos das pessoas imorais, dos marginais e dos pervertidos" são 60%. Os dados, obtidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, através de uma longa pesquisa realizada pelo Datafolha, evidenciam o clima de insegurança que nos meteram. Não é simples, a população conecta a falta de educação com a política e com o deficiente combate aos marginais. Muita raiva surgirá, mas o fato, no momento, é que a população está cansada de maus e fracos governantes, deseja um homem que "salve a pátria". Todos sabemos que quem deseja vestir esse manto de salvador da pátria é Bolsonaro. Ainda não conseguiu, mas vem colocando, peça a peça, as roupas necessárias para tal intento. "É melhor Jair se acostumando", dizem as camisetas que fazem a propaganda de Bolsonaro. É melhor mesmo.

Dos escombros da "Operazione Mani Pulite", na Itália, emergiu Silvio Berlusconi. O brasileiro pré-candidato pode ser um bufão como o italiano, mas não é um "banana" como a quase totalidade dos políticos.

O Centro-Oeste é a região onde o clima de insegurança é maior

Ao contrário do que os índices de violência permitem entrever, a sensação de insegurança é maior na Região Centro-Oeste. A pesquisa do Datafolha, preparatória para a próxima reunião do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que 45% da população do Centro-Oeste afirma que "a violência é mais presente". O segundo lugar fica com o Sudeste, onde essa taxa é de 38% da população. Nada menos de 33% dos nordestinos "sentem" a insegurança. Taxa bem menor sentida pelos sulistas - 27%.

Não há contradição entre os dados de violência e homicídios obtidos no Mapa da Violência e a sensação de insegurança obtida pelo Datafolha. O Mapa da Violência mostra que os maiores índices de homicídio ocorrem no nordeste, onde a sensação de insegurança é inferior a que sentimos. Já o Centro-Oeste detêm os menores índices de violência e homicídios e sente um pesado clima de insegurança. Os governantes do Centro-Oeste não sabem se comunicar ou não têm credibilidade. Deixam a população imaginar que vivemos no pior dos mundos (esse sentimento só é consoante nas fronteiras dos Estados do Centro-Oeste).

Mais armas, mais mortes

A pesquisa do Datafolha joga por terra as pretensões dos que desejam a liberação ampla, geral e irrestrita das armas. Um elevadíssimo percentual de 78% da polução acredita que que, "quanto mais armas em circulação, mais mortes teremos no país". Também demonstra que todos os entes federativos deveriam se unir para garantir a segurança: 91% dizem que a responsabilidade é das polícias militar e civil, 90% afirmam que é da polícia federal e 88% pensa que a responsabilidade é da polícia rodoviária. Não há dúvida: todas elas são responsáveis, os índices refletem carga igual a todas. Todavia, o pior número está na percepção de que o nível de homicídios no país é alto ou muito alto, 94% da população está aterrorizada pelas mortes que não cessam. O Brasil detêm a marca de 32 assassinatos por 100 mil habitantes, ocupando a posição de numero onze entre todos os países do mundo.

O maior debate sobre segurança ocorrerá em São Paulo

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública será realizado entre os dias 17 e 19 de julho em São Paulo. As inscrições estão encerradas. Seus membros discutirão a "Redução de Homicídios", como tema principal e as "Prisões e Crime Organizado" . O tema geral será "Reforma e Modernização das Instituições Policiais" e reunirá pesquisadores brasileiros e norte-americanos, representantes da sociedade civil, policiais e membros do sistema de justiça criminal. O evento contará ainda com atividades sobre novas tecnologias no combate ao crime, sistemas de informação e inteligência, dentre outros.

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